terça-feira, 17 de julho de 2012

Flor de Hibisco






Há um tempo que ficou para trás ( há mais de uma década...risos...), quando eu morava em Santo André, um dos meus programas favoritos era frequentar uma famosa casa de chá egipcia de São Paulo. O que mais me fascinava  naquele lugar era o ambiente impregnado de exotismo nos sons, imagens e aromas, que estimulavam minha fantasia e me transportavam para o Egito, ou melhor, para o  Egito da minha imaginação. As dançarinas de dança do ventre que se apresentavam lá, sempre  boas profissionais,  pareciam divindades girando entre véus pelas várias salas em que se dividia a casa. Naquele ambiente, todos os sentidos eram despertados de modo pleno, com as músicas, os aromas e sabores dos chás, dos quitutes e dos perfumes das dançarinas, além dos  movimentos sinuosos de corpos e véus mostrados nas danças. Para mim, contudo, saborear o chá de Karkadeh, bebida típica do Egito, confortavelmente sentada numa das almofadas que serviam de assento em torno de pequenas mesas, enquanto desfrutava de tudo o que era oferecido, acrescentava um brilho a mais na experiência. Aquele chá vermelho de sabor único ficava na minha memória olfativa e palativa por vários dias.

Tempos depois, aprendi que esse chá que os egípcios chamam de Karkadeh, é feito com flores de Hibisco,  mas não  esses comuns de jardim, que chamamos de Flor de Mimo ou Mimo de Venus,  e sim o Hibiscus Sabdariffae L., conhecida por muitos nomes pelo Brasil afora: vinagreira, azedinha, flor de groselha, rosela, caruru azedo, quiabo roxo e outros mais; bem ao alcance de nós cidadãos brasileiros, porque a planta tambem é cultivada  em solo nacional. 
Embora não se saiba ao certo sua origem, o mais provável é que tenha surgido na África, onde parece ter sido cultivada inicialmente a partir de suas sementes. A planta chegou ao Brasil  trazida pelos africanos da região da Guiné (que eram traficados como escravos), onde se adaptou bem às regiões de clima tropical e subtropical, ocorrendo o mesmo em toda a América ( Novo Mundo ) no período escravagista.
Mundialmente é uma planta muito utilizada na culinária e na medicina alternativa. No Brasil, o Norte e o Nordeste têm tradição do uso da vinagreira (como é conhecida) na culinária regional, especialmente no Maranhão, onde é ingrediente do prato típico Arroz de Cuxá.




Flores secas





Flores Frescas
As propriedades terapêuticas do Hibisco são muitas, destacando-se sua ação diurética e auxílio em casos de hipertensão e infecções do trato urinário. Diminui os níveis de colesterol,  evita a diabetes tipo 2, e por ter ação laxante, favorece o organismo em caso de constipações. Acelerador do metabolismo, auxilia no processo de emagrecimento.

Sobre as propriedades mágicas, seu elemento é o Ar, é  regida pelo Sol, mas devida a forma de cálice das flores, é associada à Venus. E claro, vinda da África, no panteão dos Orixás é associada a Xangô.

O Hibisco é usado na culinária em molhos, cozidos, geléias, refrescos e chás. E voltando a falar em chá, quando quero relembrar o sabor do Karkadeh, faço meu próprio chazinho e fico num canto gostoso da casa, apreciando seu sabor que fica entre um leve azedinho e  suave adocicado. Ainda não conheci o Egito, mas não faltam planos.



Chá de Flores de Hibisco

_2 xícaras (chá) de água
_1 colher (sopa) de flores secas de hibisco
Aquecer a água ao ponto de fervura, adicionar as flores secas, desligar o fogo, e abafar por 10 minutos ( infusão). Coar e servir o chá, adoçado ou não.


Ousando um pouquinho,  cozinhar peras numa espécie de chá forte de hibisco rende um resultado maravilhoso. Eu conhecia peras ao vinho, muito tradicionais na cozinha francesa, mas fiquei surpresa quando descobri que peras na calda de flor de hibisco são tambem muito comuns entre os franceses. Modifiquei a quantidade de açúcar, mais ao gosto brasileiro.

Peras em Calda de Flores de Hibisco   
_ 6  peras pequenas (  portuguesa )
_ suco de 1 limão
_1 litro de água filtrada
_1 xícara (chá) de açúcar
_4 colheres (sopa) cheias de flores secas de hibisco
_6 estrelas de aniz
_1/2 fava de baunilha cortada ao meio
_lascas de gengibre fresco
- sementes de 10 capsulas de cardamomo



Descasque as peras com cuidado, mantendo-lhes as formas. Banhe-as no suco de limão e reserve.
Numa panela media funda, ferva a água e em seguida mergulhe as flores secas de hibisco,  apagando o fogo e deixando em infusão por 30 minutos. Coe o líquido, retirando as flores e retorne-o ao fogo juntando o açúcar , o aniz, a baunilha, cardamomo e o gengibre. Levante fervura, adicione as peras,  abaixe  o fogo e mantenha a calda no fogo médio, cozinhando as peras, em panela semi tampada.

 Deixe cozinhar por cerca de 40 minutos, dando uma mexida de vez em quando. As peras devem ficar macias, mas não desmanchando; espetando com um garfo, este deve entrar com certa facilidade.. Retirar as peras da panela e coloca-las num recipiente de vidro ou compoteira, junto à calda formada. Caso deseje dobrar a receita, retire as peras depois de 40 minutos e mantenha a calda no fogo para dar o ponto. Deixar esfriar e levar à geladeira, deixando as peras de molho na calda. De preferência servir de um dia para outro. Servir quente ou gelado, acompanhado de chantily, sorvete de creme ou creme de leite de mesa.


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