terça-feira, 27 de abril de 2010

Rainha de Maio e o Bolo de Aveia


Quando retornei ao Brasil, na metade de um fevereiro gelado, deixei Michigan coberto de neve, com o céu cinza e o cenário típico do inverno glacial, com suas árvores sem folhas, sem flores, sem verde.
Agora, ao retornar ao meu lar americano, faltando poucos dias para o início de Maio, vejo um cenário muito diferente: grama verde por todos os lados, árvores revestindo-se com novas folhagens e uma explosão de cores nas primeiras flores, que nascem ainda na baixa temperatura, anunciando a chegada da Primavera, com dias mais ensolarados e quentes. Não posso deixar de citar que meus "inquilinos", uns animais silvestres que elegeram o subsolo de minha varanda como moradia,voltam a me visitar, comendo minhas tulipas, e devassando meu jardim, como se quisessem deixar bem claro que eles chegaram aqui primeiro.
Nessa época, sempre tenho uma forte sensação de que a Terra despertou de um longo sono, e aos poucos, retoma seus afazeres. Perséfone retorna do mundo subterrâneo e vem passar uma temporada com a exultante mãe Deméter, que se alegra novamente e retoma seus cuidados com as sementes que germinam e com as plantas que crescem e dão frutos. Aqui, com as estações bem definidas, esse mito faz muito sentido.
Se eu precisasse escolher uma única palavra para descrever essa época do ano, ou essa estação, eu escolheria a palavra Festa. Pois, para mim, é como se a Natureza estivesse em festa.
Maio, no Brasil, por outro lado, é auge do Outono, com a temperatura mais amena e as chuvas de verão substituídas por nevoeiros e geadas. É a despedida dos meses quentes e a chegada dos meses "frios". Teoricamente, no Brasil, Perséfone se despede da desolada mãe Deméter e se prepara para voltar ao mundo subterrâneo e seu marido Hades. Talvez, pelo fato de termos, no Brasil, vegetação verde e plantio durante todo o ano, o mito de Deméter e Perséfone faça mais sentido se olharmos para cada ciclo das diferentes vegetações que crescem em diferentes partes do país. A época do ano para a semeadura, germinação, floração, frutificação e colheita varia nas espécies de plantas, que estão sujeitas à variação de temperatura, posição solar, etc.


Voltando à Primavera daqui, no hemisfério norte, as pessoas passam a ter um ânimo renovado,voltam a sair de dentro de casa para cuidar do jardim, conversar com os vizinhos, andar de bicicleta, de patins... Realmente, o clima é de festa, depois de terem atravessado um longo inverno.



Nas antigas tradições Celtas, que eram pagãs, no auge da Primavera, entre o último dia de Abril e o primeiro dia de Maio, era celebrado um festival que marcava o nascimento do Verão e a morte do Inverno. Era o festival de Beltane, que simbolizava a união das energias masculinas (Deus Verde da Vegetação) e femininas ( Rainha de Maio, ou Donzela da Terra), num "casamento cósmico", portanto, uma celebração da Fertilidade (a palavra "fertilidade" se aplicava também para o êxito na lavoura e na criação de animais). Sendo a religião dos povos celtas um culto à Naureza, Beltane era um festival destinado a comemorar, justamente, a época em que o Sol, se aproximando da Terra, traz o calor necessário para fertilizar as plantas e as sementes; e os animais, recem saidos de um período de hibernação, começam a acasalar. Obviamente, o ritual de fertilidade tinha um forte cunho sensual, onde amor e sexo eram celebrados livremente.






Beltane era comemorado com danças e banquetes, nos quais eram servidos bolos redondos de aveia e repartidos entre os participantes da celebração. Antes de servirem o bolo, escurecia-se uma pequena parte do bolo com carvão, e quem fosse sorteado com o pedaço escurecido era submetido a trotes. Hoje, na adaptada Festa da Primavera, os pedaços de bolo são atirados à fogueira com fins adivinhatorios e pedidos de proteção ( alem de serem saboreados, claro).
Os participantes confeccionavam guirlandas de flores, que significavam o ciclo da vida e colocavam-nas em suas cabeças,ou nas portas de suas casas. Também faziam máscaras com folhas para representar o Senhor da Vegetação Verde(Green Man).
Era costume fazer uma enorme fogueira (fogueira de Beltane) e pular essa fogueira para se livrar de doenças e energias negativas, assegurar bons partos e pedir as bençãos dos deuses da fertilidade.
Um dos símbolos mais conhecidos, associado com esses festivais, é o Mastro de Beltane ou Maypole (Mastro de Maio). Feito do tronco de uma árvore forte e alta,era enfeitado com flores e tiras de fitas. Seu simbolismo era fálico em honra da fertilidade renovada da Terra. Todos dançavam em volta do mastro, trançando as fitas, cujo simbolismo era trançar a própria vida, o próprio destino.


Beltane é um dos poucos festivais pagãos que sobreviveram da época pré-cristã até os dias de hoje, pois agora é chamado de Festa da Primavera ou May Day e foi adaptado ao cristianismo. É comemorado principalmente nos paises da Europa, onde ainda se mantêm tradições como a dança das fitas ao redor do mastro (Maypole), a coroação da Rainha da Primavera,e enfeitar-se com guirlanda de flores.Muita coisa sobreviveu em forma de folclore e foi sendo passado de geração em geração. As Festas Juninas, trazidas pela cultura cristã europeia, carregam muitos elementos de Beltane, tais como pular fogueira, pisar em brasas com os pés descalços, trançar o mastro com fitas coloridas, dançar quadrilha, celebrar o "casamento na roça". Mas, se por um lado, as festas juninas trazem tradições da celebração da Primavera, no Brasil, as festas juninas são festas da colheita, pois acontece na transição do Outono para o Inverno.
Mas falar sobre as festas da colheita, já é assunto para outra postagem....


BOLO de AVEIA e NOZES
Numa vasilha misturar
-1 1/2 xícara (chá) de aveia -flocos finos
-1 xícara (chá) de água fervendo
1/2 xícara (chá) de manteiga ou margarina em temperatura ambiente
-1 colher (sopa) de gengibre fresco ralado
-1 colher (chá) de canela em pó
-1 colher (café) de cravo em pó
Mexer bem os ingredientes, formando uma espécie de angú. Reservar.
À parte, na batedeira, misturar:
-2 ovos
-1 xícara (chá) de açúcar branco
-1 xícara (chá) de açúcar mascavo
Juntar o angú de aveia com a mistura da batedeira e adicionar:
-1 xícara (chá) de farinha de trigo
-1/2 xícara (chá) de nozes picadas
-1 colher (chá) de bicarbonato de sodio
-1 colher (sopa) rasa de fermento em pó
Misturar os ingredientes adicionados e levar para assar numa forma redonda, untada com margarina e farinha, em forno pré aquecido médio- alto, por cerca de 40 minutos, ou até que espetando um palito, este saia seco. Decorar com flocos de aveia e nozes.


domingo, 18 de abril de 2010

Alquimia à mesa


Apesar de afirmar sempre que este não é um site de culinária, sempre publico alguma receita. Às vezes porque simplesmente me dá vontade de compartilhar um quitute que preparei, outras vezes porque me perguntam se não vou postar mais receitas.
A proposta aqui é falar sobre os cinco sentidos, mas o paladar tem liderado o ranking de preferência nesse blog.
Já comentei, anteriormente, que a parceria comida e emoção já começa no aleitamento, e que continua à medida em que paladar, olfato e memória vão formando nosso histórico emocional.
Muitas vezes, o prazer da comida vem muito mais do ritual de compartilhamento do que aquilo que se é comido.Esse compartilhar vai desde a escolha dos ingredientes, passando pelo seu preparo, com toda a energia envolvida nesse ato, até o momento da degustação, de preferencia em boa companhia, do alimento preparado. Cozinhar é uma forma de doação, chega a ser um ato sagrado, e pode-se ter certeza de que aquela comida preparada com tanto carinho, vai alimentar o corpo e a alma de quem a recebe. Por essa razão, não é boa ideia cozinhar quando o estado de espírito não for bom... Considero essa a verdadeira alquimia, pois para mim, misturar ingredientes e transforma-los num prato gostoso ,no calor do fogo, e aliado aos toques pessoais de quem mexe com esses ingredientes, é uma verdadeira magia de cura. E reunir as pessoas em volta da mesa para saborear o prato preparado é o grande ato final, o fechamento do ciclo, onde se comunga do mesmo sabor e da mesma energia.
Quem vier à minha casa vai ter a noção exata do que estou falando: assim que passar pela porta, a pessoa vai se sentar à minha mesa e nela irá vivenciar meus aromas e meus temperos misturados ao calor humano e momentos de descontração; não raro presenciará a alquimia da transformação dos alimentos que ocorre nas minhas panelas, enquanto termino de preparar algum prato, em meio a conversas e risos. Com muita frequência, os encontros na minha casa terminam ao som de música cantada e tocada, notas musicais misturadas ao aroma de café e
sabor da sobremesa.

Amigos americanos de meus filhos sabem que jamais pisarão impunemente o solo ítalo-brasileiro lá de casa, sem que o repertório cultural se expanda entre um brigadeiro, um pão de queijo, um churrasco ou uma bela massa, tudo sendo degustado num ambiente tipicamente latino.
Quantas vezes os ensaios do coral da igreja, do qual eu participava, aconteciam muito mais com o intuito de se jogar conversa fora em volta de uma mesa, do que propriamente cantar e tocar.Eram verdadeiras celebrações, repletas de quitutes, cantorias e muito riso.

O escritor Ruben Alves, impressionado com o filme A Festa de Babette, escreveu um texto no jornal Correio Popular, de Campinas(SP), sobre suas impressões e aqui reproduzo um trecho, que traduz exatamente meu pensamento e meu modo de vida:

"Quem pensa que a comida só faz matar a fome está redondamente enganado. Comer é muito perigoso. Porque quem cozinha é parente próximo das bruxas e dos magos. Cozinhar é feitiçaria, alquimia. E comer é ser enfeitiçado. Sabia disso Babette, artista que conhecia os segredos de produzir alegria pela comida. Ela sabia que, depois de comer, as pessoas não permanecem as mesmas. Coisas mágicas acontecem. E desconfiavam disso os endurecidos moradores daquela aldeola, que tinham medo de comer do banquete que Babette lhes preparara. Achavam que ela era uma bruxa e que o banquete era um ritual de feitiçaria. No que eles estavam certos. Que era feitiçaria, era mesmo. Só que não do tipo que eles imaginavam. Achavam que Babette iria por suas almas a perder. Não iriam para o céu. De fato, a feitiçaria aconteceu: sopa de tartaruga, cailles au sarcophage, vinhos maravilhosos, o prazer amaciando os sentimentos e pensamentos, as durezas e rugas do corpo sendo alisadas pelo paladar, as máscaras caindo, os rostos endurecidos ficando bonitos pelo riso, in vino veritas... Está tudo no filme A Festa de Babette. Terminado o banquete, já na rua, eles se dão as mãos numa grande roda e cantam como crianças... Perceberam, de repente, que o céu não se encontra depois que se morre. Ele acontece em raros momentos de magia e encantamento, quando a máscara-armadura que cobre o nosso rosto cai e nos tornamos crianças de novo. Bom seria se a magia da Festa de Babette pudesse ser repetida..."
Agora, ensino aqui, mais uma prática da minha "stregaria"*


*bruxaria italiana



TORTA de FRANGO
Recheio
_ 2 peitos de frango refogados e desfiados
_ 1 cebola pequena picada
_ 3 dentes de alho amassados
_ 3 colheres(sopa)de óleo vegetal
_ 1/2 xícara (chá) de molho de tomate
_ 1/2 xícara (chá) de água
_ 1 lata de milho cozido
_ 1 lata de ervilhas
_ 2 colheres(sopa) de farinha de trigo
_ 1 colher(sopa) de orégano
_ sal e pimenta a gosto

Numa panela media, refogar a cebola e o alho no óleo. Acrescentar o molho de tomate, o frango desfiado e, em seguida, a água. Deixar cozinhar por alguns instantes e adicionar o orégano, o sal e a pimenta, mexendo sempre.Juntar o milho e as ervilhas, e depois colocar a farinha de trigo, mexendo bem, enquanto a mistura engrossa. Apagar o fogo e reservar.


Massa

_ 3 xícaras (cha) de farinha de trigo
_ 1 xícara (chá) de amido de milho
_ 1 colher (sopa) de fermento em pó
_ 1 colher (chá) de sal
_ 2 ovos
_ 3/4 barra de manteiga ( barra de 100grs)em temperatura ambiente
_ 2/3 xícara (chá) de água morna


Numa tigela grande, misturar bem a farinha, o amido de milho, o fermento em pó e o sal. Adicionar os ovos e misturar com dos dedos. Colocar a manteiga e continuar misturando com os dedos, formando uma espécie de farofa. Juntar a água morna e amassar tudo com as mãos, até se formar uma massa homogênea e que se solte das mãos. Deixar descansar em local fechado por 20 minutos.

Para se fazer duas tortas em formas refratárias ( tipo Marinex 600 ml), dividir a massa em 4 partes e abrir cada uma por vez, com um rolo, colocando a massa entre duas folhas de plástico. Ajeitar a massa no fundo e nos lados da forma, rechear e cobrir com outro pedaço de massa aberta.Fechar a junção das duas partes, pressionando a massa, e depois selando com um garfo. Se sobrar um pouco de massa, enfeitar a superfície da torta e pincelar com gema de ovo.

Levar ao forno medio- alto, pré aquecido, por 30 minutos ou até que a superficie da torta esteja dourada.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Lendas dos Deuses do Olimpo

Dias depois de eu ter postado o tema sobre Mitos, algumas pessoas , entre elas o meu marido, reclamaram :" Ah, mas voce não falou muito sobre os deuses gregos, que pena!"
Pois é, tive que concordar que as queixas faziam sentido, afinal, a vida no Olimpo é tão digna de ser narrada quanto uma boa ficção, cheia de amores, desafetos, intrigas, cenas de ciume, compaixões ou revanches, e embora os deuses protagonizem cenas surreais, todas as emoções que expressam fazem parte do repertório humano.
Então, relato aqui algumas estorias ou lendas, dentro da sequência geralmente passada através dos tempos. A postagem é muito extensa, mas abrange lendas muito importantes da mitologia.



No início era o Caos, onde tudo existia, mas sem uma ordem.






Em determinado momento, houve a ordem e com isso surgiu Gaia ( a Terra). Gaia fez surgir do Caos, Urano ( o Ceu) e com ele gerou muitos filhos :
_ os Titãs - Oceano, Hiperíon, Crio, Coio, Jápeto e Cronos
_as Titânides - Téia, Tétis, Têmis, Rea, Febe e Mnimosine
_os Ciclopes - Arges, Brontés e Esteropés, divindades dos relâmpagos, dos trovões e dos raios
_os Hecatônquiros- gigantes violentos de ce
m braços

Ora, Urano detestou sua última criação e os mantinha presos no Tártaro (sabe-se lá onde é esse lugar...), o que os levou a odiar o pai.
Gaia, por sua vez, ficou magoada por não poder conviver com a rejeitada prole e incitou os filhos a se vingarem do pai. Cronos foi incumbido de cortar os testículos de Urano, e com isso libertou seus irmãos.
Mas o sangue saído do ferimento fecundou Gaia, e deu origem às Furias , aos Gigantes e às Ninfas.

Os testículos de Urano cairam no mar e formaram uma espécie de espuma fecundadora, originando Afrodite, que sai de uma concha e é levada ao Olimpo, tornando-se a deusa mais admirada por sua beleza, e sendo cultuada como a deusa do amor.
Cronos se senta, então, no trono dos deuses, se apaixona por Reia e tem filhos com ela. Mas devora todos os filhos que nascem, por medo que algum deles o traia, como fez com seu pai.
Reia, novamente grávida de Zeus, procura orientação para salvar pelo menos um filho, e quando este nasce, o entrega às Ninfas e no lugar, entrega a Cronos uma pedra envolvida em fraldas e mantos. Cronos engole a pedra e acredita devorar mais um filho.
Zeus cresce protegido , longe do pai, e na idade adulta decide conquistar o poder . Entrega `a sua mãe Reia uma droga e pede que ela faça seu pai tomar. Ao beber a droga, Cronos vomita todos os filhos devorados, devolvendo-lhes a vida. Zeus, assim, se une aos irmãos numa violenta batalha contra Cronos, que é vencido e expulso do ceu.
Zeus e os irmãos dividem o poder e a partir desse momento Hades passa a ter domínio sobre o inferno e o subterraneo, Poseidon passa a reinar o oceano, as correntes dos rios e os fenômenos da natureza ( maremotos, terremotos,etc) e Zeus passa a ter dominio sobre o ceu e a terra, a ser rei dos deuses e a dirigir todo o universo, mantendo a lei e a ordem e ditando o destino dos mortais.

Filhas de Cronos e Reia, que ficavam também no Olimpo, eram Deméter,deusa da colheita e responsável pelas estações do ano e Hestia, deusa do fogo e do lar.
Deméter teve uma filha, Perséfone, que foi raptada pelo tio Hades e levada ao mundo subterrâneo, casando-se com ele. Deméter, em seu desespero, parou de cultivar a terra e todas as plantações morreram. Depois da mediação de Zeus, acertou-se que Perséfone ficaria uma parte do ano com a mãe- quando a primavera, então, floresceria as plantas e o verão traria seus frutos, e outra parte do ano voltaria a morar com Hades, quando a tristeza e a saudade de Deméter dariam ao outono o tom das últimas colheitas e ao inverno, meses de terra infértil.


A primeira esposa de Zeus foi Metis, que acabou sendo engolida por ele quando estava grávida de Atena- o que não impediu o surgimento dessa deusa, que saiu da cabeça do pai já completamente desenvolvida. Atena é deusa da guerra justa, da sabedoria, das artes, da estratégia e dos ofícios.
A segunda esposa de Zeus foi Hera, uma das mais importantes deusas, protetora das mulheres, dos casamentos e dos nascimentos, e com Zeus formava o casal poderoso do Olimpo. Tiveram os filhos Hebe ( deusa da juventude) , Ilítia ( protetora dos partos), Ares (deus da guerra) e Hefesto ( deus do fogo e dos metais), que era feio e manco.




Mas Zeus envolveu-se em numerosos romances extra conjugais, tanto com deusas quanto com mulheres mortais, gerando filhos em todos eles. Hera vivia em guerra com as amantes do marido e investia sua ira nos filhos gerados com elas. E Zeus, burlando a vigilância de Hera, se transformava em diferentes animais para continuar a conquistar as amantes e se enconder de Hera.
Relato rapidamente alguns dos casos amorosos de Zeus, pois além de interessantes, deles nasceram deuses e semi deuses.

Do romance entre Zeus e a ninfa Leto, nasceram os gêmeos Apolo e Ártemis. Hera, sabendo da traição do marido, deixou Leto em maus momentos, tantas foram as perseguições feitas para dificultarem o parto dos gêmeos.



Apolo é o deus da luz do Sol, da música, da poesia e da profecia, e ainda o protetor das musas.Para ele foi dedicado o templo de Delfos.



Ártemis é a deusa da castidade, dos animais selvagens, da luz da Lua e da caça.


Zeus seduziu a princesa Sêmele disfarçando-se num belo rapaz e teve com ela Dionisio, deus do vinho, das festas e do prazer. Sêmele morreu carbonizada com as faiscas de Zeus, quando ele voltou à forma de deus, atendendo o pedido da amada ( ideia plantada por Hera, claro...)

Maia, uma tímida ninfa da Arcádia, a mais velha das sete filhas de Atlas e Pleiones, despertou a atenção de Zeus e com ele tinha encontros secretos, gerando o deus Hermes.

Hermes era mensageiro dos deuses,e também, mediador das alianças entre os deuses e os povos, assim como mediava as declarações de guerra. Ocupava-se das querelas e dos amores dos deuses, acompanhava Hera por toda parte, tentando impedir ou amenizar seus planos de vingança, e vivia fazendo favores para Zeus. Conduzia ao Inferno as almas dos mortos com o seu caduceu; algumas vezes reconduzia-as à terra. Ninguém morria antes que ele tivesse inteiramente rompido os laços que unem a alma ao corpo.
As primeiras descrições literárias sobre Hermes datam do período arcaico da Grécia, e o mostram nascendo na Arcádia. Já no primeiro dia de vida realizou várias proezas e exibiu vários poderes: furtou cinquenta vacas de seu irmão Apolo, inventou o fogo, os sacrifícios, sandálias mágicas e a lira. No dia seguinte, perdoado pelo furto das vacas, foi investido de poderes adicionais por Apolo e por seu pai Zeus, e por sua vez concedeu a Apolo a arte de uma nova música, sendo admitido no Olimpo como um dos grandes deuses.
A beleza da sacerdotisa Io despertou a paixão de Zeus.Para cortejá-la, cobriu o mundo com um manto de nuvens escuras, escondendo seus atos da visão de Hera. A estratégia falhou e a deusa, desconfiada, desceu do monte Olimpo para averiguar o que estava acontecendo. Numa vã tentativa de iludir sua esposa ciumenta, o deus transformou sua amante em uma belíssima novilha branca. Intrigada pelo interesse do marido no animal e maravilhada com a beleza do mesmo, Hera exigiu a novilha para si e a pôs sob a guarda do gigante Argos Panoptes.Zeus enviou Hermes para libertar Io, que apesar de livre continuou sob perseguição de Hera. Depois de muito tempo perambular pelo mundo sob forma de vaca, lhe foi restaurada a forma humana, num acordo entre Zeus e Hera. Io, então teve um filho com o sedutor deus, e a criança se chamou Épafo.Quando o ocorrido chegou aos ouvidos de Hera, esta mandou rapta-lo, mas o menino foi logo recuperado pela mãe, que o criou em paz.Para conquistar a princesa Europa, Zeus se transformou em um lindo touro branco e quando a bela montou em seu dorso, ele correu para o mar e a levou consigo para a ilha de Creta. Lá ele voltou a forma normal e se uniu à princesa. Da união nasceram Sarpidon, Radamantes e Mino.

O modo que Zeus encontrou de seduzir Danae, princesa de Argos, foi se transformar em chuva de ouro e, dela nasceu Perseu.

Já Alcmena era casada com o rei de Tebas, que estava ausente numa guerra quando Zeus, atraído por sua beleza, decidiu seduzi-la. Para isso, tomou as feições do marido de Alcmena e se apresentou, dizendo já ter cumprido com êxito a sua missão na batalha e contando os feitos heroicos à saudosa esposa. Dessa forma se deitou com a rainha e assim geraram Hércules.
Quando Hera ficou sabendo da traição de Zeus com Alcmena, tentou primeiro matar Hércules, quando ainda era bebê, enviando uma serpente em seu berço. O menino estrangulou a serpente com sua própria força.Hera, então, esperou a idade adulta do menino e numa grande intriga provocou em Hércules um ataque de fúria, que o levou a matar sua esposa Mégara e seus três filhos. Como punição pelo crime, o oráculo de Delfos o incumbiu de doze tarefas de extremo risco. Essas tarefas são chamadas de “Os doze trabalhos de Hércules”.
São eles:


- Matar o leão de Neméia – Hércules o estrangulou.

- Destruir um monstro de sete cabeças que cuspia fogo – o monstro era a hidra de Lerna, que Hércules matou.

- Capturar a corça de Gerínia – Hércules a capturou viva, sendo que ela tinha chifres de ouro e pés de bronze.

- Acabar com um javali selvagem gigantesco – Hércules capturou vivo o javali de Erimanto.

- Limpar em um só dia o curral do rei Augeasos – Hércules limpou o estábulo que já não havia sido limpo nos últimos trinta anos, e no qual havia três mil bois.

- Acabar com as aves do lago Estinfale – Hércules matou as aves antropófagas dos pântanos com flechas envenenadas.

- Capturar um touro louco na ilha de Creta – Hércules capturou o touro vivo, apesar do mesmo lançar chamas pelas narinas.

- Eliminar as éguas do rei Trácia – Hércules capturou as éguas antropófagas de Diomedes, domando-as.

- Roubar o cinto de ouro da rainha Hipólita – Hércules conseguiu, após longas batalhas, obter o cinturão de Hipólita, rainha das guerreiras amazonas.

- Capturar os bois selvagens de Gerião, da ilha de Eritéia – Hércules capturou o rebanho de bois vermelhos, após ter matado Gerião, que tinha três corpos.

- Roubar as maçãs douradas das ninfas no jardim das Espérides – Hércules recuperou as três maçãs de ouro do jardim, por intermédio de Atlas.

- Capturar o cão de três cabeças Cérbero, guardião dos portões do inferno – Hércules capturou o cão, que além das três cabeças, tinha cauda de dragão e pescoço de serpente.

Ao realizar as doze tarefas, além de se redimir pela morte de sua esposa e de seus filhos, Hércules conquistou a imortalidade


Zeus, apesar de toda a sua experiência com o universo feminino, não escapou da saia justa que Atena, Ártemis e Hestia criaram ao pedir que Zeus prejudicasse Afrodite com alguma coisa, ja que estavam enciumadas com tantos encantos da deusa do amor e da beleza. Propuseram que Afrodite se casasse com o deus mais feio do Olimpo, Hefesto , irmão de Ares ( por quem Afrodite era apaixonada). Zeus não teve como recusar o pedido e Afrodite casou-se com Hefesto contra sua vontade, mas manteve o romance com Ares, mesmo casada.
Do romance entre Ares e Afrodite nasceram, entre outros deuses, Harmonia e Eros.
Eros , deus do amor, conhecido como Cupido, lançava suas setas em deuses e mortais, fazendo com que se apaixonassem. Um dia, acidentalmente, espetou-se numa de suas flechas e se apaixonou por Psique ( Alma), uma bela mortal, tão bela que provocou ciumes em Afrodite, pois os homens deixavam de venerar a deusa para admirar essa linda mortal. O problema é que a seta seria para que Psique se apaixonasse por um monstro, a pedido da furiosa Afrodite, mas o reultado saiu bem diferente do esperado e Eros decidiu, por bem, esconder o romance de sua mãe, tomando secretamente Psique como esposa.
Para isso, nunca se revelava a Psique, e permanecia com a esposa apenas usando um capuz, para que ela não o visse. A bela jovem sentia na carne e na alma o grande amor e carinho do marido, mas sem nunca ver seu rosto. Um dia, cheia de curiosidade, resolveu tirar o capuz do amado, enquanto este dormia, e ficou impressionada com a sua beleza. Sem querer, derramou um pouco de azeite quente sobre seu ombro e o acordou. Este ficou desesperado e fugiu, dizendo que fora traido e que o amor não poderia sobreviver sem a confiança. Psique fica, então, sozinha e desesperada com seu erro, e assim decide reconquistar o amado. Implora à Afrodite ( a sogra) que a ajude na reconquista e a deusa finge que lhe concede o pedido, impondo-lhe trabalhos dificílimos de executar, esperando assim, que Psique não seja bem sucedida. A bela mortal, porém, executa todas as tarefas com perfeição, não restando a Afrodite senão concordar com o romance.Entre muitas desventuras e desencontros, finalmente Psique e Eros voltam a ficar juntos e a bela é transformada em imortal. Mais tarde os dois tem uma filha, que dão o nome de Prazer.

O Olimpo está cheio de estorias interessantes, e caberia aqui várias postagens para se contar sobre cada deus ou deusa. Porém, mais interessante é descobrir que cada estoria (ou lenda) tenta explicar os fenômenos e os sentimentos humanos, através de simbolismos e alegorias e, com isso, traçar paralelos com a vivência humana.

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