quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Para Começar Bem o Ano Novo...




E o ano se acaba agora. Passeio pela cidade e vejo a vitrines numa profusão de roupas brancas, decoração com dourados e prateados, e muita expectativa para a o Ano Novo. O Reveillon é uma festa linda, com toda a animação e fogos à meia noite, as pessoas se desejando tudo de melhor uns para os outros, muitos abraços, beijos, e música.Pensando no fato de que nem todas as culturas celebram o nosso ano novo, fui em busca do Wikipedia , mais uma vez:

O Ano-Novo é um evento que acontece quando uma cultura celebra o fim de um ano e o começo do próximo. Todas as culturas que têm calendários anuais celebram o "Ano-Novo". A celebração do evento é também chamada réveillon, termo oriundo do verbo réveiller, que em portugues significa "despertar".

A comemoração ocidental tem origem num decreto do governador romano Júlio César, que fixou o 1 de janeiro como o Dia do Ano-Novo em 46 a.C. Os romanos dedicavam esse dia a Jano, o deus dos portões. O mês de Janeiro, deriva do nome de Jano, que tinha duas faces - uma voltada para frente e a outra para trás.



Considero a passagem de ano no Brasil a melhor festa de todas, e não existe igual em todo mundo, pois a comemoração independente de se estar num lugar simples ou luxuoso, em casa ou a passeio, numa cidadezinha do interior ou na capital, na praia ou no campo. A festa é de todos e para todos.
A tradição de se vestir de branco vem do candomblé, pois o branco predomina na vestimenta de seus praticantes, que, na noite de ano-novo, prestam homenagem a Iemanjá, a principal entidade feminina da religião. É um costume que ficou incorporado à boa parte da população, afinal, o clima de renovação e esperança não deixa de ter seu lado místico. Mas a maioria das pessoas vestem branco para simbolizar a paz e os bons fluidos para o novo ano que se inicia.


Ah! E existem as simpatias para se fazer na virada o ano, para atrair sorte . Cito algumas que conheço e outras que pesquisei na Internet:

Acredita-se que comer lentilha traz sorte, pois, como é um alimento que cresce, faz a pessoa crescer também;

Uma das simpatias mais comuns feitas no Ano Novo para atrair dinheiro é a da romã. Chupe sete sementes na noite de Réveillon, embrulhe todas num papel e guarde o pacotinho na carteira para ter dinheiro o ano inteiro;

O consumo de aves, como o peru e o frango, e o de caranguejo não é indicado na ceia de Ano Novo. Como esses animais ciscam ou andam para trás, acredita-se que quem comê-los regride na vida;

Guarde uma folha de louro na carteira durante o ano inteiro para ter sorte;

Coma três uvas à meia-noite, fazendo um pedido para cada uma delas;

Não passe a virada do ano de bolsos vazios para não continuar o ano inteiro com eles vazios;

Na primeira noite do ano, use lençóis limpos;

À meia-noite, para ter sorte no amor, cumprimente em primeiro lugar uma pessoa do sexo oposto;

Para as mulheres : Use calcinha nova de determinada cor, dependendo do que deseja: cor de rosa para atrair o amor, amarela para atrair riqueza, verde para a saúde, vermelha para a paixão e branca para a paz.



Simpatias à parte, acredito que qualquer renovação, seja qual for, não precise esperar pelo início de ano para acontecer, e o nosso poder de mudar o curso de nossa história pessoal e de mudar tudo ao redor, é maior do que qualquer magia. Embora o ritual de promessas e mudanças faça parte da virada do ano, elas podem acontecer em qualquer momento de nossas vidas. Para mim, esse poema do Carlos Durmmond de Andrade dá o recado direitinho.



RECEITA de ANO NOVO
(Carlos Drummond de Andrade)


Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.




SALADA DE LENTILHAS E MAÇÃ VERDE ( para atrair a sorte)

1 pacote (500gr) de lentilhas

2 litros de água

1 colher ( sopa) rasa de sal

1 pacote (200gr) de uvas passas brancas

2 maçãs verdes raladas ( não inclua a casca)

6 colheres (sopa) de azeite de oliva

6 colheres (sopa) de vinagre branco

1 cebola bem picada

1/2 xícara de hortelã picada

1/2 xícara (chá) de salsinha picada

1/2 xícara (chá) de cebolinha picada

suco de 1 limão

1 pitada de pimenta do reino

sal, se precisar corrigir

Numa panela grande ferva a água com 1 colher de sal. Com a fervura, coloque as lentilhas para cozinhar. Quando estiverem quase macias, adicione as uvas passas à água fervente e deixe cozinhar junto com as lentilhas , até o ponto de estarem " ao dente". Escorra a água e deixe esfriar bem.
Passe as duas maçãs no ralador grosso e misture imediatamente à lentilha, e em seguida junte a cebola picada, salsinha, cebolinha e hortelã, e tempere com o vinagre, o azeite, o limão a pimenta e o sal. Leve à geladeira.
Nota: Pode-se fazer a metade da receita.
FELIZ ANO NOVO!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Feito com Carinho


Venho dedicando muita atenção ao Natal, seja com os temas no meu blog, seja assando os biscoitos que dou de presente todos os anos para os que me cercam, seja na decoração da casa ou das lembrancinhas.
Embora apenas os cristãos comemorem o Natal, existe nessa época comemorações semelhantes pelo mundo, desde os primórdios do tempo, quando se aguarda a chegada da Luz, da Vida. Penso que o sentido é o mesmo para todos, apenas difere nos nomes e na simbologia. Prevalece o mesmo espírito para diferentes celebrações.

Com a proximidade do Natal, a maratona às lojas torna-se inevitável. A lista de presentes sempre é extensa, e o orçamento é inversamente proporcional a nossa ambição de consumo. O stress gerado pela fórmula "correria e consumo" acabam atropelando o espírito natalino, e todo o seu significado acaba por se perder em meio as peregrinações às lojas, extratos bancários, infindáveis confraternizações e amigos secretos. Sei que é utopia pensar que poderíamos mudar esse quadro, e considero que a parte mais gostosa da época do Natal é presentear as pessoas que amamos. Mas penso que dar alguma coisa com a nossa energia e carinho, com a nossa marca, é muito mais pessoal e chega até a ter um charme.

Eu me lembro sempre de uma amiga da família, a Clementina, mulher moderna e dinâmica que passava as horas vagas bordando em ponto cruz. Para ela, o ponto cruz era um excelente passatempo e, o ano transcorria entre fantásticos barrados de toalhas e guardanapos para o bingo de instituiçoes filantrópicas, o inesquecível enxoval para uma netinha, ou a maravilhosa bota de Natal para a lareira da casa. Tudo o que tia Cleme (como era chamada ) fazia, era disputado pela ala feminina da família e pelas amigas. No Natal, todas torciam para ser a amiga secreta da tia Cleme , ou quem sabe, ganhar um mimo extra feito por suas mãos. Já faz 10 anos que Clementina deixou o nosso convívio, mas sua marca ficou para sempre nas peças bordadas que ela nos presenteava.Cada pessoa tem sua especialidade, como as compotas da vovó, os bordados de uma tia, os pães da cunhada, ou as pinturas da prima. Por que não aproveitar nossos dons ?Uma idéia muito interessante é colocar os ingredientes secos de uma receita de cookies num pote de vidro, em camadas. E anexar o modo de preparo no pote. Aqui vai uma das receitas.







Cookies no Pote ( Cookies in a Jar)



Ingredientes para um pote de vidro grande ( com capacidade para 600 gr, pelo menos)

1 3/4 xícaras (chá) de farinha de trigo
1 colher (chá) de bicarbonato de sódio
1 colher (chá) de canela em pó
1/2 colher (chá) de sal
3/4 xícara (chá) de açúcar mascavo
1/2 xícara (chá) de açúcar branco
1/2 xícara de castanhas ligeiramente moidas
3/4 xícara de chocolate em gotas

Misture a farinha de trigo com o bicarbonato de sódio, o sal e a canela. Passe para o pote de vidro com a ajuda de um funil.

Em seguida, coloque o açúcar mascavo e pressione para baixo, apertando bem com os dedos ou com uma colher, tornando os níveis dos ingredientes mais compactos. Em seguida, complete com o açúcar branco, depois com as castanhas, pressionando novamente para baixo,e finalmente complete com as gotas de chocolate. Caso não sobre espaço para as gotas de chocolate, coloque as mesmas num saquinho de celofane, feche bem e anexe a trouxinha formada ao pote.

Junto ao presente, anexe o modo de fazer a cookie, descrevendo num pequeno cartão o seguinte:

" Bata 1/2 xícara de manteiga ou margarina amolecida com um ovo. Adicione a mistura do pote( com excessão das gotas de chocolate) e bata muito bem, até virar uma massa homogênea. Por último, adicione as gotas de chocolate, misture e coloque a massa em pequenas colheradas numa forma sem untar. Leve ao forno pré aquecido, médio alto, por uns 10 minutos, ou até dourar levemente.
Deixar esfriar os biscoitos, de preferência numa grade."
FELIZ NATAL!

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Alegria em Pedaços ( os Biscoitos de Santa Hildegarda)



Ainda sobre biscoitos de Natal, todos os anos faço a minha receita preferida para presentear os amigos. Trata-se dos Biscoitos da Alegria, ou Cookies of Joy , cuja receita é uma adaptação dos biscoitos que Santa Hildegarda de Bingen fazia há 900 anos, e foi escrita em seu tratado Physica: Liber Simplicis Medicinae ( Livro de Medicina Simples), por volta de 1157.Hildegarda de Bingen foi uma abadessa mística, teóloga, escritora de livros de medicina natural e compositora de música, que viveu no século 12. Era profunda conhecedora das propriedades medicinais das plantas, ervas e especiarias, e usava esse conhecimento para a cura de doenças físicas e anímicas.

Hildegarda dizia que a combinação das especiarias canela, cravo e noz moscada numa massa de biscoito, se consumida em intervalos regulares, aumentaria a sensação de alegria, bem estar e otimismo, ou seja, afastaria sintomas de depressão.

Quando primeiro testei essa receita, fui movida pela curiosidade . Queria provar o sabor de doce tão antigo, mesmo que adaptada; queria comprovar os efeitos na alma, afirmados pela abadessa. Nos meus testes culinários usei muito a farinha de espelta, no lugar da farinha de trigo, que confere à massa do biscoito um sabor mais delicado, e que originalmente a abadessa utilizava em suas receitas, afirmando que a espelta seria muito melhor metabolizada pelo organismo do que o trigo. Em tempo, a espelta é um cereal que se assemelha ao trigo, e que surgiu na Terra antes do mesmo.
Depois de testar e aprovar os biscoitos, esses passaram a ser incluídos nas minhas receitas especiais para a época de Natal, pelo fato de evocarem a alegria.
Sempre que posso, presenteio com esses biscoitos, e sempre explico o porque. Passou a ser a minha marca e a minha forma de desejar felicidade para todos, como se eu pudesse, assim, distribuir em pedaços de massa assada ,algumas doses de alegria.

BISCOITOS da ALEGRIA (Cookies of Joy)










1 barra de manteiga ou margarina de 100gr em temperatura ambiente

1 xícara de açúcar mascavo

1 ovo médio batido

2 xícaras ( chá) de farinha de trigo ou farinha de espelta

1 colher (chá) de fermento em pó

1/4 colher(chá) de sal

1 colher (chá) de canela em pó

1colher (chá) de noz moscada

1/2 colher(chá) de cravo em pó


Numa vasilha, misturar todos os ingredientes secos ( farinha, fermento , sal, canela, cravo e noz moscada ). À parte, bater a manteiga com o açúcar e em seguida adicionar o ovo batido. Formar uma mistura cremosa e homogênea. Acrescentar os ingredientes secos, misturar com os dedos até ficar uma massa que desgrude das mãos. Enrolar em filme plástico e levar à geladeira por 1 hora. Fazer bolinhas com a massa, achatá-las na espessura de 5 0u 6 milímetros e pressionar o cortador de biscoitos para dar forma. Ou pode-se abrir a massa entre duas folhas de filme plástico e usar o cortador.

Colocar os biscoitos em forma rasa untada com margarina e farinha de trigo, forrada com papel manteiga. Levar ao forno médio pré aquecido (180 c) por aproximadamente 10 minutos ou até que as bordas dos biscoitos comecem a dourar. Esfriar os biscoitos numa grade e depois de frios, enfeite cada um com glacê de açúcar. Rende entre 45 e 60 biscoitos, dependendo do tamanho cortado.

Glacê de Açúcar

1 xícara ( chá) de açúcar de confeiteiro ( Glaçúcar) bem cheia
suco de 1/2 limão pequeno
2 colheres ( sopa) de água

Juntar os ingredientes, mexendo até formar uma mistura grossa e homogênea.
Passar sobre os biscoitos com o auxílio de uma pequena espátula ou colher.

Regalos dos Reis Magos





"Nesse Natal, lembre-se de mim...", já dizia um antigo jingle de um comercial na TV. Sim, com a proximidade do Natal, presentear as pessoas é um ritual muito aguardado, uma forma especial de mostrar ao outro o nosso carinho.




Essa tradição perde-se no tempo, e vem de épocas remotas, com o aparecimento da agricultura, quando na celebração do solstício do Inverno, cada agricultor trocava suas especialidades alimentares com outros, garantindo variedade de alimentos armazenados para o inverno. Essa troca de comidas deu origem ao costume de troca de presentes, e era o motivo principal das festividades da época. Com o passar dos séculos, a variedade de presentes aumentou, incluindo outras coisas além da comida.


A vinda da era cristã deu novo significado ao costume, passando a simbolizar a entrega das oferendas ao menino Jesus, pelos tres Reis Magos.


Melquior, Baltazar e Gaspar não seriam reis, e sim sacerdotes da religião zoroástrica persa , que pregava a existência de um único Deus ( culto monoteísta do Sol Invictus), a luta entre o Bem e o Mal, prevalecendo sempre o Bem, e acima de tudo, acreditavam na vinda do Messias. Teriam vindo, não necessariamente em número de três, guiados por uma estrela, que acreditavam ser a indicação da vinda do esperado Messias. Essa religião abriu caminho para o Cristianismo.

Passou-se, então, a atribuir a origem da tradição de trocas de presentes na época natalina à visita desses Magos ao menino Jesus.
























O simbolismo dos presentes é a partilha e são dados às pessoas como expressão de laços afetivos. Originalmente eram confeccionados artesanalmente, impregnados de significado e energia próprios; então presentear com biscoitos, bolos e pães era uma tradição muito difundida. Trabalhos manuais como bordados, colchas,brinquedos de madeira, bonecas de pano, eram elaborados com antecedência e reservados às festividades natalinas.

Vive-se hoje em dia um consumismo muito grande, pois os presentes são, geralmente, comprados em grandes quantidades no comércio, depois de veiculados incessantemente pelas propagandas na TV, revistas , jornais e, ultimamente, pela Internet. Todo esse consumo acaba por extinguir com a noção de que presentear é oferecer algo especial, com um significado próprio.

Algumas famílias, no entanto, mantêm a tradição de se presentearem com alguma especialidade culinária como biscoitos, panetones, bombons, etc e essa troca de guloseimas e afetos, acaba por ser o ponto alto da época de Natal.
Gosto muito da tradição americana de presentear com biscoitos, então escolhi uma receita fácil e gostosa para esse fim.



SPECULAS

2 xícaras (chá) de farinha de trigo

3/4 de xícara (chá) de "farinha" de amêndoas ( amêndoas sem casca, ligeiramente torradas, passadas no multiprocessador)

1 colher (chá) de fermento em pó

1/4 colher (chá) de sal

1 colher (chá) de canela em pó

1 colher (chá) de noz moscada

1/2 colher (chá) de cravo em pó

1 barra de manteiga ou margarina de 100gr em temperatura ambiente

1 xícara de açúcar mascavo ou 1/2 de mascavo e 1/2 de açúcar branco

1 ovo grande batido

raspas de limão

Geléía de framboesa ou de damasco



Numa vasilha misturar os ingredientes secos ( farinha, fermento em pó, sal, cravo, canela e noz moscada em pó ) e reservar. À parte, bater a manteiga com o açúcar, misturando bem e depois acrescentar o ovo batido. Formar um creme com a mistura e acrescentar os ingredientes secos. Misturar tudo com a ponta dos dedos até formar uma massa homeogênea. Enrolar a massa em filme plástico e levar à geladeira por 1 hora.

Fazer bolinhas com a massa , do tamanho de uma noz, ou um pouco menor. Pressionar o centro com o polegar e rechear a depressão com geléia .

Colocar os biscoitos em forma rasa, untada com margarina e farinha de trigo, e forrada com papel manteiga. Levar em forno médio ( 180 C ), pré aquecido por 15 minutos ou até dourar as laterias dos biscoitos. Esfriar os biscoitos sobre uma
grade. Trocar o papel manteiga para assar nova fornada. Dá em torno de 45 biscoitos.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Gratidão e Molho de Cranberry



Todos os anos, na quinta-feira da quarta semana de novembro, é comemorado o Thanksgiving , ou dia de Ação de Graças, nos Estados Unidos. É um feriado nacional, quando as famílias se reunem , agradecem e comemoram com uma grande refeição, tudo o que se conseguiu no ano.



Na tradição do Thanksgiving, o perú ( turkey) é o prato principal, seguido por acompanhamentos ( side dishes) típicos, como o molho de cranberry, purê de batatas, milho cozido, algum prato feito com batatas doce e de sobremesa, tortas de maçãs e tortas de abóboras.







No Canadá , o dia de Ação de Graças é celebrado na segunda-feira da segunda semana de outubro.


Essa comemoração teve origem na época da colonização, em que os ingleses imigrantes( chamados peregrinos) promoviam festivais de outono em agradecimento à Deus pelas boas colheitas do ano. Era ocasião de confraternizarem-se com os nativos, que apresentaram aos imigrantes o cranberry, a batata, o milho, a abóbora e o perú.



Posso dizer que é o feriado mais importante dos Estados Unidos, sendo impossível não aderir à essa tradição quando se vive lá, pois a atmosfera de confraternização e gratidão é muito contagiante. E muito embora não seja um feriado religioso, é impregnado de um sentimento de
religiosidade e comunhão.









É para se pensar o quanto importante seria reservarmos, no resto do mundo, um dia para agradecer nossas dádivas, reconhecer as coisas boas que nos acontecem e comungarmos essa alegria com o nosso próximo. Acredito que um grande passo para a felicidade é sabermos apreciar aquilo que temos, e desenvolvermos assim, um sentimento de gratidão, um campo de energia boa. E tenho certeza de que o universo retribui....
Publico nessa postagem, minha receita de molho de cranberry, que no Brasil é conhecido como uva-do-monte ou oxicoco. Esse molho é servido como acompanhamento do perú. Mas pode ser utilizado como recheio de crepes doces, ou utilizado em outras sobremesas.

O oxicoco (cranberry), ou uva-do-monte, é rica em vitamina C e tem propriedades antibacterianas e antibióticas, sendo muito utilizada para combater infecções urinárias.

Aqui, essa fruta começa a ser comercializada e é encontrada , com certeza, no Mercado Municipal de São Paulo. Pode ser, também, encomendada pela internet.

MOLHO DE CRANBERRY COM MAÇÃ

















3 xícaras (chá) de cranberry frescos ou congelados



1 xícara (chá) de açúcar


1 xícara (chá) de suco de laranja


suco de 1/2 limão


1 colher ( sopa) de raspas de laranja- sem a parte branca


1 maçã descascada e picada


canela em pau ( 2 ou 3 lascas)


1/2 xícara (chá) de vinho tinto ( opcional)



Numa panela, levar ao fogo de médio para alto, o cranberry misturado ao açúcar, suco de laranja, raspas de laranja e suco de limão. Levar a mistura à fervura, mexendo sempre. As cascas de cranberry começarão a romper, e nesse ponto adicione a canela e a maçã picada, sempre mexendo. Se desejar, adicione, também, o vinho.

A mistura vai engrossar e ficará com a consistência de um doce de abóbora.

Deixar esfriar e levar à geladeira. Pode ser feito alguns dias antes de ser servido.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

A Mulher e a Lua


A Lua tem sido , desde os tempos antigos, a inspiração para músicos , poetas, trovadores e pintores. Sempre envolta em mistérios, já foi objeto de adoração , nos primórdios da civilização, por povos que viam nela a deusa da fertilidade. E nessas culturas antigas, a primeira forma de medir o tempo foi pelo ciclo menstrual, sincronizado ao ciclo lunar.
Como na antiguidade a contagem do tempo se baseava em fenômenos naturais repetitivos, a lua, assim como o sol, serviram de fundamento para a elaboração de calendários. Vemos heranças dessa prática, por exemplo, no calendário judaico, que se baseia no movimento lunar e no qual todos os meses se iniciam na lua nova. O calendário mulçumano segue princípio similar, e mesmo o cristão baseia-se na lua para determinar o dia da Páscoa a cada ano ( primeiro domingo após a primeira lua cheia da Primavera no Hemisfério Norte, ou primeira lua cheia do Outono no Hemisfério Sul ).
A Lua influencia o desenvolvimento e o crescimento das plantas, o movimento das marés e dos fluidos corporais, o ciclo menstrual, a concepção, geração e nascimento de todos os seres vivos. Com isso, desde a antiguidade, considera-se a existência de um elo entre a Lua, a fertilidade e os nascimentos.
A mulher vive as fases da lua em seu útero e nas variações hormonais a cada mês. A fase crescente pode ser ilustrada pelo crescimento e espessamento do endométrio, revestindo as paredes do útero , e alcançando seu ápice de “lua cheia”- quando o endométrio está no seu máximo de crescimento, pronto para receber e nutrir o ovo que venha a ser fertilizado. E se acontece a concepção, a mulher passa a extender sua fase de lua cheia, vendo seu ventre crescer ao gerar uma vida dentro de si. Não ocorrendo a concepção, ocorre a involução do endométrio, sua descamação e eliminação pela vagina ( menstruação). Então, podemos comparar essa fase com a lua minguante, lembrando que em seguida o ciclo recomeça, e a mulher pasa a viver sua lua nova. Esse aumento e diminuição de endométrio são regidos, a grosso modo, por variações na produção de estrógeno e progesterona, constituindo verdadeiras marés de hormônios.

Embora muitas vezes não perceba, a mulher por conta dessas mudanças em seu organismo, dança o ritmo da natureza, e tem, se despertada a consciência ,estreita relação com os ciclos da vida: nascimento, vida e morte . Ela guarda em sí a possibilidade de gerar vidas e nutri-las e, por mais essa razão, foi associada à figura da Lua em rituais de fertilidade, nas culturas antigas.
Foi observando os ciclos da vida é que ela iniciou a semeadura , nos primórdios da evolução humana, pois tinha habilidades e noções de plantio , simplesmente observando que as sementes dos frutos consumidos, quando jogados na terra, germinavam, transformavam-se em plantas e davam novos frutos. E aliada a essa observação, percebia o tempo propício para o plantio, que dependia das fases da lua e das estações do ano. O homem concentrava sua energia e percepção para a caça, sempre distante da habitação, deixando para a mulher a tarefa de cuidar e nutrir a prole, completamente inserida nos ritmos lunares. Ela que era geradora de vidas, compreendia o ciclo das criações, das plantas e dos animais.
Simbolizava-se as fases do feminino como Virgem ( início dos períodos menstruais e ingresso à vida adulta ) , Mulher ( auge da sexualidade e da procriação ) e Anciã ( maturidade), espelhadas nas respectivas fases Crescente, Cheia e Minguante da Lua. O feminino, portanto, era vivido na sua plenitude : a menstruação e a sexualidade, eram vistos como partes de um processo natural- a fertilidade - e eram consideradas sagradas.
Nos dias de hoje, esse vínculo entre mulher e Lua é praticamente inexistente, ou na melhor das hipóteses, diluído entre tantos conceitos científicos e tecnologia de ponta. A medicina trouxe o poder de controle sobre os ciclos menstruais e sobre a fertilidade, fato esse positivo para o contexto da vida moderna, mas que por outro lado, quebra o elo entre o feminino e os ciclos lunares. Quebra-se também a relação natural com os princípios de nascimento,vida e morte. E como uma das consequências dessa quebra, criou-se, na sociedade , o valor vingente do novo, da juventude eterna, da energia na sua máxima potência. A maturidade passa a ser indesejável e muito combatida. A menopausa , paradoxalmente , é vista como época de se livrar do incômodo dos períodos menstruais , porém como a decadência da sexualidade da mulher.
Marcia Frazão retrata muito bem essa realidade em trechos de seu livro O Feitiço da Lua:
“ Com a inocência própria das feiticeiras que se iniciam, enchi-me de dúvidas. Será que a mulher só é mulher por um tempo? E quando ela deixa de ser mulher, no que é que ela se transforma? E se ela deixa de ser mulher com uma determinada idade, em que gênero se encaixariam as anciãs?”
“ A lua da Loba trouxe-me a certeza de que uma mulher será sempre uma mulher, independente do que se diga, se está ficando velha, se está tomada pelas rugas, ou se a menopausa chega e o sangue desaparece, ela sempre será uma filha de Afrodite. Por mais que tenha lutado contra isso, a deusa estará oculta em alguma prega de seu corpo, pulsando os suspiros lascivos dos sonhos de Lilith."

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Halloween ou Dia das Bruxas



Cheguei no Brasil em pleno outubro, deixando para trás, nos EUA, as cores do outono, as folhas caindo e o friozinho anunciando que o inverno está muito próximo. Aqui encontrei a primavera com profusão de flores, nessa terra de eterna vegetação verde e abundância de luz o ano todo. E muito calor com chuvas torrenciais, atípicos para a época, já que a Mãe Natureza anda atordoada com a falta de respeito de seus filhos.


Mas para minha surpresa, tenho visto também decorações para o Halloween em algumas vitrines, escolas (principalmente nas de Inglês ) e até mesmo residências. Sim, o Dia das Bruxas começa timidamente a ser celebrado aqui no Brasil, e inicialmente constava apenas no calendário das escolas de Inglês, com o objetivo de mostrar esse aspecto da cultura americana.

Por não pertencer às nossas tradições, nem ao folclore brasileiro, o Dia das Bruxas provoca muita polêmica entre os nacionalistas e defensores da cultura brasileira, chegando a ser criado o Dia do Saci para a mesma data ( 31 de outubro).

O Halloween surgiu com os Celtas, na Irlanda, há mais de 2500 anos, quando era comemorado o Samhain, festival realizado entre 30 de outubro e 2 de novembro, marcando o final do ano celta em honra ao deus pagão Samhan ( guardião dos mortos, que conduzia as almas à Terra do Verão- equivalente ao Paraiso) e início do Ano Novo, e também, o fim do verão e início do inverno. Os celtas acreditavam que momentos de mudanças tinham propriedades mágicas , e que no Samhain, portanto,todas as relações de tempo e espaço ficavam suspensas,e o mundo dos vivos ficava mais próximo do mundo dos mortos. Desta forma, os espíritos desencarnados podiam retornar ao mundo dos vivos e se apossarem dos corpos. Então , as pessoas se vestiam com fantasias fantasmagóricas , e apagavam as tochas, para deixar o ambiente desagradável para os espíritos desencarnados, com o objetivo de espantá-los. O costume de cavar caretas em nabos ocos e colocar velas dentro ( Jack O' Lanterns ou Lanternas do Jack ) , fazia parte da tradição numa época posterior.

A expressão Halloween tem origem na contração errônea da expressão inglesa All Hallows Eve (que significa Dia de Todos os Santos). Esta data foi instituída pelo Papa Bonifácio IV, e era celebrada no dia 13 de maio. Porém, em 835 o Papa Gregório III alterou o Dia de Todos os Santos para o primeiro dia de novembro. Sua intenção era unir as crenças cristãs e pagãs, aproximando as datas comemorativas. Outro objetivo do Papa era apaziguar os conflitos entre esses povos no noroeste europeu. Assim, os cristãos celebravam o dia dos santos falecidos no dia seguinte ao rito pagão do Guardião dos Mortos. Desta forma, a expressão Halloween tornou-se sinônimo da celebração pagã de 31 de outubro.

Com a imigração irlandesa para os Estados Unidos , o Halloween foi altamente incorporado à cultura americana, sofrendo algumas alterações. As velas em nabos ( Jack O' Lanterns ) foram substituídas pelas velas em abóboras, cavadas em desenhos de caretas, morcegos, gatos, aranhas, monstros, etc. As casas são enfeitadas por essas abóboras, assim como por motivos de bruxas, fantasmas, teias de aranhas, morcegos, gatos pretos, esqueletos e tudo mais que lembre terror ou o sobrenatural.

As crianças se fantasiam de bruxas, fantasmas, monstros, etc e saem de porta em porta pedindo guloseimas, com a famosa frase "Trick or Treat" ( travessuras ou gostosuras ) e ao final da noite conferem , muito alegres, os doces recebidos nas suas andanças.
E os adultos têm na data um pretexto para reunir os amigos para mais uma festa, vestindo cada qual sua fantasia e colocando assim, sua criatividade para fora.

Abóbora Translúcida


1 moranga ou abóbora redonda

1 folha com desenho de morcego ou aranha

1 prego ou parafuso fino

1 faca pequena de ponta não muito afiada

alfinetes de costureira

1 colher

1 faca própria para cortar a base da abóbora


Faça um buraco largo na base da abóbora, com uma faca, com cuidado. Retire as sementes com o auxílio de uma colher, deixando-a oca. O buraco precisa ser do tamanho de um pires ou pouco maior.Faça outro buraco no lado oposto ao desenho ( para que o ar entre e mantenha a vela ascesa). Se for cavar de forma que o desenho fique todo vasado, não é preciso abrir o outro buraco.

Prenda com alfinetes a folha de desenho na superfície da abóbora. Com um prego ou parafuso , perfure todo o contorno do desenho sobre a superfície da abóbora. Depois do contorno perfurado, retire o papel e visualize o desenho na superficie. Comece raspando a ponta da faca na casca da abóbora, do contorno para o centro do desenho, como se estivesse colorindo o mesmo com um lápis . Vá, dessa maneira, desgantando a superficie da abóbora ,com cuidado para não perfurar, até ficar uma pele fina, translúcida.
Caso não deseje o efeito translúcido, pode-se, ao invés de desgastar a superfície, simplesmente cortar a abóbora ao redor do desenho e deixá-lo vazado.

Ascenda uma vela potente e curta sobre um pires e coloque a abóbora por cima, via base.

Se desejar, substitua a vela por uma lâmpada com soquete e fio.



sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Sobre Aroma, Emoção e Memória



Nesta postagem, ao invés de escrever sobre a minha relação com o mundo através de meus sentidos, transcrevo um trecho de um clássico da literatura francesa, que retrata uma experiência pela qual todos passam vida afora.

"Subitamente, a lembrança apareceu para mim. O gosto era aquele da pequena porção de "madeleine" que no domingo de manhã, em Combray, quando eu ia lhe dizer bom dia no seu quarto, minha tia Léonie me oferecia, após tê-la mergulhado no seu chá. A mera visão da pequena "madeleine" não me havia proporcionado lembrança alguma antes que eu a tivesse provado... Mas quando de um passado antigo nada subsiste, depois da morte dos seres, após a destruição das coisas, sós, mais tênues - contudo mais vivazes, mais imateriais, mais persistentes, mais fiéis, o odor e o sabor persistem ainda muito tempo, como almas, a se recordar, a esperar, a almejar, sobre a ruína de todo o resto, a portar sem se dobrar, sobre sua gotícula quase impalpável, o edifício imenso da recordação". Marcel Proust, trecho de Em Busca do Tempo Perdido.

Dou continuidade agora com a transcrição de um trecho de outro livro.

"Todos nós temos lembranças como as que narrada por Marcel Proust em Em Busca doTempo Perdido, o qual é levado de volta à infancia por pedaços de madeleine misturados ao chá. Para nós, canela lembra tortas de maçã, festas de fim de ano, aconchego da família, e amigos. O aroma de rosas nos remete a amores passados e presente; jasmim o explendor da primavera. O processo pelo qual o aroma se funde ao lugar e algo vivido é na realidade involuntário. Olfato é o único sentido que se conecta diretamente ao sistema límbico - o centro do sabor, da emoção e da memória. Essa conexão direta dá à essência seu poder sobre a emoção, e é por essa razão que se forma uma forte ligação entre o que cheira bem e o que tem gosto bom." -Minha tradução da trasncrição do trecho Regarding Aroma, Emotion, and Memory, capítulo do livro "Aroma "de Mandy Aftel e Daniel Patterson ( Artisam Publishing).

Algumas vezes acaba sendo mais simples transcrever um artigo que ilustra meu modo de pensar e sentir o mundo, do que tentar explicar com minhas palavras o mesmo conceito. O livro Aroma me encontrou por acaso, fazendo compras de supermercado, num dia comum qualquer. De uma bancada cheia de livros em promoção , ele ascenou com sua capa despretenciosa e me convidou a folheá-lo. Aceitei o convite e me deparei, então, com um livro de receitas nada convencional, escrito por um chef de cozinha e uma perfumista (profissional responsável por combinar diferentes cheiros, geralmente provenientes de óleos essenciais para criar perfumes ). Elaboraram o livro classificando ervas, temperos, especiarias, conforme se classifica os óleos essenciais, e baseado nessa classificação, criou-se receitas combinando esses grupos entre si, tal qual se faz na elaboração de perfumes. Exemplo:

Fragrância.........Ingrediente Aromático.........Receita

Floral ...........Camomila.........Bolo-Sufê de Camomila e Amêndoas
Cítrico...........Limão.............Patê de Atum com Vinagrete de Limão

Especiarias......Gengibre.......Camarão ao Molho de cogumelos e Gengibre


Mas como mensagem mais importante, fica o conceito de que olfato e paladar são sentidos que se interrelacionam e que sendo o olfato o sentido mais próximo das emoções, os aromas , além de nos transportarem no tempo via lembranças olfativas, são porta de entrada para novas imagens a serem impressas no nosso ser emocional.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Samba do Café


Samba do Café
Vinicius de Moraes

Para fazer um bom café, meu bem
Como se faz, lá no Brasil
Precisa pôr tudo a ferver, meu bem
Como se põe, lá no Brasil

Uma frutinha vermelha
Que as moças colhem no pé
E quando é bem torradinho
Fica pretinho e cheiroso
Como ele é, lá no Brasil
Como ele é, lá no Brasil

Para fazer um bom café, meu bem
Como se faz, lá no Brasil
Precisa ter um bom café, também
Como se tem, lá no Brasil
Tem de ser forte, como o bem
Que a gente tem pelo Brasil
Tem de ser doce, como o amor
Que a gente tem pelo Brasil

Você, seu moço estrangeiro
Só põe açúcar se quer
Mas sendo um bom brasileiro
O seu café vai ser doce
Como se fosse um carinho
O seu café vai ser doce
Como se fosse um beijinho
De uma mulher
Que faz um bom café
Lá no Brasil!
Lá no Brasil!


Certos aromas ficam registrados para sempre na nossa memória, associados a um acontecimento ou a uma pessoa. A indústria de perfumaria explora muito bem esse fato e o resultado é uma infinidade de perfumes no mercado, todos prometendo tornar marcante a presença de quem os usa.
O mesmo ocorre com alimentos e bebidas, sempre associados a momentos de degustação, carregando sensações que vão muito além do paladar e do olfato.

Para mim, como para muita gente , o café carrega toda essa carga emocional- tanto no seu aroma quanto no seu sabor, oferecendo numa xícara sensação de bem estar, de conforto, energia... E me traz em cada gole o gosto da minha pátria, de minha família, de meus amigos. De conversas animadas ao redor da mesa. Tomo café e me transporto a um mundo singular, feito de lembranças, de cheiros, de sabores, de saudades, mas tambem cheio de imagens do presente e da sensação de "lar doce lar".
O café está fortemente inserido na cultura brasileira, sendo elemento agregador e símbolo de hospitalidade e tradição. Não existe visita sem cafezinho, servido em demi-tasses ( xícaras pequenas para café) e geralmente adoçado, aquecendo o assunto conversado. Também é sempre convite ou promessa de novo encontro na frase "vamos tomar um cafezinho", e sempre ritual obrigatório em reuniões de familia e amigos.

Bebida produzida a partir dos grãos torrados do fruto do cafeeiro, o café é uma bebida estimulante e tradicionalmente servida quente. Com características marcantes, o café possui uma série de fatores que se destacam no paladar dos amantes da bebida: a doçura, o amargor, acidez, corpo e aroma.

O café melhora a vitalidade, memória, atenção e a produtividade.A cafeína é um auxiliar no tratamento de doenças como o mal de Alzheimer.
A ABIC tem um site interessante ( www.abic.com.br ), onde se pode encontrar a historia do café, características, plantio, receitas e artigos sobre o café e a saúde.

E acrescento uma receita de biscoitos com o café fazendo parte dos ingredientes, faceis de fazer, que são um mimo a mais para esse momento tão especial de cada dia, que é a hora do cafezinho.


Biscoitos de Café e Castanhas Moidas

3 colheres (sopa) de café bem forte morno -jamais quente
1 xícara (chá) de amêndoas ou nozes moidas no multiprocessador
2 xícaras (chá) de farinha de trigo
1 colher (chá) de bicarbonato de sódio
1 xícara (chá) de açúcar
1 barra de manteiga ( 100 gramas ) em temperatura ambiente
1 gema


Bater bem a margarina, o açúcar e a gema até obter um creme. Acrescentar o café, as castanhas moidas, o bicarbonato de sódio e continuar batendo . Acrescentar a farinha e amassar até soltar das mãos. Embrulhar a massa em filme plástico e levar à geladeira por 1 hora*. Abrir a massa entre duas folhas de plástico, cortar os biscoitos no formato desejado com cerca de 5 mm de espessura. Colocar em forma rasa ou propria para biscoitos, untada e forrada com papel manteiga**. Assar em forno pré aquecido a 180°C por mais ou menos 10 minutos ou até dourar nas laterais. Retirar da forma cuidadosamente com uma espátula e deixar esfriar ( de preferência sobre uma grade) antes de guardar ou servir.
* Se não utilizar de uma só vez toda a massa, manter na geladeira enquanto aguarda para ser aberta.
**Caso não utilize papel manteiga, untar a forma muito bem com margarina e polvilhar farinha de trigo.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Sabor de Outono





Aqui no hemisfério norte já se inicia o outono. Em Michigan é uma época muito celebrada, pois é tempo de colheita. É época dos festivais da maçã e da abóbora.


Em lugares cujo inverno é muito frio, com a presença de neve por um período de tempo, a semeagem e cultivo de plantações, respectivamente, só ocorrem na primavera e verão, sendo nos meses do outono o auge da colheita e, por consequencia, a estocagem de alimentos. Hoje em dia, com toda a tecnologia e globalização, tem-se ascesso a qualquer tipo de alimento durante todo o ano, mas não foi sempre assim.

Conversando com pessoas mais velhas, ouve-se historias de como era difícil atravessar todo o inverno com a variedade limitada de alimentos e as formas mais comuns de preservá-los. Então, lembrado os milhões de anos da humanidade, a "independência" adquirida das estações do ano é coisa muito recente.


Nas terras mais ao norte, também , a paisagem muda de coloração, com as folhas das árvores variando em tons de vermelho, amarelo e alaranjado, uma verdadeira festa de cores. Mas é uma festa de despedida, pois logo essas folhas cairão todas, anunciando a chegada do inverno gélido.


Como imagem simbolizando essa época, existe o mito de Deméter e Perséfone. A Mitologia Grega conta que do romance entre Deméter ( mãe terra que cuida das plantas) e Zeus ( deus do Olimpo ) nasceu Core , que se tornou uma linda jovem. Hades ( deus do mundo subterrâneo), ao ve-la, apaixonou-se e decidiu raptá-la. Deméter ficou inconsolável e se descuidou de seus deveres , deixando as terras estéreis e com isso houve escassez de alimentos.

Zeus ordenou a Hades que devolvesse sua filha, mas Core já estava casada com ele . Core acabou comendo algumas sementes de romã , oferecidas pelo marido, e com isso, se ligou ao mundo subterrâneo eternamente, tornando-se Perséfone ( rainha dos mortos) . Assim, estabeleceu-se um acordo: a cada primavera, Perséfone deixava Hades e se reunia com a mãe, no Olimpo, para que nessa época a terra cultivada desse seus frutos. Ela ,no outono, voltava para Hades e permanecia com ele até a primavera seguinte. Esse mito simboliza o ciclo anual das colheitas.


Na Antiguidade o mito era uma parábola para um dos mistérios de Elêusis (ritos de iniciação ao culto das deusas agrícolas Deméter e Perséfone) . Perséfone seria o grão semeado, colocado embaixo da terra para se desenvolver e despontar durante a primavera sob a forma de novos frutos. Mas o mito também carrega a simbologia da história da alma, de sua descida na matéria, de seus sofrimentos nas trevas do esquecimento e depois sua re-ascensão e volta à vida divina.



Escolhi uma receita com sabor de outono, época de abóboras enfeitando soleiras de porta, centros de mesa e servindo de ingrediente para doces e salgados.

Rocambole de Abóbora com Especiarias e Cream Cheese


Massa


1 de xícara (chá) de farinha de trigo

1 colher (chá) de fermento em pó

1 colher(chá) de bicarbonato de sódio

1 colher (chá) de canela em pó

1 colher (chá) de cravos da índia moidos

1 colher(chá) de noz moscada ralada

1/4 colher(chá) de sal

3 ovos grandes

1 xícara ( chá) de açúcar

1 xícara (chá) de purê de abóbora cozida

1 colher (chá) de suco de limão


Recheio


1 embalagem de queijo cremoso* ( cream cheese) em temperatura ambiente

1 xícara de açúcar de confeiteiro

4 colheres (sopa) de manteiga ou margarina* em temperatura ambiente

1 colher ( chá) de extrato de baunilha


*pode ser a versão light
Cobertura

Açúcar de confeiteiro para polvilhar



Pré aqueça o forno em temperatura média alta, e unte uma forma retangular de 38x25 cm , aproximadamente, com margarina e farinha. Umideça um pano limpo e polvilhe com açúcar de confeiteiro. Reserve.

Numa vasilha pequena misture a farinha, fermento em pó, bicarbonato de sódio, canela em pó , cravos moidos, noz moscada e o sal. Reserve.

Na batedeira, misture os ovos e o açúcar e bata até ficar cremoso. Junte o purê de abóbora e o suco de limão e continue batendo. Adicione a mistura de ingredientes secos e misture bem.

Espalhe a mistura na forma já untada e leve ao forno por aproximadamente 13 minutos, ou até que perfurando com um palito, este saia seco.

Imediatamente vire o bolo sobre o pano úmido e polvilhado com açúcar e enrole pano e bolo juntos. Deixe esfriar.

À parte, bata o queijo cremoso com o açúcar de confeiteiro, a manteiga e a baunilha, até obter um creme macio.

Com cuidado desenrole o rocambole e remova o pano. Espalhe a mistura do queijo cremoso e torne a enrolar. Envolva em filme plástico e leve à geladeira por 1 hora.

Sirva polvilhado com açúcar de confeiteiro, se desejar.

Dá 10 porções.



quarta-feira, 9 de setembro de 2009

A Alma da Música






Sempre se ouve dizer que a música é o alimento da alma, mas poucas vezes se pensa que a música tem uma alma. Que tem memória quando nos traz lembranças ligadas a determinada canção, que tem o dom de curar, quando o terapeuta sabe usar seus elementos como harmonia , rítmo e ressonância.
A música festeja as alegrias da vida com seus acordes de terça maior, mas também sabe como expressar a tristeza nas suas terças menores. Encanta no compasso ternário de uma valsa, mas a qualquer momento pode mudar para uma salsa apimentada de compasso quaternário. É verdade que entoa seus hinos e suas marchas em binários, porque sempre há o lado mais circunspecto da vida. Mas passado o rigor do momento, acelera o binário num alegretto , saltita numa polca e vibra num samba entre síncopes e contratempos.
Segundo Wikipedia, a música é uma sucessão de sons e silêncios alternados, organizados no tempo. E sua historia se confunde com a historia do desenvolvimento da inteligência e da cultura humana.

As antigas tradições ensinavam sobre o Sons Sagrados, e esses ensinamentos continham o conhecimento de que o Rítmo tinha poder de provocar mudanças no organismo físico, a Melodia teria influência nos estados mentais e psíquicos e a Harmonia facilitaria o entendimento humano das questões espirituais.
Pitágoras compunha e tocava para seus discípulos a sua lira de sete cordas. E os mesmos recebiam treinamento especial para usá-la de modo a contornar sentimentos como a angústia, a raiva, o ciúme, anseios, a preguiça e a impetuosidade. A música era também uma terapia aplicada para a cura de males físicos.
Pitágoras, que foi um filósofo e matemático grego ( nasceu no ano 570 a.c. e morreu no ano 497 a.c.), descobriu que os intervalos musicais se expressam através de proporções aritméticas. Ele e seus seguidores teriam descoberto a relação numérica entre o comprimento das cordas e as notas musicais por elas produzidas quando vibram, e desse modo foi criada a oitava na escala musical que agora conhecemos.
Para os pitagóricos, que explicavam o Universo por expressões numéricas, a música era um símbolo de harmonia do Cosmo e, ao mesmo tempo, um meio de o homem alcançar o equilíbrio interno.
E para dar outra dimensão a esse pensamento metafísico, acrescento que pode-se fazer uma correlação entre os 4 elementos ( Água, Terra, Fogo e Ar ) e instrumentos musicais. Antecipo que existe uma certa divergência entre linhas filosófico-esotéricas quanto à correspondência de determinado instrumento ao seu elemento . Então eu sigo a classificação que para mim faz mais sentido:
Elementos - Instrumentos
Terra..... Percussão
Fogo.........Cordas

Água. .....Teclados e Metais
Ar...........Sopro

Termino com um comentário de Marcelo Gleiser, que é físico, astrônomo, professor, escritor e roteirista:
"A música, dentre as artes, é a mais misteriosa. Como podem os sons invocar emoções tão fortes, alegrias e tristezas, lembranças de momentos especiais ou dolorosos, paixões passadas e esperanças futuras, patriotismo, ódio, ternura? Quando se pensa que sons nada mais são que vibrações que se propagam pelo ar, o mistério aumenta ainda mais..."

terça-feira, 1 de setembro de 2009

A Divindade em Nós




Sempre gostei muito de danças, de ver corpos em movimento, seguindo ritmos e melodias, e de sentir meu próprio corpo desenhando formas no ar, de sentir a música nas minhas entranhas e nela expressar meu estado d'alma. Mas foi assistindo a uma amiga numa pequena mostra de dança do ventre é que compreendi a divindade que existe em nós. Isso aconteceu muito, muito antes da febre dessa dança ter assolado o Brasil , depois da novela O Clone. Muito, muito antes de Shakiras e afins tomarem conta da midia.

Foi num curso sobre os Sete Metais e os Sete Planetas, durante minha formação como terapeuta antroposófica - quem quiser saber sobre Antroposofia o site http://sab.org.br/antrop/antrop.htm explica muito bem sobre o assunto. E já aviso que dança do ventre definitivamente não faz parte do vocabulário de antropósofos tradicionais.
Mas foi justamente numa dessas noites em que o pessoal do curso se reunia depois do jantar para conversar, cantar, tocar instrumentos musicais, enfim, fazer atividades que normalmente a televisão e o computador se incubem de deletar (opa!) de nosso dia a dia , que a minha amiga resolveu mostrar que sabe dançar.

Certamente voces ja presumem que num curso desses a sensibilidade fica mais aguçada. Então imagine o momento em que entra Judith no grande salão, vestida num traje vermelho esvoaçante e dançando ao som de uma música árabe. Depois de passada a surpresa inicial, deixei-me hipnotizar pelos seus movimentos ondulatórios, os quadris marcando o ritmo do Derback numa sucessão de "número oitos" ( lemniscatas ), o ventre desenhando movimentos de serpente e os braços envolvendo um véu. Foi nesse momento que vi não mais minha amiga dançando, mas uma divindade se manifestando para quem estava presente.

Nunca esqueci aquela cena e os sentimentos que me despertaram. A partir daquele momento, eu resolvi que faria aflorar a minha divindade interior, e fui tomar aulas, primeiro de dança do ventre, tempos depois de flamenco, anos mais tarde de dança celta irlandesa. Descobri que , por algum mistério , as danças ao redor do mundo tem movimentos em comum, desenhos com o mesmo significado, realizados de formas diferentes, dependendo da cultura que a originou . Por exemplo o "oito" está presente em todas as danças, e na dança do ventre ele é desenhado com os quadris ou em movimentos com o véu . Ja na dança celta, o corpo fica ereto, e as pernas e, por vezes, os braços desenham esse número em coreografias no espaço. O "oito" (ou lemniscata) está associado ao infinito porque ele não tem começo ou fim mas configura-se numa forma contínua e ininterrupta. Esse significado simbólico do oito o liga ao Arquétipo do Self, que segundo o psicólogo suiço Carl Jung expressa a totalidade, o universo, a plenitude, a comunhão da consciência com o inconsciente, o encontro do humano com o divino. Interessante, não!

É muito provavel que a dança tenha sido a primeira forma que o ser humano encontrou para expressar esteticamente o que conhecia do fluxo da vida e seus mistérios, de modo que as danças eram sagradas para os povos primitivos. Dançar era um modo de se conectar com o Divino.
Hoje, nota-se uma procura muito grande por danças como a do ventre, flamenco, cigana, tribais, ou até mesmo workshops sobre danças circulares sagradas . Talvez tenhamos chegado num ponto da Historia em que a nossa desconexão com a Natureza e com o Sagrado seja tão grande, que dentro de cada um de nós tenha nascido a necessidade de se voltar às raizes, de buscar sentido à nossa existência, e em meio a tantos caminhos como as religiões, estilo de vida, conscientização sobre o futuro do Planeta, a dança seja uma expressão desse nosso retorno às origens.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Peras no Jardim do Eden


Na minha tentativa de quebrar a mesmice dos dias, sempre tento criar algo especial ou inventar alguma coisa diferente do usual, e é na cozinha que, muitas vezes, encontro sucesso nas minhas investidas. Ultimamente, tenho testado algumas combinações de sabores e como aqui , em Michigan, o verão é época de blueberries ( mirtilos) e pêssegos, esses são ingredientes aproveitados à exaustão. Mas a minha mais nova descoberta tem sido as peras, macias, maduras, exalando um aroma tentador. E uno os encantos naturais dessa fruta com ingredientes nada ortodoxos, elaborando saladas, risotos, e algumas vezes, sobremesas- porque ninguém é de ferro.


Há quem jure que Adão e Eva foram expulsos do Paraiso porque comeram uma pera, ao invés da tão comentada maçã. Mas por que a pera?perguntariam voces. Talvez por ser a pera mais suculenta, de sabor suave e ao mesmo tempo marcante. Ou por seu formato lembrar formas femininas. Ou ainda por pertencer à família das Rosaceae ( mesma família das rosas). Tudo conspira para que esse fosse o fruto proibido, não é mesmo? Na literatura, por lembrar a forma do útero, frequentememte aparece como metáfora para a sexualidade feminina ou fertilidade. Na Antiga China era símbolo da imortalidade e na Europa era costume plantar uma pereira em cerimonias de casamento, para atrair longevidade e frutos ( filhos) para a união.



Embora a Bíblia não nomeie a fruta que não poderia ser provada, na Europa a maçã foi fortemente associada ao fruto proibido . Em outras culturas ou tradições o fruto foi associado à pera, ao figo e mesmo à romã. A Bíblia é feita predominantemente de linguagem alegórica ( ou simbólica) para transmitir conhecimentos muito complexos para serem compreendidos pela maioria da humanidade e a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal no Jardim do Eden, seria um desses conceitos dificeis de assimilar. Então foi sendo passado via simbologia . Certamente não estavam nos planos as distorções e mal interpretações que iriam ocorrer no curso da História...

Mas para quem ficou curioso com a simbologia da maçã, os povos Celtas a associavam a imortalidade. Na Europa, era usada pelas damas em simpatias para atrair homens. Nas mitologias grega e romana, associadas com a saúde e a beleza. E na mitologia nórdica era símbolo da juventude eterna.

Posso , aqui , ficar horas discorrendo sobre o simbolismo das frutas ao redor da Terra, uma verdadeira tentação, quando lembro que os figos são associados ao desejo sexual , ainda nas mitologia grega e romana e , abertos, lembram órgãos sexuais femininos. Mas tambem me vem à mente que o mamão, muito apreciado nos Trópicos, passa pela mesma analogia, quando visto cortado ao meio. E que assunto renderia a banana, então. Haja imaginação!

Resolvo então direcionar a energia criativa para uma deliciosa entrada de Verão, salada de folhas com peras gratinadas. E, mais uma vez, publico outra receita, embora esse blog não seja sobre culinária.

A quantidade é para 2 ou 4 pessoas. Se quiser aumentar, é só dobrar os ingredientes.


Salada de Folhas com Peras com Gorgonzola Gratinadas


2 peras maduras, macias, descascadas e cortadas ao meio

suco de 1/2 limão médio

1 colher(sopa) de azeite de oliva


Recheio

50 gr de queijo gorgonzola

2 colheres (sopa) de creme de leite ( pode ser light)

1 colher (sopa) cheia de queijo parmesão ralado

1 colher (sopa) de azeite de oliva

1 colher (chá) de orégano


Numa vasilha, retire as sementes das peras e faça uma pequena cavidade em cada uma das metades. Envolva as metades das peras no suco de limão imediatamente após terem sido descascadas e removida as sementes. Em seguida , envolva as peras no azeite de olive e reserve.

Numa outra vasilha, prepare o recheio, amassando o queijo gorgonzola com um garfo, e adicionando os demais ingredientes, aos poucos. Misture tudo muito bem e "divida" a mistura em quatro partes, preenchendo a cavidade de cada metade das peras. Obviamente, o recheio vai sobrepor as cavidades, formando um "monte" sobre elas.

Levar as peras ao forno quente, dentro de um refratário , até gratinar.

Servir quentes ou mornas sobre salada de folhas verdes.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Antipasto dos deuses....


Finalmente chegou a sexta-feira! Geralmente esse é um dia muito aguardado, quando colocamos expectativas fantásticas de bons momentos de diversão e laser. É o nosso ritual para a entrada do fim de semana, nosso ode à alegria. Que pode vir a se concretizar ou não...
É um dia regido por Venus, como nos mostra muitos idiomas ao redor do mundo : Vernes, em espanhol, Vendredi em francês, Venerdi em italiano, todos homenageando Venus, deusa romana equivalente a Afrodite dos gregos. Coincidentemente equivale a Friga dos anglo-saxões, pelo que os ingleses chamam esse dia de Friday. Os romanos o chamavam de Dies Viernis.
Friga, na mitologia nórdica é a deusa da fertilidade, do amor e da união. Freya, na mitologia germânica, é a deusa do sexo, da fertilidade, da beleza e do amor. Seu irmão Frey, seria o deus da fertilidade, da alegria e paz. Não por acaso sexta-feira em alemão, é Freitag.

Os nomes antigos dos dias da semana foram dados por povos pagãos, que obedeciam ao criterio de reverenciar o Sol , a Lua e os Astros e cada dia era dedicado a um deus.

Latim :::::deus romano ::::deus saxão :::: dia da semana
Lunes dies ::::: Lua ::::::::: ::Lua ::::::: Segunda -feiraMartis dies ::::: Marte ::::::: Tyr ::::::::Terça-feira
Mercuri dies ::::Mercúrio :::: Odin :::::Quarta-feira
Jovis dies :::::::: Júpiter :::::: Thor :::::Quinta-feiraVeneris dies ::::: Vênus :::::: Freya :::::Sexta-feiraSaturni dies ::::: Saturno ::::: Saturno ::::Sábado
Solis dies ::::::::::: Sol :::::::: Sol :::::::::: Domingo


Em portugues, ultima lingua romana a se formar, esse dia da semana foi chamado de sexta feira por seguir uma nomeação vinda do Novo Testamento. Tomando como base o domingo, que em latim é Dominica- que significa Dia do Senhor, a segunda feira seria o segundo dia da liturgia, e a sexta feira seria o sexto dia da liturgia. Em tempo, Dimanche em francês e Domenica em italiano são nomes para o domingo, com o mesmo significado ( Dia do Senhor).
Outras linguas, como ingles, alemão, espanhol, francês, italiano, etc. mantem a nomenclatura alusiva aos deuses para os dias da semana.

Mas voltando à sexta-feira, encerro com uma receita muito simples de antipasto de beringela , preparado para acompanhar , juntamente com o pão, conversas animadas, regadas a vinho ou cerveja, celebrando assim o inicio de mais um final de semana.
Antipasto1 beringela grande, cortada em cubos pequenos
1 cebola grande picada em quadrados
2 tomates sem pele picados
3 dentes de alho picados ou espremidos
1 colher(sopa) cheia de orégano
sal a gosto
pimenta a gosto
1/4 de xícara ( chá) de azeite de oliva

Untar uma forma refratária com azeite de oliva. À parte, numa vasilha, misturar os ingredientes e envolve-los no azeite de oliva. Passar a mistura para o refratario e levar em forno quente, por cerca de 40 minutos, coberto com papel aluminio. Se desejar, salpicar manjericão picado depois de amornar.
Servir morno, ou frio, como entrada ou petisco.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Ervas, Flores e Música.....







Are you going to Scarborough Fair ? Voce está indo para a feira de Scarborough?
Parsley, sage, rosemary and thyme Salsa, salvia, alecrim e tomilho
Remember me to one who lives there Relembre-me a alguem que vive la

She once was a true love of mine Ela outrora foi o meu verdadeiro amor



Scarborough Fair é uma canção tradicional inglesa de autoria desconhecida, cantada por bardos , na Idade Média . Bardos eram músicos e poetas que transmitiam uma historia, mensagem ou poema através de canções.
Esta canção teve muitos intérpretes e versões, sendo a mais destacada a gravação feita pela dupla Simon & Garfunkel. Geralmente a música é cantada na forma de um dueto de vozes masculina e feminina. O nome Scarborough Fair é uma referência à feira de Scarborough, que, na Idade Média, era um dos maiores pontos de referência comercial da Inglaterra

Parsley, sage, rosemary and thyme ( salsa, salvia, alecrim e tomilho) são ervas que tinham grande simbolismo na época medieval e que nesta canção, acredita-se, são usados com o seguinte significado:

Parsley ( Salsa) - leva embora a amargura
Sage ( Salvia) - Força
Rosemary ( Alecrim )- Lealdade, amor, lembrança
Thyme ( Tomilho) -Coragem

Sim! Houve um tempo em que flores tinham significados e foram usadas como mensageiras por muitas culturas antigas, entre elas Chinesa, Egipcia, Grega, Indiana. É propagado que, na Turquia do século XVIII, falar de amor, brigar ou mesmo dar alguma noticia eram feitos , muitas vezes, usando-se o simbolismo das flores.
No ocidente, a linguagem das flores teve seu apogeu na Inglaterra ( trazido da Turquia) , principalmente na era Vitoriana. Rosas eram usadas para simbolizar o amor: as vermelhas significariam amor verdadeiro, as brancas, amor secreto. Margaridas simbolizavam inocência e amor puro, cravos vermelhos indicavam a urgencia de um encontro, enquanto cravos amarelos sinalizavam desprezo.

Jacintos ,quando enviados à alguem, significavam "preciso te ver". Miosotis deixavam um pedido : "não te esqueças de mim". Lilases eram oferecidas a uma dama como sinal de flerte.

Nos dias de hoje fica dificil imaginar que no envio de flores, poderia haver uma correspondência entre as pessoas, sem uma única palavra dita...

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Viagem ao Mundo das Ervas





Falando sobre as ervas, estas são conhecidas no mundo atual por suas propriedades medicinais e aromáticas.Como recurso terapêutico são usadas em forma de chás, banhos, compressas e óleos de massagem . Na culinária são usadas como temperos, sendo tão fundamentais na boa mesa , que alguns alimentos tem seu aroma e sabor diretamente associados a erva, como por exemplo o orégano à pizza, o manjericão ao molho de tomate , ou ainda a hortelã com quibe e tabule.

Na Antiguidade, as ervas tinham carater sagrado e a elas eram atribuidas propriedades mágicas, cujo conhecimento das mesmas vem sendo passado ao longo dos séculos pelas Antigas Tradições.
E Santa Hildegarda , de Bingen- uma abadessa alemã que viveu no século XII, escreveu um tratado sobre alimentos e especialmente sobre ervas, no qual discorre sobre as propriedades e efeitos que cada uma delas tem sobre o corpo fisico e a alma. Santa Hildegarda escreveu esse tratado baseada nas suas experiências místicas e visões do mundo suprasensivel, e em sua maioria , essas propriedades tem sido confirmadas pela Ciencia do mundo atual.

Aqui descrevo as propriedades das ervas mais comuns no uso diário. Cito as propriedades fitoterápicas e incluo as propriedades ditas mágicas, pois considero que se até mesmo uma respeitável e influente freira do século XII considerou essa forma de energia das plantas, quem sou eu para ignorá-la ?
Alecrim- Rosmarinus officinalis. De ação estimulante, combate males do fígado, rins e intestinos. Atua na consciência e na memória, ativa o intelecto. Regido pelo Sol, com elemento Fogo, invoca a coragem e a força de vontade. Espanta a s energias negativas. Na culinária é ideal para assados, enriquece o sabor de pães e aromatiza azeites e vinagres.
Alho-Alium sativum. Antiséptico pulmonar, antinflamatório, antibacteriano, tônico. É indicado em diabetes, hipertensão, bronquites, asma e gripes. Regido por Marte, com elemento Fogo, invoca proteção, purificação e energia física. Na culinaria é essencial como tempero.

Baunilha- Vanilla planifolia. Melhor se usada em favas e se usada a essencia, precisa ter boa procedência. A fragrancia da baunilha revitaliza o corpo e dá sensação de bem estar. Sendo regida por Venus, com elemento Agua, é considerada afrodisíaca. Excelente no preparo de bolos, biscoitos e pudins.
Canela-Cinnamomum zeylanicum. Estimulante da circulação e do coração. Provoca a contração dos músculos e do útero.É energizante. Regida pelo Sol, com elemento Fogo, atrai prosperidade, traz alegria, força interior e sensualidade. Santa Hildegarda ressaltava que esta especiaria elimina o mau humor e coloca no lugar, o bom humor. Muito usada no preparo de bolos , biscoitos e compotas.

Cravo- Syzygium aromaticum. Excitante e aromático, alivia dor de dente. Facilita a menstruação. Regido por Júpiter, com melemento Fogo, promove a cura, a proteção ea coragem. Tambem está ligado à clarevidência. Santa Hildegarda receitava esta especiaria para dores de cabeça e afirmava esta trazer gentileza para quem a ingerisse. Muito usado como especiaria no preparo de compotas e chutneys.
Erva-doce - Pimpinella anisum. É calmante, combate insonia, cólicas e náuseas. Regida por Júpiter, com elemento Ar, resgata a força física e traz proteção. Alem de preparos de chás, é usada em bolos e biscoitos.

Hortelã- Mentha piperita. Calmante, antisséptica e descongestionante, ajuda na digestão. Seu chá auxilia a nos casos de tosse, asma e dor de cabeça. Regida por Mercúrio ( alguns a consideram regida por Venus), com elemento Ar, age no estado de consciencia da mente. É usada em rituais de purificação e considerada afrodisíaca. Na culinária, se usada em quantidade moderada numa receita, realça o sabor do alimento.

Louro- Laurus nobilis. Auxulia na má digestão e ressaca alcoólica, doenças de fígado e estômago, por suas propriedades antisépticas. Regido pelo Sol, com elemento Fogo, é considerada a erva do sucesso e da vitória. Na Grecia antiga , era usada como coroa para os vitoriosos das jogos olímpicos. É associado com proteção e aumento da intuição. Na culinária é usado para temperar feijão, sopas e cozidos.

Manjericão- Ocimum basilicum. É digestivo e elimina gases. Regido por Marte, com elemento Fogo,é usado para simpatias amorosas e de sedução. Tambem atrai a sorte. Muito difundido na culinária italiana, é usado fresco para molhos, como o de tomate e o pesto, tambem em saladas e muitos outros pratos, acrescentando aos mesmos um sabor ímpar. É adicionado no final do preparo do alimento, pois perde aroma e sabor com o cozimento.

Noz moscada- Myristica fragans. Indicada para digestão, reumatismo e pressão alta. Regida por Júpiter, com elemento Fogo, é muito usada em simpatias para atrair dinheiro. Santa Hildegarda considerava a noz mascada como uma das especiarias que traz alegria. Dizia a abadessa que aqueles que ingerissem a especiaria teriam seus corações abertos, seus sentidos purificados e ganhariam boa disposição. Na culinária, é usada para fondues de queijo, no preparo de pães, bolos e biscoitos, alem de molhos e sopas. Deve-se ralar a noz moscada na hora do preparo do alimento, pois esta perde o aroma e o sabor facilmente.

Orégano- Origanum vulgare- Antiséptico, diurético, estimulante gástrico e biliar. Tambem usado para tratar espasmos. Santa Hildegarda reserva seu uso para tratar febres. Regido por Mercúrio, com elemento Ar, traz alegria e apreciação pelos prazeres da vida. Muito usado na cozinha italiana, tempera muito bem carnes, massas e molhos, fazendo parceria perfeita com os queijos como a mussarela, a ricota, o queijo branco.

Pimenta- do -reino - Piper nigrum. Ajuda na digestão, aumentando os sucos gástricos. Ativa o metabolismo, de modo geral e auxilia no apetite. Regido por Marte, com elemento Fogo, energiza o corpo e invoca a coragem, alem de espantar as energias negativas. Santa Hildegarda indicava o uso da pimenta- do- reino para abrir o apetite, embora aconselhasse moderação no seu uso, pois o excesso despertaria o estado colérico de quem o ingerisse. Tempero muito usado para dar sabor picante em qualquer prato.

Salsa- Petroselinum sativum. Consumida crua, é uma fonte muito rica de vitamina C. É diurética, e ajuda na circulação, afinando o sangue. Regida por Mercúrio, com elemento Ar, é evocada para a proteção, para espantar infortúnios e purificar. Muito usada na culinária como tempero, ela "reaviva" o sabor dos alimentos .

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