Algumas pessoas, não necessariamente doutores, letrados ou cientistas, carregam a Sabedoria dentro delas. São observadores da Vida, têm entendimento do mundo visivel e do invisivel.
Rosy L. Bornhausen foi um exemplar dessa categoria, uma herborista amadora e sem formação especializada, segundo se auto intitulava, mas no meu julgamento, foi uma verdadeira maga. No seu livro "Ervas do Sitio", nos deparamos com informações científicas sobre cada erva que a autora pesquisou com seriedade, sempre ilustrando com algum fato histórico relacionado. Mas também, com naturalidade espantosa, a autora nos revela o lado místico das ervas, quando ela nos descreve as propriedades mágicas e de cura de cada planta, e nos envolve com seus mitos e lendas.
Para ela, "as historias mágicas sempre oferecem um elemento que é o ponto de ligação entre a realidade e o sonho". E esse ponto de ligação seriam as plantas.
"(...) é muito interessante observarmos quantas vezes as ervas foram usadas de maneira empírica e, mais tarde, pela análise científica, consideradas agentes curativos. É a mão de Deus guiando o homem através da beleza e do aroma. Para mim, cada vez mais, as ervas têm poderes místicos que provam que a sabedoria está na simplicidade e no saber ver, sentir e compreender a essência da vida por meio da natureza." ( Trecho do livro Ervas do Sítio, de Rosy L. Bornhausen )
As flores são a alma das plantas, com suas formas, cores e perfumes, e nelas está expresso o ciclo espiralado da vida: elas se transformam em frutos, que contem sementes, para resurgirem em novas plantas, com suas flores, frutos e sementes.
De todas as flores, a rosa é a que mais exerce fascinio, seja pelo perfume e nuance de cores, seja pelos simbolismos em que está relacionada desde os primordios da civilização. A rosa está presente nos mistérios pagãos , nos símbolos alquímicos , nas tradições cristãs, nas religiões do Oriente.
Regida por Venus, a rosa, especialmente a vermelha, é usada em magias de amor em forma de banhos, poções e quitutes.
Para os antigos, essa flor refletia os mistérios carnais da mulher, e ainda agora, no mundo contemporâneo, prossegue sendo comparada aos encantos femininos. Evocada em poesias e músicas para falar de amor, ela aparece como símbolo do amor carnal e do amor espiritual.
Em algumas sociedades secretas, a rosa é o emblema do silêncio e do segredo guardado, como também simboliza a jornada interior de cada um (o desabrochar da rosa na cruz).
A rosa também passa pelos prazeres da mesa, em receitas incomuns, em que a flor se torna iguaria de sabor delicado. Talvez, no Novo Mundo ( Américas), a ideia de se comer flores seja estranha, mas elas fazem parte de alguns pratos na Europa e no Oriente Medio, assim como compoem chás e geleias.
Apanhem rosas de jardim, cultivadas sem agrotóxicos (jamais usem rosas vendidas em floriculturas). A cor das pétalas escolhidas é que dará a tonalidade na geleia. As mais usadas são as vermelhas e pinks. As rosas de tons suaves conferem ao doce nuances delicadas. Escolham rosas com perfume acentuado.
Antes de se preparar a geleia, é necessário preparar a pectina caseira, que é um gelificante que vai dar a consistência de geleia à receita.
Se preferir, use a pectina industrializada e siga as instruções da embalagem para o preparo.
Pectina Caseira
1 xícara (chá) da parte branca da laranja ( cerca de 2 laranjas)
3 xícaras (chá) de água
Bater os ingredientes no liquidificador e em seguida levar ao fogo, por cerca de 20 minutos, até encorpar. Coar num recipiente, com um pano fino, espremendo bem. Tampar e conservar na geladeira.
2 xícaras (chá) de pétalas de rosas vermelhas ou pink, de jardim, sem agrotóxicos
1 + 3/4 xícara (chá) de açúcar branco
2 xícaras (chá) de água filtrada ou mineral
suco de 1/2 limão
1/2 xícara (chá) de pectina caseira
1 colher (sopa) de água de rosas*
* a venda em lojas de produtos árabes ou lojas de produtos naturais
Lave bem as pétalas em água corrente, corte as pontinhas brancas de cada uma ( para evitar o sabor amargo) e coloque de molho na mistura das 2 xícaras de água com 1 xícara de açúcar por 3 horas. Depois, leve ao fogo brando ( não use panela de alumínio ) e acrescente o açúcar restante e mexa suavemente , aguarde o ponto de fervura e conte 10 minutos, sempre mexendo, enquanto a calda líquida vai adquirindo um tom rosa suave e as pétalas vão ficando quase transparentes. A seguir, adicione o suco de limão e note a calda tomando a cor de um rosa intenso, e sempre mexendo, conte mais 5 minutos. Por fim, adicione a pectina, mexa ainda , e observe a calda tomando uma consistência gelatinosa, mas não firme (isso leva uns 2 minutos). Apague o fogo, adicione a água de rosas, misture e coloque a calda gelificada com as pétalas em vidro esterilizado. Se prefirir, descarte uma parte das pétalas. À medida que esfria, a calda vai adquirindo consistência de geleia.
*A pectina pode ser substituída por agar-agar
Sirva com torradas, bolos e biscoitos de sabor suave, para que o sabor delicado das pétalas de rosas possa ser apreciado.
