segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Os Símbolos do Natal

O Natal que celebramos hoje é um amálgama de várias tradições da Antiguidade, grande parte de origem pagã, que foram adaptadas no decorrer dos séculos aos ensinamentos cristãos. Justamente por conter elementos vindos de diferentes culturas, é celebrado com uma variação muito grande de símbolos e tradições. Não bastasse a infinidade de símbolos, alguns estão presente nas tradições de um país, mas não nas de outro, especialmente em se tratando das Américas, cuja colonização foi feita por no mínimo 3 nações diferentes, e cada qual trouxe para sua colonia as crenças e costumes típicos.
Elegi alguns símbolos natalinos, parte deles tradicionais no Brasil,  e outros, novidades trazidas pela mídia, e sobre eles discorro a cerca de suas origens e seus significados. Vamos à eles.

Presépio- é atribuido a São Francisco de Assis a criação do primeiro presépio, em 1223, que montou numa gruta da cidade italiana de Greccio, um presépio de palha, com uma imagem do Menino Jesus, um boi e um jumento vivos ao lado da imagem, para falar ao povoado sobre o Nascimento do Menino Jesus, numa missa de Natal. São Francisco havia regressado de uma viagem à Terra Santa, onde visitou o lugar do nascimento de Jesus, que o inspirou  a retratar a cena para a celebração do Natal.  O sucesso dessa representação da Natividade foi tão grande, que presépios passaram  a ser montados nas igrejas e catedrais da Italia, se estendendo rapidamente por toda Europa. Séculos mais tarde, o presépio passou a decorar as casas nobres européias e de lá foi se popularizando até as classes mais pobres.
No Brasil, em 1552, o padre José de Anchieta apresentou a cena do presépio pela primeira vez aos índios e colonos portugueses.

Estrela de Belém e os Reis Magos- Os Reis Magos são figuras constantes em relatos da Natividade e nas celebrações natalinas. É atribuida aos Magos a tradição de se trocar presentes no Natal,  baseada na passagem bíblica que conta que eles ofereceram presentes ao Menino Jesus por ocasião de seu nascimento. Muito embora o costume de se trocar presentes nessa época natalina remonte as comemorações do Solstício de Inverno, anteriores ao Natal.
Sobre os Reis Magos, o Evangelho cita apenas essas passagens no livro de São Mateus:“Tendo pois nascido Jesus em Belém de Judá, em tempo do rei Herodes, eis que vieram do Oriente uns magos a Jerusalém, dizendo: onde está o rei dos judeus, que é nascido? Porque nos vimos no Oriente a sua estrela e viemos adorá-lo".( Mt 2, 1-2 )
"Entrando na casa, viram o menino (Jesus), com Maria sua mãe. Prostando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, entregaram-lhe suas ofertas: ouro, incenso e mirra." (Mt 2, 11).


"E avisados por Deus em sonho a não voltarem à presença de Herodes, regressaram por outro caminho a sua terra" (Mt 2, 12).
Segundo a tradição cristã, seria no dia 6 de janeiro que o Menino Jesus recebeu a visita dos Reis Magos, guiados por uma estrela que mostrava Belem da Judeia como o local de seu nascimento. Esta data, festejada como o  Dia de Reis e dedicada à troca de presentes em muitos países, marca para os católicos o encerramento das festas natalinas. Para uma informação mais detalhada sobre quem foram os Reis Magos e sobre a tradição da troca de presentes, leia a postagem Regalos dos Reis Magos.

Árvore de Natal- é uma tradição que tem raízes na celebração do Solstício de Inverno, em tempos remotos, quando se considerava o Carvalho uma árvore sagrada, símbolo do Sol que imperava e por isso, significava força, resistência, proteção e boa sorte. Na noite mais longa do ano, as pessoas faziam uma enorme fogueira ao ar livre com um tronco bem grande de carvalho, ou levavam para casa troncos pequenos para queimar na lareira das casas, para trazer sorte na nova metade do ano, em que o sol voltaria a reinar. Pinheiros, abetos, cedros e zimbros também eram ligados às comemorações do Solstício pelos Celtas, porque permanecem com a folhas verdes durante o inverno, simbolizando a continuidade da vida. Eram decorados com objetos que representassem o sol, a lua e as estrelas. Mais tarde, na Idade Media, povos da Alemanha e da Escandinávia colocavam pinheiros dentro de casa para expressar a esperança depositada na primavera que depois viria. E foi com base nessa tradição é que surgiram as atuais árvores de Natal, sendo essa tradição incorporada pelos cristãos no decorrer dos séculos, em meio a muita polêmica, decretos e leis revogadas pela Igreja.
No século VII, São Bonifacio, um monge inglês que foi enviado à Alemanha, usava a forma triangular do Abeto ( espécie de pinheiro ) para explicar a Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo, e dizia ser essa a Árvore de Deus, como forma de  transição na conversão de pagãos que reverenciavam o Carvalho.
Conta a lenda que Martin Lutero, reformista cristão, trouxe um pinheiro para dentro de casa e o decorou com velas para simbolizar Jesus como Luz do mundo.
Com o surgimento das Feiras de Natal ( Christmas Market ) na Alemanha em torno do século XV, e sua propagação pela Europa, a partir do século XVII, comercializando artigos de Natal, começou-se a decorar pinheiros com biscoitos ( gingerbreads ), papeis coloridos, enfeites de cera e velas, e posteriromente, pingentes de prata. Essa tradição, inicialmente rejeitada pelos imigrantes puritanos que colonizaram a América do Norte, acabou sendo aderida ao Natal americano.


Papai Noel-  figura lendária que traz presentes para as crianças boas ( nos paises de inverno rigoroso ele entra nas casas pela chaminé ) na noite da véspera do Natal ( 24 de dezembro ) ou no dia de São Nicolau ( 6 de dezembro ), conhecida em todo Ocidente. Esse personagem é inspirado num bispo, que viveu na Anatolia (atual Turquia) no século IV, e que nascido numa familia rica, repartia seus bens com os pobres. Seu nome era Nicolau ( Nicholas ) e conta-se que ele colocava um saco com moedas de ouro na chaminé das casas dos necessitados. Foi canonizado pela Igreja Católica, depois que muitos milagres lhe foram atribuídos,  tais como acalmar a fúria dos mares e salvar marinheiros em perigo, ou ainda, salvar crianças, além de ajudar os pobres. Assim, tornou-se Sao Nicolau, santo protetor dos marinheiros ( seus restos mortais foram levados para um túmulo em Bari, cidade portuária na Italia, onde é devotado ). Por toda  Europa, passou a ter sua figura relacionada com as crianças, a quem deixava presentes, vestido com o traje vermelho de bispo e montado num cavalo branco. Logo, passou a fazer parte das tradições natalinas.
Nos Estados Unidos, ainda na época da colonização, ingleses e holandeses trouxeram a lenda de Sao Nicolau, que logo foi transformado em Santa Claus, velhinho bondoso e barrigudo, que distribuia presentes, vestido com casaco e capuz vermelhos. No século XIX, alguns livros publicados para crianças, mencionavam Santa Claus, acrescentando que o velhinho usava um trenó  puxado por renas , onde carregava um saco cheio de brinquedos para distribuir entre a crianças boas, na noite anterior ao Natal.
A partir de 1930, a mídia consolidou a tradição de Santa Claus, ou Papai Noel para nós brasileiros, que existe hoje.

Meias ou Botas de Natal - Essa tradição vem dos países do norte da Europa, onde as crianças penduravam suas meias na lareira, esperando que São Nicolau as enchesse de presentes, como doces, pequenos brinquedos ou moedas. Na Espanha e parte da França, as crianças deixavam seus sapatos na janela, esperando que os Reis Magos, no dia 6 de janeiro, deixassem seus pequenos presentes dentro dos calçados.



Guirlandas- Em tempos remotos, entre rituais de inverno dos Celtas, se confeccionava coroas com folhas de pinheiros ou abetos e azevinhos ( plantas que continuam verde durante o inverno ), com 4 velas dispostas nas 4 direções norte, sul, leste e oeste, representando os 4 elementos água, terra, fogo e ar. Esses rituais eram praticados para garantir a continuidade do ciclo da vida. Sendo essa mais uma tradição adaptada ao Cristianismo, a guirlanda passou a significar eternidade de Deus ( O que não tem começo e nem fim ), e ser usada no Advento, período que antecede o nascimento de Jesus. Também feita com 4 velas, cada qual é ascesa em cada domingo que antecede o Natal, junto com uma prece.

Pendurada na porta de entrada das casas, a guirlanda ganha laços de fitas, pinhas, bolas natalinas, estrelas, etc. e seu significado passa a ser paz, alegria e proteção e é muito usada como decoração de Natal.

Bonequinhos de Biscoitos de Gengibre ou Gingerbread Man -

São muito comuns nessa época das festas e antigamente eram usados para decorarem as árvores de Natal. Há variações na textura dos biscoitos, bem como na concepção do que seja um Gingerbread. Nos Estados Unidos, e, principalmente na Europa, de onde se originaram esses bolos e biscoitos tão tradicionais no Natal, existem várias formas de se prepará-los. Alguns insistem que o Gingerbread é um biscoito, outros afirmam que se trata de um bolo macio, e outros ainda, acham que é um bolo cuja consistência equivale ao nosso Pao de Mel. O que todas as receitas têm em comum é que levam mel ou melado, gengibre e especiarias.
O gengibre é originário da Ásia, e já era usado na China e India há 7000 anos.
Embora se saiba que os gregos e romanos já faziam uso do gengibre, trazido da antiga Persia, a raiz teve seu uso difundido na Europa, no tempo das Cruzadas, quando os europeus a trouxeram do Oriente Medio para fins medicinais e como preservativo dos alimentos. Provavelmente sejam esses os motivos para que a cozinha medieval tenha incluído o gengibre em suas receitas.
Foi  nos mosteiros europeus que se criaram as receitas  dos bolos e biscoitos para o Natal. Os primeiros gingerbreads eram  de massa rústica a base de mel, farinha, gengibre, farinha de rosca e especiarias e eram moldados em formato de humanoides, animais, figuras bíblicas ou castelos, e logo, cairiam no gosto popular, como enfeites de árvores de Natal ou presentes.

Cores Verde e Vermelho- Essas cores típicas das festas natalinas são, na verdade, remanescentes da celebração pagã do Solsticio de Inverno, anterior ao Natal. O verde estaria ligado aos pinheiros e abetos, cujas folhagens se mantem vivas durante o inverno, e simbolizavam a eternidade. O vermelho era associado aos azevinhos e pequenas frutas silvestres de cor vermelha, que contrastam com o branco da neve e o cinza da estação ( troncos e galhos sem folhagens ).
Com a cristianização da celebração, a cor verde passou a simbolizar a eternidade de Deus, trazendo vida e esperança para o homem, representada no Pinheiro e o vermelho, o amor e a confraternização, ou ainda, o sangue de Cristo dado em sacrifício.
Não se pode esquecer, contudo, que em décadas recentes, a cor vermelha tem sido associada à roupa do Papai Noel, que acabou sendo a figura lúdica do nosso moderno Natal.

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