quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Halloween ou Dia das Bruxas



Cheguei no Brasil em pleno outubro, deixando para trás, nos EUA, as cores do outono, as folhas caindo e o friozinho anunciando que o inverno está muito próximo. Aqui encontrei a primavera com profusão de flores, nessa terra de eterna vegetação verde e abundância de luz o ano todo. E muito calor com chuvas torrenciais, atípicos para a época, já que a Mãe Natureza anda atordoada com a falta de respeito de seus filhos.


Mas para minha surpresa, tenho visto também decorações para o Halloween em algumas vitrines, escolas (principalmente nas de Inglês ) e até mesmo residências. Sim, o Dia das Bruxas começa timidamente a ser celebrado aqui no Brasil, e inicialmente constava apenas no calendário das escolas de Inglês, com o objetivo de mostrar esse aspecto da cultura americana.

Por não pertencer às nossas tradições, nem ao folclore brasileiro, o Dia das Bruxas provoca muita polêmica entre os nacionalistas e defensores da cultura brasileira, chegando a ser criado o Dia do Saci para a mesma data ( 31 de outubro).

O Halloween surgiu com os Celtas, na Irlanda, há mais de 2500 anos, quando era comemorado o Samhain, festival realizado entre 30 de outubro e 2 de novembro, marcando o final do ano celta em honra ao deus pagão Samhan ( guardião dos mortos, que conduzia as almas à Terra do Verão- equivalente ao Paraiso) e início do Ano Novo, e também, o fim do verão e início do inverno. Os celtas acreditavam que momentos de mudanças tinham propriedades mágicas , e que no Samhain, portanto,todas as relações de tempo e espaço ficavam suspensas,e o mundo dos vivos ficava mais próximo do mundo dos mortos. Desta forma, os espíritos desencarnados podiam retornar ao mundo dos vivos e se apossarem dos corpos. Então , as pessoas se vestiam com fantasias fantasmagóricas , e apagavam as tochas, para deixar o ambiente desagradável para os espíritos desencarnados, com o objetivo de espantá-los. O costume de cavar caretas em nabos ocos e colocar velas dentro ( Jack O' Lanterns ou Lanternas do Jack ) , fazia parte da tradição numa época posterior.

A expressão Halloween tem origem na contração errônea da expressão inglesa All Hallows Eve (que significa Dia de Todos os Santos). Esta data foi instituída pelo Papa Bonifácio IV, e era celebrada no dia 13 de maio. Porém, em 835 o Papa Gregório III alterou o Dia de Todos os Santos para o primeiro dia de novembro. Sua intenção era unir as crenças cristãs e pagãs, aproximando as datas comemorativas. Outro objetivo do Papa era apaziguar os conflitos entre esses povos no noroeste europeu. Assim, os cristãos celebravam o dia dos santos falecidos no dia seguinte ao rito pagão do Guardião dos Mortos. Desta forma, a expressão Halloween tornou-se sinônimo da celebração pagã de 31 de outubro.

Com a imigração irlandesa para os Estados Unidos , o Halloween foi altamente incorporado à cultura americana, sofrendo algumas alterações. As velas em nabos ( Jack O' Lanterns ) foram substituídas pelas velas em abóboras, cavadas em desenhos de caretas, morcegos, gatos, aranhas, monstros, etc. As casas são enfeitadas por essas abóboras, assim como por motivos de bruxas, fantasmas, teias de aranhas, morcegos, gatos pretos, esqueletos e tudo mais que lembre terror ou o sobrenatural.

As crianças se fantasiam de bruxas, fantasmas, monstros, etc e saem de porta em porta pedindo guloseimas, com a famosa frase "Trick or Treat" ( travessuras ou gostosuras ) e ao final da noite conferem , muito alegres, os doces recebidos nas suas andanças.
E os adultos têm na data um pretexto para reunir os amigos para mais uma festa, vestindo cada qual sua fantasia e colocando assim, sua criatividade para fora.

Abóbora Translúcida


1 moranga ou abóbora redonda

1 folha com desenho de morcego ou aranha

1 prego ou parafuso fino

1 faca pequena de ponta não muito afiada

alfinetes de costureira

1 colher

1 faca própria para cortar a base da abóbora


Faça um buraco largo na base da abóbora, com uma faca, com cuidado. Retire as sementes com o auxílio de uma colher, deixando-a oca. O buraco precisa ser do tamanho de um pires ou pouco maior.Faça outro buraco no lado oposto ao desenho ( para que o ar entre e mantenha a vela ascesa). Se for cavar de forma que o desenho fique todo vasado, não é preciso abrir o outro buraco.

Prenda com alfinetes a folha de desenho na superfície da abóbora. Com um prego ou parafuso , perfure todo o contorno do desenho sobre a superfície da abóbora. Depois do contorno perfurado, retire o papel e visualize o desenho na superficie. Comece raspando a ponta da faca na casca da abóbora, do contorno para o centro do desenho, como se estivesse colorindo o mesmo com um lápis . Vá, dessa maneira, desgantando a superficie da abóbora ,com cuidado para não perfurar, até ficar uma pele fina, translúcida.
Caso não deseje o efeito translúcido, pode-se, ao invés de desgastar a superfície, simplesmente cortar a abóbora ao redor do desenho e deixá-lo vazado.

Ascenda uma vela potente e curta sobre um pires e coloque a abóbora por cima, via base.

Se desejar, substitua a vela por uma lâmpada com soquete e fio.



sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Sobre Aroma, Emoção e Memória



Nesta postagem, ao invés de escrever sobre a minha relação com o mundo através de meus sentidos, transcrevo um trecho de um clássico da literatura francesa, que retrata uma experiência pela qual todos passam vida afora.

"Subitamente, a lembrança apareceu para mim. O gosto era aquele da pequena porção de "madeleine" que no domingo de manhã, em Combray, quando eu ia lhe dizer bom dia no seu quarto, minha tia Léonie me oferecia, após tê-la mergulhado no seu chá. A mera visão da pequena "madeleine" não me havia proporcionado lembrança alguma antes que eu a tivesse provado... Mas quando de um passado antigo nada subsiste, depois da morte dos seres, após a destruição das coisas, sós, mais tênues - contudo mais vivazes, mais imateriais, mais persistentes, mais fiéis, o odor e o sabor persistem ainda muito tempo, como almas, a se recordar, a esperar, a almejar, sobre a ruína de todo o resto, a portar sem se dobrar, sobre sua gotícula quase impalpável, o edifício imenso da recordação". Marcel Proust, trecho de Em Busca do Tempo Perdido.

Dou continuidade agora com a transcrição de um trecho de outro livro.

"Todos nós temos lembranças como as que narrada por Marcel Proust em Em Busca doTempo Perdido, o qual é levado de volta à infancia por pedaços de madeleine misturados ao chá. Para nós, canela lembra tortas de maçã, festas de fim de ano, aconchego da família, e amigos. O aroma de rosas nos remete a amores passados e presente; jasmim o explendor da primavera. O processo pelo qual o aroma se funde ao lugar e algo vivido é na realidade involuntário. Olfato é o único sentido que se conecta diretamente ao sistema límbico - o centro do sabor, da emoção e da memória. Essa conexão direta dá à essência seu poder sobre a emoção, e é por essa razão que se forma uma forte ligação entre o que cheira bem e o que tem gosto bom." -Minha tradução da trasncrição do trecho Regarding Aroma, Emotion, and Memory, capítulo do livro "Aroma "de Mandy Aftel e Daniel Patterson ( Artisam Publishing).

Algumas vezes acaba sendo mais simples transcrever um artigo que ilustra meu modo de pensar e sentir o mundo, do que tentar explicar com minhas palavras o mesmo conceito. O livro Aroma me encontrou por acaso, fazendo compras de supermercado, num dia comum qualquer. De uma bancada cheia de livros em promoção , ele ascenou com sua capa despretenciosa e me convidou a folheá-lo. Aceitei o convite e me deparei, então, com um livro de receitas nada convencional, escrito por um chef de cozinha e uma perfumista (profissional responsável por combinar diferentes cheiros, geralmente provenientes de óleos essenciais para criar perfumes ). Elaboraram o livro classificando ervas, temperos, especiarias, conforme se classifica os óleos essenciais, e baseado nessa classificação, criou-se receitas combinando esses grupos entre si, tal qual se faz na elaboração de perfumes. Exemplo:

Fragrância.........Ingrediente Aromático.........Receita

Floral ...........Camomila.........Bolo-Sufê de Camomila e Amêndoas
Cítrico...........Limão.............Patê de Atum com Vinagrete de Limão

Especiarias......Gengibre.......Camarão ao Molho de cogumelos e Gengibre


Mas como mensagem mais importante, fica o conceito de que olfato e paladar são sentidos que se interrelacionam e que sendo o olfato o sentido mais próximo das emoções, os aromas , além de nos transportarem no tempo via lembranças olfativas, são porta de entrada para novas imagens a serem impressas no nosso ser emocional.

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