sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Biscoitos Gingerbread Man

Como os biscoitos de gingerbread foram bem citados no tema de Natal, resolvi publicar uma receitinha. A maioria das receitas pedem melado de cana de açúcar, mas algumas levam mel. Para quem aprecia sabores mais delicados, recomendo o uso do mel na receita, e para os que apostam num sabor mais marcante, aconselho o uso do melado.
Quanto ao gengibre, aqui nos Estados Unidos geralmente usa-se o em pó, encontrado em qualquer supermercado. Mas o gengibre fresco confere ao biscoito um sabor mais autêntico.
E uma dica: no momento de adicionar a farinha, considere colocar as 3 xícaras e testar se é o suficiente para que a massa fique meio firme e macia, deixando uma outra 1/2 xícara reservada para o caso de se realmente precisar para dar o "ponto" na massa. Falo com conhecimento de causa, pois a mesma receita pode ter diferentes resultados, dependendo da farinha utilizada. Em todo caso, é bom lembrar que se trata de uma massa não muito firme, por essa razão é que se leva à geladeira para firmar mais.
Use o cortador de biscoitos no formado que preferir, caso não queira, ou não tenha o cortador em forma de bonequinho. E a melhor parte virá no momento de se decorar os biscoitos. Prepare-se para assistir a disputa de quem faz o melhor desenho no biscoito, incluindo os marmanjos.
Feliz Natal!

Biscoitos Gingerbread




3 xícaras (chá) de farinha de trigo ( ler comentário acima)
1/2 colher (chá) de sal
1/2 colher (chá) de fermento em pó
1/2 colher (chá) de bicarbonato de sodio
1/2  xícara (chá) de manteiga amolecida
1/2 xícara (chá) de mel ou de melado de cana
1/2 xícara (chá) de açúcar mascavo
1 colher (chá) de canela em pó
1 colher (chá) de noz moscada
1/2 colher (chá) de cravo moido
1 colher (chá) de gengibre em pó ou 1 colher (sopa) de gengibre fresco ralado
1 ovo batido
Numa vasilha, misture a farinha, o sal, o bicarbonato e o fermento em pó.Reserve.
Na batedeira, bata a manteiga com o açúcar, depois junte o mel ( ou melado ). Adicione o ovo batido, depois o gengibre, a canela, noz moscada e cravo moído, e bata mais um pouco. Por fim, comece a adicionar os ingredientes secos aos poucos, misturando bem, inicialmente com uma colher, e à medida que se formar uma massa mais grossa comece a amassar com os dedos. Divida a massa em duas partes, e cada uma envolva em filme plástico, levando à geladeira por 3 horas ou mais.
Quando for cortar os biscoitos, pegue pequenas porções da massa, coloque entre duas folhas plásticas ( use saco para congelados) e passe o rolo em cima, deixando a massa com espessura de 1/2 centímetro ou menos. Use o cortador de biscoitos e coloque um a um numa forma rasa untada e forrada com papel manteiga.
Asse em forno pré aquecido a 180 C ou 350 F, por 10 ou 12 minutos. Esfrie os biscoitos numa grade e depois decore á gosto.


Glacê para decorar:
 _ 1 xícara (chá) de açúcar de confeiteiro
 _ 1 colher (sopa) de água
 _ 1 colher (café) de suco de limão


Faça uma mistura grossa com os ingredientes e decore os biscoitos usando um pincel fino ou um palito ( palitos de fósforos funcionam bem).

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Gingerbread para o Natal



Vivendo nos Estados Unidos há 10 anos, aprendi as tradições natalinas desse país, e algumas foram incorporadas na família. Desnecessário dizer que foi a culinária quem ganhou mais com isso. Compartilho uma receita popular na época de Natal, cuja variação é tão grande quanto as simbologias natalinas.
Trata-se do Gingerbread, muito parecido com o Pão de Mel brasileiro, e que pode ser feito na consistência de biscoitos, ou de pães e bolos.
Gosto da versão em forma de bolo, deliciosa como sobremesa ou para acompanhar um café, e nada trabalhosa no preparo.

Bolo de Mel e Especiarias ( Gingerbread Cake)



2/3 xícara (chá) de mel (cerca de 150 gr)
1/2 xícara (chá) de leite quente
1/2 xícara (chá) de manteiga derretida (cerca de 90gr)
2 xícaras ( chá) de farinha de trigo
1 colher (chá) de fermento em pó
1/2 xícara (chá) de açúcar mascavo
1 ovo batido
1 pitada de sal
1 colher (sopa) de gengibre fresco ralado
1 colher ( sobremesa) de raspas de casca de laranja
1 colher (chá) de canela em pó
1 colher (chá) de noz moscada ralada
1 colher (chá) de cravo moido


Pré aqueça o forno a 180 C. Unte bem uma forma com manteiga, pode ser redonda  com cerca de 23 cm de diâmetro ou uma forma de bolo inglês.
Numa tigela, misture a farinha de trigo com o fermento em pó e a pitada de sal. Reserve.
Numa outra tigela, misture o mel com o leite quente. Adicione a manteiga derretida, e em seguida, a mistura da farinha. Misture bem, batendo um pouco. Adicione o açúcar e o ovo batido e misture, formando um "mingau" homogêneo. Por fim, junte a especiarias: gengibre, raspas de casca de laranja, noz moscada, canela e cravo moido.
Despeje a massa na forma untada e leve para assar no forno pré aquecido por cerca de 35 minutos, ou até que espetando um palito, este saia seco.


Cobertura: 1 xícara (chá) de açúcar de confeiteiro
                  suco de 1/2 laranja
                  canela em pó para decorar

Misture o açúcar com o suco de laranja, formando uma massa líquida e grossa. Espalhe sobre o bolo e salpique um pouco de canela.

Se preferir, derreta uma barra de 180 gr de Chocolate ao Leite picado com 1 colher (sopa) de manteiga, em banho maria, e espalhe como cobertura do bolo, ao invés do glacê de açúcar.



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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Os Símbolos do Natal

O Natal que celebramos hoje é um amálgama de várias tradições da Antiguidade, grande parte de origem pagã, que foram adaptadas no decorrer dos séculos aos ensinamentos cristãos. Justamente por conter elementos vindos de diferentes culturas, é celebrado com uma variação muito grande de símbolos e tradições. Não bastasse a infinidade de símbolos, alguns estão presente nas tradições de um país, mas não nas de outro, especialmente em se tratando das Américas, cuja colonização foi feita por no mínimo 3 nações diferentes, e cada qual trouxe para sua colonia as crenças e costumes típicos.
Elegi alguns símbolos natalinos, parte deles tradicionais no Brasil,  e outros, novidades trazidas pela mídia, e sobre eles discorro a cerca de suas origens e seus significados. Vamos à eles.

Presépio- é atribuido a São Francisco de Assis a criação do primeiro presépio, em 1223, que montou numa gruta da cidade italiana de Greccio, um presépio de palha, com uma imagem do Menino Jesus, um boi e um jumento vivos ao lado da imagem, para falar ao povoado sobre o Nascimento do Menino Jesus, numa missa de Natal. São Francisco havia regressado de uma viagem à Terra Santa, onde visitou o lugar do nascimento de Jesus, que o inspirou  a retratar a cena para a celebração do Natal.  O sucesso dessa representação da Natividade foi tão grande, que presépios passaram  a ser montados nas igrejas e catedrais da Italia, se estendendo rapidamente por toda Europa. Séculos mais tarde, o presépio passou a decorar as casas nobres européias e de lá foi se popularizando até as classes mais pobres.
No Brasil, em 1552, o padre José de Anchieta apresentou a cena do presépio pela primeira vez aos índios e colonos portugueses.

Estrela de Belém e os Reis Magos- Os Reis Magos são figuras constantes em relatos da Natividade e nas celebrações natalinas. É atribuida aos Magos a tradição de se trocar presentes no Natal,  baseada na passagem bíblica que conta que eles ofereceram presentes ao Menino Jesus por ocasião de seu nascimento. Muito embora o costume de se trocar presentes nessa época natalina remonte as comemorações do Solstício de Inverno, anteriores ao Natal.
Sobre os Reis Magos, o Evangelho cita apenas essas passagens no livro de São Mateus:“Tendo pois nascido Jesus em Belém de Judá, em tempo do rei Herodes, eis que vieram do Oriente uns magos a Jerusalém, dizendo: onde está o rei dos judeus, que é nascido? Porque nos vimos no Oriente a sua estrela e viemos adorá-lo".( Mt 2, 1-2 )
"Entrando na casa, viram o menino (Jesus), com Maria sua mãe. Prostando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, entregaram-lhe suas ofertas: ouro, incenso e mirra." (Mt 2, 11).


"E avisados por Deus em sonho a não voltarem à presença de Herodes, regressaram por outro caminho a sua terra" (Mt 2, 12).
Segundo a tradição cristã, seria no dia 6 de janeiro que o Menino Jesus recebeu a visita dos Reis Magos, guiados por uma estrela que mostrava Belem da Judeia como o local de seu nascimento. Esta data, festejada como o  Dia de Reis e dedicada à troca de presentes em muitos países, marca para os católicos o encerramento das festas natalinas. Para uma informação mais detalhada sobre quem foram os Reis Magos e sobre a tradição da troca de presentes, leia a postagem Regalos dos Reis Magos.

Árvore de Natal- é uma tradição que tem raízes na celebração do Solstício de Inverno, em tempos remotos, quando se considerava o Carvalho uma árvore sagrada, símbolo do Sol que imperava e por isso, significava força, resistência, proteção e boa sorte. Na noite mais longa do ano, as pessoas faziam uma enorme fogueira ao ar livre com um tronco bem grande de carvalho, ou levavam para casa troncos pequenos para queimar na lareira das casas, para trazer sorte na nova metade do ano, em que o sol voltaria a reinar. Pinheiros, abetos, cedros e zimbros também eram ligados às comemorações do Solstício pelos Celtas, porque permanecem com a folhas verdes durante o inverno, simbolizando a continuidade da vida. Eram decorados com objetos que representassem o sol, a lua e as estrelas. Mais tarde, na Idade Media, povos da Alemanha e da Escandinávia colocavam pinheiros dentro de casa para expressar a esperança depositada na primavera que depois viria. E foi com base nessa tradição é que surgiram as atuais árvores de Natal, sendo essa tradição incorporada pelos cristãos no decorrer dos séculos, em meio a muita polêmica, decretos e leis revogadas pela Igreja.
No século VII, São Bonifacio, um monge inglês que foi enviado à Alemanha, usava a forma triangular do Abeto ( espécie de pinheiro ) para explicar a Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo, e dizia ser essa a Árvore de Deus, como forma de  transição na conversão de pagãos que reverenciavam o Carvalho.
Conta a lenda que Martin Lutero, reformista cristão, trouxe um pinheiro para dentro de casa e o decorou com velas para simbolizar Jesus como Luz do mundo.
Com o surgimento das Feiras de Natal ( Christmas Market ) na Alemanha em torno do século XV, e sua propagação pela Europa, a partir do século XVII, comercializando artigos de Natal, começou-se a decorar pinheiros com biscoitos ( gingerbreads ), papeis coloridos, enfeites de cera e velas, e posteriromente, pingentes de prata. Essa tradição, inicialmente rejeitada pelos imigrantes puritanos que colonizaram a América do Norte, acabou sendo aderida ao Natal americano.


Papai Noel-  figura lendária que traz presentes para as crianças boas ( nos paises de inverno rigoroso ele entra nas casas pela chaminé ) na noite da véspera do Natal ( 24 de dezembro ) ou no dia de São Nicolau ( 6 de dezembro ), conhecida em todo Ocidente. Esse personagem é inspirado num bispo, que viveu na Anatolia (atual Turquia) no século IV, e que nascido numa familia rica, repartia seus bens com os pobres. Seu nome era Nicolau ( Nicholas ) e conta-se que ele colocava um saco com moedas de ouro na chaminé das casas dos necessitados. Foi canonizado pela Igreja Católica, depois que muitos milagres lhe foram atribuídos,  tais como acalmar a fúria dos mares e salvar marinheiros em perigo, ou ainda, salvar crianças, além de ajudar os pobres. Assim, tornou-se Sao Nicolau, santo protetor dos marinheiros ( seus restos mortais foram levados para um túmulo em Bari, cidade portuária na Italia, onde é devotado ). Por toda  Europa, passou a ter sua figura relacionada com as crianças, a quem deixava presentes, vestido com o traje vermelho de bispo e montado num cavalo branco. Logo, passou a fazer parte das tradições natalinas.
Nos Estados Unidos, ainda na época da colonização, ingleses e holandeses trouxeram a lenda de Sao Nicolau, que logo foi transformado em Santa Claus, velhinho bondoso e barrigudo, que distribuia presentes, vestido com casaco e capuz vermelhos. No século XIX, alguns livros publicados para crianças, mencionavam Santa Claus, acrescentando que o velhinho usava um trenó  puxado por renas , onde carregava um saco cheio de brinquedos para distribuir entre a crianças boas, na noite anterior ao Natal.
A partir de 1930, a mídia consolidou a tradição de Santa Claus, ou Papai Noel para nós brasileiros, que existe hoje.

Meias ou Botas de Natal - Essa tradição vem dos países do norte da Europa, onde as crianças penduravam suas meias na lareira, esperando que São Nicolau as enchesse de presentes, como doces, pequenos brinquedos ou moedas. Na Espanha e parte da França, as crianças deixavam seus sapatos na janela, esperando que os Reis Magos, no dia 6 de janeiro, deixassem seus pequenos presentes dentro dos calçados.



Guirlandas- Em tempos remotos, entre rituais de inverno dos Celtas, se confeccionava coroas com folhas de pinheiros ou abetos e azevinhos ( plantas que continuam verde durante o inverno ), com 4 velas dispostas nas 4 direções norte, sul, leste e oeste, representando os 4 elementos água, terra, fogo e ar. Esses rituais eram praticados para garantir a continuidade do ciclo da vida. Sendo essa mais uma tradição adaptada ao Cristianismo, a guirlanda passou a significar eternidade de Deus ( O que não tem começo e nem fim ), e ser usada no Advento, período que antecede o nascimento de Jesus. Também feita com 4 velas, cada qual é ascesa em cada domingo que antecede o Natal, junto com uma prece.

Pendurada na porta de entrada das casas, a guirlanda ganha laços de fitas, pinhas, bolas natalinas, estrelas, etc. e seu significado passa a ser paz, alegria e proteção e é muito usada como decoração de Natal.

Bonequinhos de Biscoitos de Gengibre ou Gingerbread Man -

São muito comuns nessa época das festas e antigamente eram usados para decorarem as árvores de Natal. Há variações na textura dos biscoitos, bem como na concepção do que seja um Gingerbread. Nos Estados Unidos, e, principalmente na Europa, de onde se originaram esses bolos e biscoitos tão tradicionais no Natal, existem várias formas de se prepará-los. Alguns insistem que o Gingerbread é um biscoito, outros afirmam que se trata de um bolo macio, e outros ainda, acham que é um bolo cuja consistência equivale ao nosso Pao de Mel. O que todas as receitas têm em comum é que levam mel ou melado, gengibre e especiarias.
O gengibre é originário da Ásia, e já era usado na China e India há 7000 anos.
Embora se saiba que os gregos e romanos já faziam uso do gengibre, trazido da antiga Persia, a raiz teve seu uso difundido na Europa, no tempo das Cruzadas, quando os europeus a trouxeram do Oriente Medio para fins medicinais e como preservativo dos alimentos. Provavelmente sejam esses os motivos para que a cozinha medieval tenha incluído o gengibre em suas receitas.
Foi  nos mosteiros europeus que se criaram as receitas  dos bolos e biscoitos para o Natal. Os primeiros gingerbreads eram  de massa rústica a base de mel, farinha, gengibre, farinha de rosca e especiarias e eram moldados em formato de humanoides, animais, figuras bíblicas ou castelos, e logo, cairiam no gosto popular, como enfeites de árvores de Natal ou presentes.

Cores Verde e Vermelho- Essas cores típicas das festas natalinas são, na verdade, remanescentes da celebração pagã do Solsticio de Inverno, anterior ao Natal. O verde estaria ligado aos pinheiros e abetos, cujas folhagens se mantem vivas durante o inverno, e simbolizavam a eternidade. O vermelho era associado aos azevinhos e pequenas frutas silvestres de cor vermelha, que contrastam com o branco da neve e o cinza da estação ( troncos e galhos sem folhagens ).
Com a cristianização da celebração, a cor verde passou a simbolizar a eternidade de Deus, trazendo vida e esperança para o homem, representada no Pinheiro e o vermelho, o amor e a confraternização, ou ainda, o sangue de Cristo dado em sacrifício.
Não se pode esquecer, contudo, que em décadas recentes, a cor vermelha tem sido associada à roupa do Papai Noel, que acabou sendo a figura lúdica do nosso moderno Natal.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

A Origem do Natal e o Bûche de Noel


Nos primordios da civilização, as mudanças de estações do ano, assim como as intemperies do tempo, eram grandes desafios à sobrevivência da espécie humana. Os meses que precediam o Inverno eram dedicados à colheita , preservação e estocagem dos alimentos, porque nos gélidos meses em que o Sol se afastava da Terra, tornando as noites muito longas e os dias muito breves, e a vida da vegetação verde se extinguia ( ou adormecia ), não havia o que se plantar nem o que se colher, de modo que a sobrevivência ficava seriamente ameaçada. Eram chamados meses das Trevas. 
Naquele tempo,os fenômenos naturais eram os deuses que regiam a condição humana, e a Terra, a Grande Mãe, a deusa que gerava a vida. Então havia a Roda do Ano, que relacionava profundamente o ciclo das estações do ano com o ciclo da vida, e nela se observava os solstícios e equinócios, ligados ao desenrolar das estações, que, consequentemente, "regulavam" o morrer e o renascer da vegetação verde e da abundância. O solstício de inverno, o menor dia do ano, a partir de quando a duração do dia começa a crescer, e que no hemisfério norte ocorre em torno do dia 21 de dezembro, simbolizava o início da vitória da Luz sobre as Trevas.

Essas festividades foram sendo modificadas com o passar dos séculos, e com as diferentes culturas ao redor do mundo. As culturas persas e hindus celebravam Mitra como um símbolo do "Sol Vencedor". O império romano incorporou a celebração dessa divindade nas festas da Saturnalia, chamando-a de Sol Invictus, e tinha-se por tradição, nessa época, a troca de ramos de árvores verdes como votos de saúde, e esses ramos eram enrolados em forma de coroa e pendurados na porta, simbolizando saúde à todos.
Os celtas e saxões comemoravam o Yule,  cuja simbologia é a  Deusa que dá a luz ao Deus do Sol, que traz calor e fertilidade à Terra. Seguramente a maior parte das simbologias e tradições do nosso Natal tem origem nessas culturas, tais como as cores verde e vermelho, os troncos de Natal, as guirlandas, os pinheiros enfeitados, dos quais falarei numa outra postagem.
Com a chegada do Cristianismo e a crescente conversão dos pagãos, essas tradições e simbologias foram adaptadas através do séculos, ganhando força a imagem da Virgem Maria dando a luz ao Menino Jesus, o futuro Jesus Cristo Salvador que traria a Luz para nos libertar das Trevas, embora seja sabido, mesmo entre os cristãos, que Jesus não nasceu nessa época.
Com a descoberta e a colonização das Américas pelos europeus, as tradições natalinas passaram a ser celebradas no Novo Mundo- lembrando que os colonizadores encontraram os nativos da terra cultuando a Natureza como divindade, tal como nas civilizações antigas, e mais uma vez, a conversão ao Cristianismo foi feita. É interessante se observar que no hemisfério sul essa celebração, que teve sua origem no Solstício de Inverno em tempos remotos, ocorre justamente na época do Solstício de Verão.

Chega-se no ponto polêmico da narrativa : se é assim, qual o sentido de se celebrar o Natal?
Eu diria que é uma data de celebração da vida, da Luz entre as pessoas. Fui criada na tradição católica, na qual estão arraigadas grande parte de minhas crenças e simbolismos sobre o Divino. Mas acredito numa Força Criadora, que é conhecida  por diferentes nomes em religiões e culturas diversas e que inspira diferentes cultos, cada qual baseado em pontos de vistas próprios. Penso que deveria prevalecer um grande respeito a essa diversidade toda, porque afinal, a Verdade não se encontra estanque numa única crença ou numa única teoria.
Natal é  uma celebração da Esperança e do Amor Fraterno, e talvez  seja no Ocidente a festa mais bonita e espiritual de todas, cujo valor maior é lembrar-nos que somos todos filhos da mesma Luz.

"Os seres espirituais vem ao nosso encontro quando nos preparamos para conhecê-los e falarão a nossa alma primeiramente como pensamentos e sentimentos e só então o perceberemos como realidades”

Rudolf Steiner


Compartilho aqui uma receita típica da festa natalina, o Tronco de Natal, ou Bûche de Noel, um bolo tipo rocambole que lembra uma tora de madeira e que tem sua origem na França. Esse bolo simboliza os troncos que queimavam nas lareiras antigamente, cerimonial cuja origem  remonta as celebrações pagãs, que faziam do fogo produzido pelo tronco uma homenagem ao sol.


Tronco de Natal





Massa
-1 xícara (chá) de farinha de trigo peneirada
-1 colher (chá) rasa de fermento em pó
-1 pitada de sal
-4 ovos grandes em temperatura ambiente
-2/3 xícara (chá) de açúcar
-2 colheres (chá) de essência de baunilha
-açúcar de confeiteiro para polvilhar

Calda
-1/4 xícara (chá) de água
-1/4 xícara (chá) de açúcar
-2 colheres (sopa) de rum ou brandy

Recheio
- 1 lata de doce de leite (Moça) ou mais uma receita da cobertura

Cobertura
- 180 gr de chocolate meio amargo picado em pedaços
- 1 lata de creme de leite

Pré aqueça o forno em temperatura media de 180 C, unte com manteiga uma forma de aproximadamente 9 cm X 7 cm, em seguida forre-a no fundo com papel manteiga ou vegetal. Unte com manteiga e polvilhe com farinha por cima do papel e nas laterais da forma.
Numa vasilha misture a farinha de trigo com o sal e o fermento em pó. Na batedeira, bata os ovos por 3 minutos ( vão ficar com um amarelo pálido ), adicione o açúcar e a baunilha e bata por mais 4 minutos ( o volume triplica ). Cuidadosamente, com uma espátula, junte a mistura da farinha, sem bater, apenas misturando delicadamente em movimentos circulares, formando uma massa homogênea e fofa. Espalhe a massa na forma e leve assar por 13 minutos, ou até o bolo corar levemente ( tocando a superficie delicadamente com uma colher, a massa não fica marcada).
Enquanto assa o bolo, abra um pano de prato limpo e polvilhe generosamente açúcar de confeiteiro. Assim que o bolo sair do forno, vire-o sobre o pano de prato polvilhado, retire o papel manteiga e enrole a massa no lado mais comprido junto com o pano. Deixe esfirar numa grade.


Para fazer a calda, leve ao fogo o açúcar dissolvido na água e deixe ferver, apagando o fogo em seguida. Junte o rum e deixe esfriar.


Para preparar a cobertura, derreta o chocolate junto com o creme de leite em banho maria. Quando a mistura estiver homogênea, retire do aquecimento e leve à geladeira por 2 horas, mexendo a mistura ocasionalmente.


Para montar o Tronco, desenrole a massa do bolo, retire o pano e umideça com a calda. Em seguida, espalhe o recheio e, com cuidado, enrole o rocambole. Corte as extremidades em ângulo e passe a cobertura no rocambole. Coloque no prato em que será servido e termine de decorar o Tronco, formando nervuras com a ajuda de um garfo. Guarneça como desejar.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Crocante de Maçãs para o Thanksgiving




Uma das sobremesas mais tradicionais  no Dia de Ação de Graças ( Thanksgiving ) é a torta de maçã, por ser a maçã uma fruta da época da colheita. Mas uma versão mais fácil e mais saudável dessa sobremesa, e muito popular nas mesas americanas, é o Crocante de Maçã ( Apple Crisp ). Existem muitas variações no seu preparo, e a minha versão predileta leva aveia e nozes.
Receita tão simples de fazer, que as crianças são incentivadas a prepará-la.

 Crocante de Maçãs com Aveia e Nozes

_ 4 maçãs descascadas e cortadas em fatias finas
_ suco de 1 limão grande
_ 1 colher (chá) de canela em pó
_ 1 colher (chá) de noz moscada ralada
_ 3/4 xícara (chá) de açúcar mascavo
_ 1/2 xícara (chá) de açúcar branco
_ 2 xícaras (chá) de farinha de trigo
_ 1 xícara (chá) de aveia em flocos
_ 3/4 xícara (chá) de nozes bem picadas
_ 1 ovo batido
_ 70 gr de manteiga cortada em cubinhos
_  manteiga ou margarina para untar um refratário.

Misture as maçãs fatiadas com o suco de limão e reserve. Numa tigela misture a farinha de trigo, a aveia, as nozes, o açúcar mascavo e açucar branco, a canela em pó e a noz moscada ralada. Mexa bem. Acrescente 70 gr dos cubinhos de manteiga e amasse com os dedos, formando uma farofa. Adicione o ovo batido e continue amassando, obtendo uma farofa úmida.
Unte  um refratário com manteiga ou margarina e cubra o fundo com uma parte da farofa. Por cima, espalhe as fatias de maçãs, e por último cubra com o restante da farofa. Leve ao forno pré aquecido médio alto ( 190 C ) entre 30-40 minutos, ou até que doure. Sirva morno com sorvete de creme ( ou baunilha ) .


domingo, 21 de novembro de 2010

A Arte Maior





Quando olhamos para uma tela de Monet, vemos nas pinceladas os reflexos e efeitos que a luz do sol produz nas cores da natureza. Um mesmo motivo era retratado diversas vezes no mesmo local, porém com as variações causadas pelas mudanças na lumiosidade do dia e nas variações decorrentes das estações do ano. Essa é a característica do Impressionismo na pintura. Com as cores complementares fazendo o jogo de luz e sombra, Monet transportava para suas telas o Belo, nas suas diversas manifestações.

Mas a beleza estava presente na vida de Monet muito além das paisagens que ele pincelava em seus quadros, e esta emanava das flores do jardim que ele cultivava com tanto capricho, da casa que ele morava, onde cada cômodo era decorado como obra de arte, dos pratos preparados para receber os amigos e de sua maneira de celebrar os dias festivos. Seu modo de vida refletia sua personalidade e sua arte.

Monet gostava muito de reunir sua familia e seus amigos para alegres piqueniques no vasto jardim, em meio ao colorido das flores, exatamente como suas pinturas retratavam. Ou organizava grandes almoços, com cardápio e louças compondo uma gama de cores, semelhante à de suas telas. Eram elementos sempre inpirados no belo, na poesia e na música.Todos os dias eram especiais para esse homem, e ele celebrava a vida em cada detalhe, junto a todos que o cercavam.
Sua casa e o maravilhoso jardim são abertos para visitação durante vários meses do ano, lá em Giverny, na França, e estando lá, pode-se testemunhar como esse mestre do Impressionismo valorizava a arte do bem viver e seu culto ao Belo.





Pois é, na contramão está muita gente que não se importa com esses detalhes, e o dia a dia é permeado por toalhas de mesa rasgadas, pratos lascados, frutas escondidas na gaveta da geladeira, porque afinal, acreditam não serem merecedoras da beleza presente em detalhes. Reservam a toalha nova, a louça bonita e, até mesmo aquela receita especial, para alguma visita ilustre, seja lá quem quer que seja o merecedor de tanto cuidado. Esquecem que o belo deveria estar presente todos os dias, em tudo que nossos sentidos podem perceber.





O belo não precisa de louça cara, nem de talheres de prata, tampouco de cristais ou decoração de revistas, pois ele está por toda a parte..
O belo mora no capricho e no carinho dos pequenos detalhes, nas flores colhidas do jardim, no perfume da comida favorida sendo preparada , na fruteira colorida pelas frutas da época, na bonita toalha da mesa ou na música que gostamos de ouvir. Reservar esses pequenos prazeres apenas para ocasiões especiais é deixar que os dias transcorram como se fossem apenas ensaios, e esquecer que a vida pulsa no aqui e agora. O Lar é parte desse coração pulsante, nele está o nosso porto seguro, o lugar onde supostamente nos reunimos com quem amamos e dividimos os momentos bons e ruins, enfim, onde está a base de nossas vidas. À medida em que se passam os anos e eu ganho mais maturidade, a ideia de que o lugar que chamamos de Lar seja um espaço sagrado fica mais forte. Se um templo sagrado é sempre homenageado com flores e oferendas, por que com o nosso espaço sagrado seria diferente?

Nas ocasiões especiais,quando as celebrações evocam preparativos mais complexos, sim, é realmente o tempo certo para tudo o que não é usual, mas de novo, trazendo para nossas vidas o belo e não, necessariamente, o que é oneroso e o que fica distante da nossa realidade.

Nessa época de Ação de Graças ( Thanksgiving ), o meu modo de agradecimento é preparar uma mesa bonita, que acolha as pessoas que fazem parte de minha vida, para uma comunhão de todos os sentidos. Essa mesa é sempre feita com as cores do Outono, com elementos da Natureza como folhas e flores do jardim, com o cheiro e o sabor dos alimentos da época. Não deixo de fora o sentido da audição, que é bem presente nas orações simples, criadas na hora pelo coração, e claro, na música que ecoa pelo ambiente.




Nos dias quentes, com muito sol, quem ganha ares de festa é o quintal de casa, com mesa posta para um café ou para um churrasco, não fazendo a menor diferença se é para receber os amigos ou se é para o pessoal de casa.
Não é preciso esperar um dia especial para caprichar na arrumação da mesa ou no cardápio, pois todos os dias são especiais. Celebrar a vida não tem hora certa, e nem motivo, basta aproveitar os bons momentos que nos chegam. E para mim, essa foi a arte maior de Monet.



segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Um Cardápio para Halloween


As bruxas estão  soltas, voando com suas vassouras pelos ventos do norte, sul, leste e oeste , fazendo poções mágicas com os elementos da terra, do fogo , da água e do ar. É Halloween e as bruxas fazem uma grande festa, em que todos estão convidados. Lanternas de abóboras por toda parte iluminam trilhas de ratos e teias de aranhas.  Morcegos e corujas vigiam, à distância, zumbis e fantasmas que perambulam e dançam  nas sombras. Também tem monstros, bichos, mumias, lobisomens e muito susto. E para completar, uma comida bem esquisita, digna do cardápio da Familia Adams.
Vamos às receitas, retiradas do caderno da Morticia.


Mumias de Salsichas

-2 embalagens de salsichas para cachorro quente
-1 pacote de massa folhada ( Brasil ), ou 
-1 embalagem de pizza crust thin  refrigerada (USA)
pimenta em grãos para os olhos
catchup para fixar as pimentas na salsicha

Ferver bem as salsichas, escorrer a água e deixar esfriar.Seque-as com papel toalha.
Abrir a massa folhada, seguindo as instruções da embalagem, ou a pizza crust. Cortar tiras de 2 cm e enrolar em volta das salsichas. Arrumar em assadeira untada com manteiga e levar ao forno medio alto ( em torno de 200 C ), pré aquecido, por cerca de 15 minutos, ou até que as massinhas em volta das salsichas dourem. Deixar esfriar, e em seguida usar uma pitada de catchup em cada salsicha para fixar os grãos de pimenta ( os olhos de cada múmia ).
Pode-se usar a massa de sua receita de pão preferida, ou ainda, massa ( fina) de pizza feita em casa.



Monstros de Canapés

1 pacote de pão de forma
1 receita de patê de sua preferência
azeitonas pretas fatiadas para os olhos
azeitonas pretas muito bem picadas para as sobrancelhas
legumes cru picados em forma de triângulos, serras, etc.
mostarda amarela
catchup

Cortar as fatias de pães com cortador de biscoitos redondo, ou, na falta deste, utilizar a lata vazia de algum ingrediente enlatado, no lado cortante.
Passar uma camada fina de patê sobre o pão cortado e montar a cara de monstro com as azeitonas, pedaços cortados de legumes ( eu usei pimentão verde ), mostarda e catchup. Eu usei patê de atum e patê de azeitonas pretas.


Fantasmas de Maria Mole

2 envelopes ( 12 gr cada um ) de gelatina em pó sem sabor *
1/4 xicara (chá) de água fria para hidratar
1 xícara (chá) de água fervente
1 xícara (chá) de água gelada
3 xícaras (chá) de açúcar
1 pacote de côco ralado para empanar
cravos da índia para os olhos
Cortador de biscoito ou molde

*  Cada 12 gr de gelatina prepara  1/2 litro de líquido.
Cada colher de sopa equivale a 7 gr de gelatina em pó.

Na tigela da batedeira, hidratar a gelatina com 1/4 xícara de água fria e aguardar 2 minutos. Colocar a água fervente, misturar bem para dissolver a gelatina e depois adicionar a água gelada. Junte 3 xícaras de açúcar e bata  em velocidade media por 15 minutos. Espalhar a mistura em forma rasa, 30cm X 45 cm ( forma de assar biscoitos ) untada com margarina. Levar à geladeira por 2 horas no mínimo, antes de cortar e passar no côco ralado.
Para cortar os fantasmas eu usei cortador de biscoitos, mas pode-se fazer um molde, desenhando numa tampa firme de embalagem de aluminio, recortar, untar o lado do laminado com margarina, para não grudar na maria mole e cortar em volta do molde com uma faca. Se preferir um fantasma estilizado, corte em triângulos e coloque os olhinhos no vértice superior. Manusear a maria mole com as mão untadas de margarina, é essencial, para não grudar. Os olhos foram feitos com cravos da índia, que conferiram um sabor especial aos "fantasmas", e colocados depois de passar a maria mole no côco



Aranhas de Brigadeiro
( receita para microondas)


1 lata de leite condensado
1 colher (sopa) cheia de manteiga
2 colheres (sopa) de chocolate em pó
Twizzlers cortados em tiras finas ou
Lapis de Chocolate cortados em tiras
Confeitos para os olhos


Numa tigela de vidro misture os ingredientes e leve ao microondas , potencia máxima, por 6 minutos, interrompendo a cada 2 minutos para mexer a mistura. Ao final dos 6 minutos, mexer bem, com vigor, para que a massa fique com consistência homogenea. Deixar esfriar completamente antes de enrolar os brigadeiros.
Untar as mãos com manteiga e fazer as bolinhas, passando-as no granulado de chocolate.


Para fazer as pernas da aranha, eu usei Twizzlers ( da Hershey's ) sabor chocolate, cortados em tiras finas com tesoura de cozinha, e os olhos são de confeitos. Mas no Brasil não se comercializa Twizzlers, então, em solo brasileiro refiz a receita e testei alguns doces faceis de se encontrar em supermercados ou Lojas Americanas, que deram muito certo. Aqui vão as opções:
- Palitinhos ou Barrinhas de Banana Cristalizados ( certifique-se de que são firmes, porque os macios não funcionam ) : corte em tirinhas finas
- Tubinhos Cítricos, da Fini : corte-os em tiras finas com tesoura de cozinha. Por serem vermelhos, dão um charme especial às aranhas.
Lápis de Chocolate, da Pan . Coloque-os no microondas por 10 segundos para que amoleçam um pouco, e em seguida, corte-os ao meio , de comprido, e corte de novo, para que fiquem finos. Como o chocolate aquecido fica um pouco mole, dá para dobrar levemente cada pecinha,  e levar à geladeira por uns 15 minutos. Depois é só encaixar as 8 pernas em cada brigadeiro.

domingo, 10 de outubro de 2010

Conhecendo Jack O' Lantern ( ou Jack da Lanterna )


Conta uma lenda irlandesa que, certo dia, Jack, o Mesquinho, estava na floresta quando encontrou o Diabo e pediu ao mesmo que subisse numa árvore para lhe atirar algumas frutas. O Diabo decidiu ajudar, em troca de alguma barganha, mas depois de te-lo feito, Jack, ao invés de cumprir o acordo, pegou um canivete e desenhou uma cruz no tronco da árvore e com isso prendeu lá o Diabo, fazendo-o jurar que deixaria sua alma em paz quando morresse. Mas o tiro saiu pela culatra, pois quando Jack morreu, não foi aceito no Paraiso. Então passou a insistir para que o Diabo o deixasse entrar no Inferno, mas ao invés disso, só conseguiu um pedaço de carvão em chamas, que colocou dentro de um nabo oco, e desde então passou a carregar essa inusitada lanterna para que iluminasse o caminho das Trevas, por onde sua alma estava condenada a vagar eternamente. Dizem que todo 31 de outubro a alma penada de Jack deixa de ser invisível e pode ser vista vagando, sempre carregando sua lanterna.

O nabo foi substituído pela abóbora nos Estados Unidos e essa é a versão moderna de Jack O' Lantern.
Para entender a relaçâo de Jack O' Lantern com o Halloween, leia Halloween ou Dia das Bruxas .

Outubro chegou, e junto com ele, na América do Norte, se iniciaram as tradições do Halloween, tais como esculpir caretas em abóboras e colocá-las nas soleiras das portas, andar por trilhas assombradas ou labirintos assustadores nos campos de milho à noite, ou visitar casas povoadas por monstros e fantasmas, tudo para se levar muitos sustos.
Explico: as trilhas, os labirintos ao ar livre e as casas mal assombradas são cenários montados para que atores travestidos de zumbis, lobisomens, bruxas, etc protagonizem cenas de terror ,em teatro interativo, e obviamente, pago.
Mas para a  maioria das pessoas, enfeitar suas casas com teias de aranha ( artificiais, é claro ), máscaras de bruxas e abóboras com caretas feias já é o suficiente para se brincar com o tema sinistro da época.
No Brasil, como não existia essa tradição, e agora começa a despontar timidamente em alguns lugares, esculpir caretas em abóboras é muita novidade.
Coloquei nesta postagem alguns moldes simples para se fazer uma lanterna de abóbora, ou Jack O' Lantern, como é conhecida, bastando clicar nas fotos para se ter na tela o tamanho original e imprimi-las.





Fazendo Jack O' Lantern

1) Escolha uma abóbora moranga, cabocha, ou de outra qualidade, que seja redonda.
2) Com uma faca, corte cuidadosamente a base da abóbora, em círculo, e a remova, caso use leds ou lámpada para iluminar. Se for iluminar com vela, corte em círculo o topo da abóbora, para ventilar e a chama se manter ascesa.
3) Com uma colher, remova as sementes.
4) Com fita adesiva, fixe a folha de papel impressa com o desenho escolhido.
5) Perfure todo o contorno do desenho sobre a superficie da abóbora, com a ajuda de um prego. Depois de todo perfurado, remova o papel.
6) Com uma faca afiada, corte a abóbora no contorno perfurado de sua superfície, deixando vazada a parte correspondente ao desenho escuro do molde. Maneje a faca com cuidado para se evitar acidentes.
Se desejar o efeito translúcido ao invés de vazado, desgaste a superfície da abóbora raspando-a, ao invés de cortá-la.
7) Depois de esculpida, coloque uma vela grossa dentro de um vidro e ensira dentro da abóbora  , ou ainda, se tiver sido removida a base, coloque a abóbora sobre um vidro contendo os leds.
 E divirta-se!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Medidas e Equivalências na Culinária


Antigamente, amigas e comadres trocavam receitas culinárias e estas eram escritas num caderno só para essa finalidade, muitas vezes caprichadamente ilustrado por sua dona, e protegido de olhares curiosos. Nesse caderno ficavam os segredos das fórmulas que iriam dar origem a quitutes inigualáveis, e que só poucas felizardas detinham o conhecimento de sua feitura. Frequentemente, essas receitas jamais eram reveladas, e às vezes, sob muita pressão, eram passadas com algum erro ou alteração, para que a receita testada não desse certo, e só a detentora de tais poderes culinários continuasse a ser lembrada e homenageada por seus pratos.
Mas os tempos mudaram, a Internet chegou e hoje, se quisermos uma receita nova, basta clicar em palavras chaves ou em endereços virtuais, e lá estará uma infinidade de modos de se preparar a mesma comida, variando-se em ingredientes e medidas.
Ah, as medidas...essas são um capítulo à parte em qualquer aventura culinária.
Colheres de sopa, de chá, mas de que tamanho? a baseada nos seus talheres ou nos meus? E quanto às xícaras de chá? uso aquela grande ou aquela um pouco menor?
Então vamos esclarecer a primeira dúvida: as medidas caseiras usadas - xícaras e colheres- fazem parte de uma tabela padrão de medidas, onde a xícara de chá tem capacidade para 240ml e a colher de sopa 15ml. Deveríamos incluir esses medidores no nosso arsenal doméstico, para a garantia de sucesso em qualquer receita.
Agora, para internautas ávidos por receitas internacionais, o assunto passa a ser mais complexo. O domínio básico de uma lingua estrangeira nos dá mobilidade razoavel para irmos aos endereços virtuais do planeta, mas as barreiras passam a ser os termos das medidas usadas e suas equivalências.
Foi pensando nessas dificuldades, em que eu mesma me deparei muitas vezes, é que resolvi fazer uma postagem sobre as medidas, todas baseadas no padrão internacional. Aqui incluo as conversões mais usadas em medidas de líquidos e de ingredientes dito sólidos. Também incluo a conversão das temperaturas usadas nos fornos, que são muito importantes para se obter um bom resultado em bolos, biscoitos e assados.





Essa tabela é muito util para quem procura receitas em sites europeus, pois é muito comum encontrar ingredientes medidos em dl ou em cl.





A observação que faço sobre a tabela acima é que antes de ser feita, pesquisei várias tabelas, de diferentes fontes e diferentes países para comparar os valores e chegar num senso comum. Mas como notei que poucas seguiam um único padrão de medidas, a solução foi conferir a proporção dos ingredientes na xícara padrão ( 240 ml). Espero ter acertado.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A Força das Palavras


Muitos amantes de livros vão à livraria a procura de novos títulos e lançamentos, e sempre encontram aquilo que tinham em mente. Outros, são encontrados pelos livros cujos assuntos os aguardavam. Acho que pertenço a esse segundo grupo de leitores, porque sempre que vou à livraria buscando algum assunto, acabo saindo com um livro que por acaso aparece do nada e me chama a atenção.
Contos de Eva Luna, de Isabel Allende, é um desses casos inexplicáveis. Percorrendo as prateleiras inutilmente atrás de um determinado título, me deparei com esse nome poético, envolto em aura de mistério. O nome Eva Luna , segundo eu soube, carrega forte simbologia, pois Eva, vem do hebraico "hawah", que significa viver ( é o arquétipo de mãe que deu origem à vida , que populou o mundo na cultura judaico- cristã ) e Luna, palavra em latim para Lua, evoca o símbolo do poder feminino nas tradições antigas. Constatei tambem, que a personagem tem estreita ligação com aquela das Mil e Uma Noites.

Eva Luna encarna a Sherazade latino americana e relata estorias deliciosas, com fragmentos de amor, ódio, compaixão, vingança, erotismo, montando inúmeras imagens no caleidoscópio das emoções humanas, tendo como cenário o ambiente socio cultural em que vive. Se as estorias de Sherazade nas Mil e Uma Noites lhe valem cada qual mais um dia de vida, Eva Luna recorre à imaginação de seus contos para reinventar a própria vida, conforme observa Rolf Carlé, seu amado: "Pensas em palavras, para ti a linguagem é um fio inesgotável que teces como se a vida se fizesse ao contá-la”.
Eva Luna, personagem criada no livro homônimo (claro que tambem li esse livro...), publicado anos antes, nasce da união casual entre a mãe, uma criada, e um jardineiro indígena que vai embora antes de seu nascimento. Com a morte da mãe, aos seis anos, Eva passa a levar uma vida incerta, trabalhando como empregada desde a infância, fugindo e vivendo em muitos lugares diferentes, na casa de vários patrões. Ela trabalhou muito, passou fome, mas foi nesse cenário que aprendeu a contar estorias, criando com elas, um mundo diferente, povoado com personagens fantásticos, e mais tarde, transferindo à escrita esse seu dom. Eva vive os tempos das ditaduras e democracias de um país sul americano e sua vida e seus contos refletem a realidade da época.
Eva Luna vence todas as agruras de sua existência e, no final do romance, encontra seu grande amor, Rolf Carlé, um cinegrafista que registra a realidade vigente. Juntos, elaboram novelas com mensagens conscientizadoras à população.

Em Contos de Eva Luna, a arte narrativa da personagem é o fio condutor dos diversos contos do livro, muito deles envolvendo personagens e lugares vindos do livro anterior. E é nessa obra que a porção Sherazade da personagem se evidencia. Eva, a contadora de estorias, transmite pelas palavras imagens de povoados esquecidos em contraste com ricos palácios, homens rústicos que se abrandam com o poder sedutor das mulheres, as miserias e as alegrias das pessoas comuns, as lutas entre as forças da natureza humana.
Um contador de estorias utiliza a palavra de modo a criar imagens e materializar o verbo. Ele empresta seu corpo, sua voz e suas emoções à narrativa, como se emprestasse vida às palavras narradas, levando ao conto uma dimensão realística. O mesmo pode-se dizer de uma estoria lida, porque embora as palvras não soem, ainda descrevem as imagens e as emoções de quem as redige.
O poder de transformação da palavra está condicionado ao uso que se faz dela. Tanto Sherazade quanto Eva Luna manejam as palavras para a transformar a realidade em que se encontram. Sherazade faz uso da narrativa para modificar o comportamento de Shariar, assim como Eva Luna inventa contos para primeiro recriar sua identidade, e mais tarde, denunciar os abusos do poder e as injustiças sociais em que seu país está mergulhado.
Costumamos jogar palavras ao acaso, sem prestarmos muito atenção a elas e sem nos darmos conta que carregam uma energia com a qual moldamos nossa realidade. Esse tem sido um dos princípios das tradições herméticas, mas não precisamos nos iniciarmos nelas para compreendermos a dimensão dessa verdade.
Encerro esse devaneio todo com o trecho de um texto de Lia Luft, entitulado "A Força das Palavras" e escrito para a Revista Veja, em 14 de julho de 2004 :
"A palavra faz parte da nossa essência: com ela, nos acercamos do outro, nos entregamos ou nos negamos, apaziguamos, ferimos e matamos. Com a palavra, seduzimos num texto; com a palavra, liquidamos - negócios, amores. Uma palavra confere o nome ao filho que nasce e ao navio que transportará vidas ou armas.
"Vá", "Venha", Fique", "Eu vou", "Eu não sei", "Eu quero, mas não posso", "Eu não sou capaz", "Sim, eu mereço" – dessa forma, marcamos as nossas escolhas, a derrota diante do nosso medo ou a vitória sobre o nosso susto. Viemos ao mundo para dar nomes às coisas: dessa forma nos tornamos senhores delas ou servos de quem as batizar antes de nós."


segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Kibe a la Mil e Uma Noites



"Nesse momento de sua narrativa, Sherezade viu aparecer a manhã e discreta calou-se, sem se aproveitar mais da permissão recebida. Então sua irmã, Doniazad, disse: “Ó minha irmã, como tuas palavras são doces, gentis e saborosas. E Sherazade respondeu: “Mas elas não são verdadeiramente nada se comparadas ao que contarei aos dois, na próxima noite, se contudo eu estiver ainda viva, e se o Sultão houver por bem me preservar!” E o Sultão disse a si próprio: “Por Alá! Eu não a matarei senão depois de ter ouvido o resto do conto!” Depois o Sultão e Sherazade passaram a noite enlaçados."

(Trecho do Livro Mil e Uma Noites)

Mil e Uma Noites é uma coletânea de contos de tradições hindus, persas, sírias e judaicas, preservados oralmente por aqueles povos, através de gerações. No século IX foram reunidos em manuscritos árabes e mais tarde, no século XVIII, trazidos para o Ocidente, numa tradução feita pelo francês Antoine Galland. E tornou-se, assim, um clássico da literatura conhecido mundialmente.

Estórias conhecidas como Ali Babá e os Quarenta Ladrões, Simbad o Marujo, Aladim e a Lâmpada Maravilhosa são alguns dos contos presentes na obra, que aliás, não tem uma única versão, já que os antigos manuscritos árabes diferem no número e no conjunto de contos.

O que é invariável nas diferentes versões é que os contos são narrados por Sherazade, numa sequência marcada pelo número de noites.

A estória começa quando Shariar, sultão da Persia, descobre que sua esposa lhe é infiel, dormindo com um escravo cada vez que ele viaja. O sultão, decepcionado e furioso, mata a esposa e o escravo, convencendo-se que nenhuma mulher do mundo é digna de confiança. Decide então que, daquele momento em diante, dormiria com uma virgem diferente a cada noite, mandando sacrifica-la na manhã seguinte, pois desta forma não poderia ser traído nunca mais.
Algum tempo depois, quando o sultão já havia desposado e sacrificado inúmeras moças, espalhando terror em seu país, uma das filhas do vizir, que se chamava Sherazade, pediu para ser entregue como noiva à Shariar, pois sabia de um meio de escapar do mesmo fim que tiveram as moças anteriores, e dessa forma salvar as demais moças que, por infelicidade, viessem a ser desposadas. O vizir apenas aceita depois de muita insistência da filha, levando-a finalmente ao sultão. Antes de ir, Sherazade diz à irmã, Doniazad, que lhe peça que conte uma estória quando for chamada ao palácio do sultão.



Sherazade, ao chegar na presença de Shariar, pede-lhe que permita a vinda de sua irmã, para despedir-se. O sultão o permite, e Doniazad vem ao palácio e instala-se na câmara nupcial. Após Shariar consumar a união com Sherazade, Doniazad pede à irmã que conte uma estória para passar o tempo. Após respeitosamente pedir a permissão do sultão, Sherazade começa a narrar o conto "O Mercador e o Gênio" mas, ao amanhecer, ela interrompe o relato, dizendo que continuará a narrativa na próxima noite. Shariar, curioso com o maravilhoso conto de Sherazade, não ordena sua execução para poder saber o final da estória na noite seguinte. Mas assim que Sherazade termina um conto, emenda imediatamente um novo na sequência. Assim, repetindo essa estratégia, Sherazade consegue sobreviver noite após noite, narrando contos sobre os mais variados temas. Ao fim de mil e uma noites , Shariar, apaixonado e transformado pelo que aprendeu com as estórias, não consegue mais imaginar sua vida sem Sherazade e lhe poupa a vida , fazendo dela sua rainha definitiva.



Para alguns especialistas , as estórias e as fábulas têm poder transformador sobre as pessoas, porque sempre carregam ensinamentos de uma profunda sabedoria, e mesclam conteúdos éticos e educativos, fazendo com que o ouvinte reflita sobre seus atos sem ter que passar por uma confrontação. Sherazade é a figura de uma contadora de estórias, que leva a cura para o sultão pela força da palavra falada.

Mais além desse poder curativo, os contos e lendas nos remetem à um mundo fascinante e longínquo, onde nossa imaginação pode viajar e beber da fonte inesgotável de símbolos e imagens. E em Mil e Uma Noites, a inspiração trazida do Oriente nos coloca em contato com um mundo diferente do Ocidente, muito rico em tradições e simbolismos, que vem nos despertar para a diversidade cultural.

E já que a minha mente, no momento, está entre persas e árabes, viajando em tapete voador por palácios de sultões e odaliscas, aproveito para aterrisar em algo mais real do mundo árabe: a culinária. Diretamente do Oriente para o Ocidente, eis aqui uma receita de Kibe.



KIBE de FORNO





Ingredientes:


- 700gr de carne moída, magra ( patinho ou coxão mole)
- 3 xícaras de trigo para kibe, já hidratado
- 1 maço pequeno de hortelã
-1 maço pequeno de salsinha
- 1 cebola média
- 4 colheres (sopa) de azeite de oliva
- 1 colher (sopa) rasa de Zattar* ( opcional)
- sal e pimenta a gosto ( se tiver disponível, use pimenta síria )


*Zattar- tempero árabe granulado composto por gergelim, coentro, orégano, manjerona e sal refinado

Recheio:
- 300g carne moída
- 1/2 cebola média picada
- 2 colheres(sopa) de salsinha
- 1 pitada de pimenta (síria ou do reino)
- sal a gosto
- 3 colheres (sopa) de azeite de oliva
-1/4 xícara (chá) de castanhas de cajú picadas grosseiramente (ou use pinolis)


Modo de Preparo:
Numa vasilha grande, deixe o trigo de molho em água por 2 horas, para hidratar. Escorra bem a água do trigo e reserve. No multiprocessador ou liquidificador, triture junto a hortelã, a salsinha, a cebola e as 4 colheres de azeite. Misture a carne moída com o trigo, e junte o tempero triturado, o sal e pimenta ( e o Zattar, se desejado) e amasse bem com as mãos, fazendo uma mistura homogênea. Reserve.


Para o recheio, refogue levemente a cebola no azeite e em seguida acrescente a carne moída, e tempere com sal e pimenta. Depois de refogada a carne, acrescente a salsinha, e por último, adicione a castanha de cajú (ou os pinolis).

Montagem: Unte um refratário com azeite e espalhe metade da massa de kibe, de maneira uniforme, e cubra com o recheio de carne moída. Em seguida, cubra com a outra metade da massa de kibe e com a ajuda de uma colher, pressione delicadamente, nivelando a camada. Regue as laterais e a última camada com azeite . Cubra com papel alumínio e leve ao forno pré aquecido, médio alto, por 30 minutos. Retire o papel alumínio deixe assar por mais 10 minutos.

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