terça-feira, 30 de março de 2010

Mitos - Os Deuses Não Estão Mortos

"Eu vos rogo, ó cretenses, vinde ao templo:
ao redor há um bosque de macieiras,
e dos altares sempre se levantam odor do incenso.

Aqui a água fria rumoreja calma,
em meio aos ramos; cobre este lugar
uma sombra de rosas; cai o sono
das folhas trêmulas.

Aqui num campo onde os cavalos pastam
desabrocham as flores do carvalho
e os anetos exalam seu aroma
igual ao mel.

Apanhando grinaldas, vem, ó Cípris,
e dá-me um pouco desse claro néctar
que tão graciosa serves para a festa,em taças de ouro "
( Safo de Lebos , poetisa grega)


Quem acompanha meu blog, ja deve ter notado que sempre ilustro meus assuntos com algum mito ou lenda. Sou fascinada pelas diversas mitologias- grega, romana, nórdica, celta, egípcia- e sempre encontro nelas algum ensinamento. Afinal elas vem de um tempo longínquo, enraizadas nas civilizações antigas, e eram fonte de aprendizagem e sabedoria para aqueles povos.

O termo “mito” é usado, muitas vezes, para denominar crenças comuns, ou se referir à alguma simbologia de determinada cultura.

Segundo a Wikipedia, Mito é uma narrativa tradicional com caráter explicativo e/ou simbólico, profundamente relacionado com uma dada cultura ou religião.
Através do Mito, tenta-se explicar fatos da vida, fenômenos naturais, a origem do mundo e do homem . Nele, deuses e semi-deuses assemelham-se aos humanos, carregando os mesmos instintos e sentimentos, como um arquétipo da natureza humana. Muitas vezes, deuses e semi-deuses são arquétipos da própria Natureza e sua grande força.
Entende-se arqúetipo como um modelo primordial, ou, segundo a concepção de Platão, arquétipos são modelos (no mundo das idéias) de todas as coisas existentes, materiais ou não.

Existem, no curso da História, várias mitologias, cada qual pertencendo a determinada cultura, com suas tradições e deuses distintos.
Arrisco a afirmar que, entre todas, a Mitologia Grega é a mais conhecida na nossa civilização. Nela, a maioria do deuses foram associados a algum aspecto da vida humana, e aqui cito alguns :
Apolo- deus da luz, sol, da profecia e da verdade
Afrodite – deusa do amor e da beleza
Ares – deus da guerra
Demeter- deusa das colheitasDionisio-deus do vinho e da fertilidade
Hera-deusa protetora do casamento e das mulheres casadasHades- deus da morteHermes --deus mensageiro dos mortaisPoseidon-deus do mar e dos terremotosAtena- deusa da sabedoria
Zeus- rei dos deuses e dos homens, o governante do Olimpo
Os templos gregos eram lugares onde se cultuavam especificamente alguns deuses, e se faziam os oráculos- predições do futuro ou pedido de ajuda aos deuses para a solução de problemas fisicos ou da alma, através de sacerdotes ou sacerdotisas.
Assim, o templo de Zeus era frequentado para fins divinatórios, o santuário de Asclepios, era procurado para conselhos terapêuticos, e o templo de Apolo- e aqui cito o importante santuario oracular de Delfos- era reservado as questões proféticas, orientações e conselhos.








Delfos foi o mais importante centro religioso da Grecia antiga e neste templo se encontrava a famosa inscrição “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo”. A frase “Conhece-te a ti mesmo” foi o lema de Sócrates, cuja missão foi predita por uma pítia ( sacerdotisa de Delfos), que afirmou ser ele o homem mais sábio entre todos de Atenas.Voltando ao Mito, este é uma representação coletiva do mundo e da humanidade, que chega até nós depois de ter passado por várias gerações, como uma tradição de ensinamentos para a vida prática, e não surpreende ser tão estudado pelas ciências não exatas, pois ajuda a entender as relações humanas, assim como os estados da alma. E por tal feito, não pode ser lógico, ao contrário, muitas vezes nos relata o ilógico e o irreal, cabendo a nós a tarefa de interpretá-lo ou decifrá-lo.
Carl G. Jung, psiquiatra e psicólogo suiço, explorou os Mitos na sua psicologia analítica, assim como uma vasta gama de símbolos, para a compreensão da psique humana.
Posso dizer que, como pesquisadora e curiosa desse assunto, me reconheço como uma mistura de mitos, seja nas minhas artimanhas herdadas de Afrodite , seja no meu lado sábio de Atena. Apresento algumas facetas da selvagem Diana, e tenho meus momentos da ciumenta Hera. Ainda sobra espaço para viver o lado sombrio de Hades nos meus dias de trevas, assim como encarno a alegria festiva de Dionísio nos meus melhores dias.
São muitos deuses (e arquétipos) mesclados numa mesma pessoa, e assim como se mesclam em mim, se mesclam em cada homem e mulher. Os deuses vivem em nós, em nossas nuances , em nossos repertórios e cada ser humano é o Olimpo vivo e atuante. Tomar conhecimento desse fato é ter o poder mágico de ler a vida e as pessoas nas entrelinhas. Decifremo
-nos!


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