quinta-feira, 28 de abril de 2011

Ritmos da Natureza e Panna Cotta


Regressando à minha casa em Michigan há duas semanas, em plena  primavera, percebi que o inverno foi mais longo esse ano. Encontrei uma Natureza ainda bocejando, ainda ensaiando as folhas verdes e sem flores,  e até com a neve relutante em ir embora. Ano passado, nessa mesma época, eu já tinha as minhas tulipas abertas e arbustos floridos no meu jardim.

Ontem, porém, ao passar pelo jardim, notei que os botões das flores haviam surgido, anunciando que logo mais terei uma festa de cores ao redor da casa. E dessa forma observo mais um ciclo da Natureza se completando, e, simultaneamente, dando início à outro, na eterna ciranda das estações do ano.

A Natureza tem ritmos cíclicos que  nos influenciam, aceitemos o fato ou não. As forças atuantes que se manifestam nas mudanças de clima, vegetação, marés e mesmo na rotação de planetas e estrelas, manifestam-se também em nós. Os povos antigos tinham um grande conhecimento dessas influências e guiavam-se pelos rítmos da Natureza, aprendendo com ela sobre a Vida, sobre o visível e o invisível. Esse conhecimento gerava uma comunhão profunda com as forças naturais, e consequentemente, desenvolvia-se um  belo sentimento de religiosidade pela Natureza. As celebrações dos solstícios e equinócios, pelos povos antigos, vinham da noção de que esses rítmos cíclicos eram sagrados e essenciais à vida.













No mundo atual de alta tecnologia e auto suficiência, nos convencemos de que somos seres independentes da Natureza. Na nossa cultura contemporânea, o tema das influências de fenômenos naturais sobre nós é associado às consequências nefastas ligadas a enchentes, nevascas, tornados, terremotos, tsunames, tempestades...e a nossa imagem sobre a Mãe Natureza é a de uma senhora zangada e vingativa, da qual queremos distância. Nesse contexto, o caminho para uma sintonia com a Natureza é longo e difícil, muitas vezes utópico. Felizmente, começa a existir uma nova consciência sobre nossa ligação com a Terra e o resto do Universo, e graças à essa nova consciência, aos poucos, a humanidade volta a se conectar com suas origens.

Voltando aos ciclos e estações do ano, Primeiro de Maio ( daqui a dois dias) será Beltane ou May Day (em Portugal se diz Fitas de Maio, alusão ao mastro com fitas), tradição dos antigos celtas, que é a celebração da fertilidade da Natureza, em toda sua extensão e comemorada até hoje em vários países, principalmente na Europa. Beltane foi o tema da postagem Rainha de Maio e o Bolo de Aveia e nela escrevo com detalhes sobre essa celebração tão bonita.
Beltane é um nome emprestado das religiões pagãs para essa época do ano, já que a celebração, originada pelas mesmas, vem de tempos remotos e acontecem até os dias de hoje, adaptadas ou não.
É o momento de colocar coroa de flores  na porta de casa, anunciando a primavera ( muito comum aqui nos Estados Unidos ), arrumar o jardim, dar festas, dançar, fazer comidas especiais, fazer churrascos.
Além do bolo de aveia, já mencionado em outra postagem, os pratos tradicionais dessa data são a base de leite ou derivados, frutas frescas, especialmente as frutas vermelhas, saladas.

Note-se, contudo, que para celebrar os ciclos da Natureza não é preciso fazer ritos ou seguir alguma religião específica. Basta comemorar do modo que sempre comemoramos uma data especial, festejando com um impulso de dentro para fora, colocando nossa marca na celebração.
Resgatar símbolos e costumes que festejam o movimento cíclico de fenômenos da Natureza: os solstícios de verão e inverno e os eqüinócios da primavera e do outono, chega a ser terapêutico, uma vez que
nos colocamos em sintonia com um rítmo natural, e talvez seja esse um primeiro passo para compreendermos que a vida segue num certo compasso e que tudo tem seu momento.

Para ilustrar o tema , apelando para o sentido do paladar, publico essa receita de sabor delicado, que é a Panna Cotta, sobremesa de origem italiana.

Panna Cotta com Calda de Frutas Vermelhas

Ingredientes para a Panna Cotta
-2  pacotes de 12 gr de gelatina em pó sem sabor *
-4 colheres (sopa) de água fria
-11/2 xícara (chá)  de leite integral **
-11/2 xícara (chá)  de creme de leite fresco **
-1/2 xícara (chá) de açúcar
-1 colher (chá) de baunilha

* 12 gr de gelatina é suficiente para 1/2 litro de líquido
** essa medida deve equivaler a 375 ml

Unte uma forma para manjar ou gelatina com margarina e reserve.
Numa panela pequena amoleça a gelatina em pó na água e aguarde 3 minutos, em seguida leve ao fogo baixo para dissolver, mas não deixe ferver. Tire do fogo e reserve.
Numa panela maior misture o leite, o açúcar e a baunilha e leve ao fogo médio. Adicione o creme de leite, e mexendo sempre, deixe aquecer bem a mistura, mas NÃO deixe ferver. Junte a gelatina dissolvida ao líquido aquecido e mexa bem.  Coloque a mistura na forma untada para manjar e cubra com filme plástico. Se a forma for do tipo Mágica da Tupperware, cubra com a própria tampa. Leve à gelar por cerca de 4 horas antes de servir. Desenforme.

Calda de Frutas Vermelhas
- 1 xícara (chá) de framboesas
-1 xícara (chá) de amoras
-1/2 xícara (chá) de açúcar
-1/4 xícara (chá) de água
- suco de 1/2 limão

Numa panela pequena, misture todos os ingredientes e leve ao fogo medio, mexendo até ferver. Retire imediatamente do fogo e deixe esfriar. Leve à geladeira e sirva sobre a Panna Cotta.




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