sábado, 10 de março de 2012

Eros e Psiquê



Eu ja comentei na postagem Os Deuses Não Estão Mortos que na Mitologia Grega, assim como na sua correspondente Romana, deuses e semi-deuses assemelham-se aos humanos, carregando os mesmos instintos e sentimentos, como um arquétipo da natureza humana. 
E que esses mitos pertencem a uma tradição de ensinamentos para a vida prática, passados de geração em geração, sendo que em cada um de nós existe vários deuses e deusas, compondo nosso repertório humano.
Segundo o americano Joseph Campbell (1904-1987), um dos maiores mitólogos de todos os tempos, se formos  procurar a definição de Mito num dicionário, encontraremos " historia dos deuses ". Em seguida Campbell devolve: "O que é um deus? Um deus é a personificação de um poder motivador ou de um sistema de valores que funciona para a vida humana e para o universo- os poderes do seu próprio corpo e da natureza. Os mitos são metáforas da potencialidade espiritual do ser humano, e os mesmos poderes que animam a nossa vida animam a vida do mundo".
Hoje o tema aqui  é o mito de Eros e Psiquê.
Eros é o deus grego do amor e do desejo, e em tempos arcaicos era considerado um deus primordial, nascido do Caos, conforme descreve Hesiodo em Teogonia ( poema mitológico que fala sobre a origem do deuses e do mundo ). Mais tarde, foi conhecido como filho de Afrodite e Ares. Seu correspondente na Mitologia Romana é Cupido, representado por um menino de asas, carregando seu arco e flechas envenenadas com a poção do amor, e sempre pronto a acertar o coração de alguem, fazendo da vítima mais um apaixonado na Terra.

Salvatore D'Onofrio, escritor e professor italiano naturalizado brasileiro e docente em Teoria da Literatura descreve Eros da seguinte forma:
"O Eros verdadeiro é o deus do amor no seu sentido integral, que engloba corpo e alma. A atração puramente física é animalesca e não humana. É apenas o bicho que tem o período do cio. O homem e a mulher se amam (ou deveriam se amar!) sempre e em todos os lugares por uma comunhão de sentimentos que transcende o aspecto corporal. O erotismo, que verdadeiramente funciona e que faz perdurar a atração recíproca por longo tempo, está no olhar apaixonado, na admiração que o amante sente pelas qualidades físicas e espirituais que consegue enxergar na pessoa amada. A função erótica, que  estimula o desejo de uma forma mais duradoura, está evidenciada na poesia lírica, na pintura, na dança, nos filmes sentimentais, na arte em geral, pois supera o nível do real e penetra no mundo da fantasia, do sonho, do vago sentimento do inacessível".

Psiquê, cujo significado do nome é "sopro da vida" ou "essência que anima" (alma), personifica a alma humana. A palavra de origem grega também significa borboleta e por essa razão Psiquê é representada por uma jovem com asas de borboleta. Seu mito surgiu ligado à Eros, numa das narrativas no livro O Asno de Ouro ( inicialmente entitulado Metamorfoses ), cujo autor  Apuleio ( Lucius Apuleius ), que viveu no tempo do Imperio Romano, era filósofo seguidor de Platão e estudioso letrado, sendo também um iniciado em alguns mistérios ocultos, como o da deusa Isis ( transmutação da morte em vida ) e de Asclepius ( mistérios de Cura ). Sendo Apuleio um místico, as narrativas não são meros contos, carregando muitas simbologias.

Conta a narrativa, que Eros ( Amor ), certo dia, acidentalmente, espetou-se numa de suas flechas e se apaixonou por Psiquê ( Alma), uma bela mortal, tão bela que provocou ciumes em Afrodite, pois os homens deixavam de venerar a deusa para admirar essa linda mortal. O problema é que a seta seria para que Psiquê se apaixonasse por um monstro, a pedido da furiosa Afrodite, mas o resultado saiu bem diferente do esperado e Eros decidiu, por bem, esconder o romance de sua mãe, tomando secretamente Psiquê como sua mulher.
Para isso, nunca se revelava a Psiquê, e permanecia com a esposa apenas no escuro da noite, para que ela não o visse. Outra razão para não se revelar, é que Eros queria ser amado como homem e não como um deus. A bela jovem sentia na carne e na alma o grande amor e carinho de Eros, mas mesmo ficando grávida seguia sem conhecer as feições do marido. Certa noite, porem, cheia de curiosidade e instigada pelos maus conselhos de duas irmãs invejosas, resolveu ascender uma lamparina de azeite para poder ver o rosto do amado, enquanto este dormia, e ficou impressionada com a sua beleza. Tão impressionada, que distraidamente derramou um pouco de azeite quente sobre o ombro  do marido e assim o acordou. Eros ficou desesperado e fugiu, dizendo que fora traido e que o amor não poderia sobreviver sem a confiança. Retorna , então, junto à Afrodite para que ela lhe cure a ferida.
Psiquê fica sozinha e desesperada com seu erro, e assim decide reconquistar o amado. Implora à Afrodite ( a sogra ) que a ajude na reconquista de Eros, mas a deusa recebe Psiquê com muita hostilidade. Por fim, vislumbrando uma vingança, finge que lhe concede o pedido, impondo-lhe 4 trabalhos dificílimos de executar, esperando assim, que Psiquê fracasse.


A primeira tarefa seria separar por espécie uma pilha onde estão misturadas milhões de sementes de  trigo, cevada, milho, papoula, grão de bico, lentilha e favas em uma noite. Psiquê fica sobrecarregada com a tarefa, e entre desespero e exaustão, cai no sono. Momentos antes do sono a  jovem evoca  a ajuda das formigas e de repente surgem milhões delas, e com o trabalho delas, os grãos são separados dentro do prazo. Psiquê desperta com alivio.
Afrodite, surpresa com o cumprimento da tarefa, e muito irritada, ordena o cumprimento do próximo trabalho, ainda mais dificil.

A segunda tarefa de Psiquê consistia em trazer uma tosa de lã dourada, colhida de carneiros dourados, mas chegando perto do lugar onde eles estão,  na margem de um rio, percebe que se trata de carneiros selvagens, debatendo-se enfurecidos com o calor do sol. Sente-se incapaz de cumprir a tarefa e começa a se desesperar, quando ouve vozes sussurradas vindas dos juncos a beira do rio, que lhe contam que à noite, quando os carneiros dormem exaustos e aliviados pela brisa refrescante, ela poderia colher fios da lã dourada, enroscados nos ramos das árvores em que se esfregavam quando se debatiam. E assim Psiquê o fez.

Realizada a segunda tarefa com êxito, Afrodite entre incrédula e irritada, passa a terceira tarefa à bela mortal, que seria encher uma taça de cristal com água da nascente do rio Estige ( o rio da imortalidade ), mas a nascente ficava no alto de um penhasco, impossível de escalar, e as águas caiam num vale cercado de dragões. As próprias águas aconselharam prudência à Psiquê, que se afastasse dali. A jovem ficou paralisada, sem saber o que fazer. Mas Zeus, compadecido do amor entre Eros e Psiquê, envia uma águia para ajudar na tarefa, e esta leva a taça até o alto do penhasco, enchendo-a com a água e trazendo-a de volta à bela mortal.

Quando Psiquê entrega a taça com a preciosa água à Afrodite, recebe com assombro a quarta e última tarefa.
Na quarta tarefa, Psiquê é enviada por Afrodite ao reino dos mortos para conseguir uma poção de beleza com Perséfone. Desesperada com a tarefa imposta, Psiquê sobe numa torre muito alta para de lá se jogar, pois pensa que apenas morrendo é que conseguiria entrar no reino de Hades, marido de Perséfone e Senhor dos Mortos. Porém, a torre fala com Psiquê e lhe revela como entrar no reino dos mortos sem precisar morrer ( "vá ao Monte Tenaro e encontre a gruta que te leva ao reino subterraneo", ensina ) e a instrui como agir durante a sua jornada pelo reino, finalizando com uma forte recomendação de que não aceitasse nada que lhe fosse oferecido para comer e que jamais abrisse a caixa com o conteudo dado por Perséfone.

E Psiquê, seguindo à risca a orientação da torre em sua jornada, paga o barqueiro Caronte na ida e na volta com uma moeda; encontra um homem coxo que lhe pede ajuda para apanhar a lenha que caíra de seu jumento e nega ajuda; encontra um homem que está se afogando e também recusa ajudá-lo; encontra as três Tecelãs do Destino e, apesar do desejo de interagir com elas, segue seu caminho; fica diante de Cérbero, o cão de três cabeças e guardião dos infernos, e atira um pedaço de pão na ida e outro na volta e em ambas situações as cabeças brigam entre si, pois é apenas um pedaço de pão e três cabeças e enquanto as cabeças de Cérbero brigam, Psiquê se aproveita e passa por eles; encontra Perséfone e lhe faz o pedido da poção de beleza. Perséfone concede a poção embelezadora, que é entregue dentro de uma caixa à Psiquê e lhe oferece um banquete, que gentilmente é recusado.

Na jornada de retorno, no entanto, a bela não resiste à tentação de experimentar em sí mesma a poção de beleza, e ao abrir a caixa cai num sono semelhante à morte ( um coma ) .
Eros, que havia perdoado Psiquê e há muito sentia sua falta, sabendo do  que aconteceu com a amada, pede à Zeus permissão para despertá-la, fechando a caixa novamente.
Depois de refeita, Psiquê vai até Afrodite e lhe entrega a caixa com o conteudo cedido por Perséfone. Enquanto isso, Eros voa até  Zeus e lhe pede que o ajude a fazer com que Afrodite aceite sua união com Psiquê, e o deus dos deuses atende seu pedido, convencendo a deusa do amor e da beleza a  abençoar aquela união..

Zeus, então, pede ao deus Hermes ( Mercúrio para os romanos ) que traga Psiquê ao Olimpo, onde seria celebrado o casamento da jovem com Eros, e durante o ritual  lhe é oferecido a ambrosia, bebida que a torna imortal, não restando a Afrodite senão concordar com a união e abençoa-la.
Depois de certo tempo, nascia a filha de Eros e Psiquê e lhe deram o nome de Prazer.


O mito de Eros e Psiquê faz uma metáfora da evolução e da transformação individual; simboliza o emergir da consciência ( amadurecimento ) na vida amorosa, a capacidade do indivíduo se relacionar com outra pessoa de forma verdadeira. Amadurecimento não acontece da noite para o dia, este é fruto de um trabalho interior feito em etapas.
Não é por acaso que Psiquê é representada com asas de borboleta, pois antes de ganhar asas coloridas e poder voar, a larva teve que passar um ciclo no casulo até se transformar em borboleta.
Neste mito, Afrodite revela sua face mais severa, impondo à Psiquê tarefas sofridas, perigosas; a deusa do amor envia a mortal para terras e experiências sombrias. Mas é justamente ante adversidades e crises que aprendemos nossas lições de vida. Psiquê  retorna dos desafios cada vez mais sábia, mais preparada. Afrodite dá a matéria prima para a transformação e Psiquê segue usando suas ferramentas internas para lidar com os desafios e se transformar.
No final Afrodite se rende e dá a benção para a união. Amor e Alma estão prontos para se unirem na dimensão divina.


sábado, 3 de dezembro de 2011

Vertumno e Pomona, Torta de Maçãs


"Jardins e frutos eram toda a sua preocupação, nenhuma outra
Tinha sido tão diligente e habilidosa para cuidar deles. Florestas e rios
Nada significavam para ela, somente os campos, os ramos
Que sustentavam os frutos. Ela não usava uma lâmina qualquer
Mas uma ferramenta especial para podar os galhos
Quando eles cresciam demais, ou fazer delicadas incisões
Para que os galhos enxertados se desenvolvessem e crescessem.
Não deixava que as plantas ficassem sedentas: a água corrente
Estava sempre umedecendo as raízes.
Tudo isso era o amor e a paixão de Pomona."

( trecho extraido do poema Vertumno e Pomona, em Metamorfoses, de Ovidio - Ed. Madras )

Assim  Publius Ovidius Naso - conhecido como Ovidio, poeta romano que nasceu no ano 43 a.C e faleceu no ano 17 d.C,  inicia o poema "Vertumno e Pomona", que narra o mito da inatingível ninfa Pomona, guardiã das árvores frutíferas e do deus romano que presidia as estações do ano e a maturidade das frutas e dos legumes, Vertumno. Embora fosse muito bela e tivesse vários pretendentes entre pãs, faunos, sátiros, deuses e semideuses, não permitia a aproximação de nenhum deles e vivia isolada cuidando de seus jardins e pomares. Vertumno era o mais apaixonado e vivia arrumando disfarces ou mudando sua forma ( sim, ele tinha esses poderes ) para aproximar-se de Pomona e contemplar sua beleza de perto. Até que certa vez disfarçando-se de mulher velha  entrou num dos pomares de Pomona, com a desculpa de apreciar de perto os lindos frutos, e beijando-a ao cumprimentá-la, beijou-a de um jeito muito diferente do que uma velha beijaria uma jovem. E  sentando-se, observou uma parreira carregada de belas uvas que se enroscava num olmeiro, então disse:
                                        "Ah, se aquela árvore ficasse ali sozinha, sem companhia,
                                         Sem sua parreira, suas folhas seriam a única
                                         Razão para olhá-la, e a parreira,
                                         Descasada do olmo onde se pendura
                                         Ficaria arrastando-se no chão empoeirado!
                                         Você imita o exemplo da parreira.
                                         Não quer se casar, juntar-se a outra pessoa." *


Vertumno, disfarçado de velha, prosseguiu com seu argumento, aconselhando Pomona a ignorar os demais pretendentes e escolher ele mesmo para marido.

                 "E outra coisa a respeito dele:
                  É diferente do resto, não se apaixona
                  Por qualquer mulher que vê. Não é volúvel.
                  Você será seu primeiro, último e único amor
                  Durante toda a sua vida. E ele é jovem, atraente,
                  Consegue mudar de aparência à vontade, será sempre
                  O que você desejar que ele seja, não importa as ordens
                  Que escolha lhe dar. E ele ama as coisas
                  Que você ama: é sempre o primeiro a tratar com carinho
                  Das maçãs que você adora, e enche suas mãos de presentes. Mas o que realmente cobiça
                  Não são as frutas de suas árvores, nem as mais doces ervas
                  Que seu jardim produz, e sim você apenas. Tenha piedade!" *

* Trechos extraidos do poema Vertumno e Pomona, em Metamorfoses, de Ovidio - Ed. Madras

E contou o caso do jovem Ífis, que apaixonado pela princesa Anaxarete, em vão tentava conquistar a amada, recebendo em troca apenas desprezo e humilhação. Não tendo o moço suportado tanta dor, enforcou-se. No momento em que Anaxarete, por acaso, viu o cortejo do enterro passar e constatou que se tratava de Ífis, sentiu seu sangue gelar e não conseguiu mais se mover, pois seu coração de pedra tinha tomado todo o seu corpo, transformando-a em estátua de mámore.



Mas nada do que fora dito surtiu efeito sobre Pomona, e Vertumno, então, resolveu tirar o disfarce, revelando-se. Foi quando a ninfa, encantanda com a beleza daquele deus, apaixonou-se e passou a corresponder aos sentimentos de Vertumno com o mesmo ardor.



Pomona era considerada também uma deusa romana ( Mitologia Romana ) e não tinha correspondente na Mitologia Grega. Diferente de outras divindades da agricultura, ela não era associada à colheita, mas sim com o florescimento dos frutos. Seu nome vem justamente do latim "pomum", que significa "fruto". Talvez por causa da passagem do poema de Ovidio que diz: "E ele ama as coisas que você ama: é sempre o primeiro a tratar com carinho das maçãs que você adora..." as maçãs sejam associadas à Pomona. Não por acaso, na lingua francesa maçã é "pomme", cuja raiz "pom"  da palavra remonta à deusa romana.

Vertumno, era inicialmente uma divindade da civilização etrusca, que ficava no norte da Península Itálica (Italia), civilização essa de origem desconhecida, e que acabou por se integrar de tal forma ao Imperio Romano , que teve sua cultura diluida no mesmo. Vertumno, assim como muitas divindades etruscas, foi adaptado à Mitologia Romana.
Pomona é guardiã dos frutos que nascem e Vertumno rege a maturidade desses frutos, formando juntos o ciclo do desabrochar, crescer e envelhecer eternos, ao rítmo das estações do ano.

E já que a maçã é tão associada à Pomona, e é um dos símbolos do amor e da vida eterna na nossa cultura ocidental , fecho essa postagem com uma receita de torta de maçãs típica americana, daquelas que vemos em filmes e desenhos animados. Pensando também no Natal que se aproxima, pode ser uma boa opção para servir na Ceia.
Torta de Maçãs 

Massa
-200gr de manteiga sem sal gelada, cortada em pedacinhos
-1 colher (chá) de açúcar
-1/2 colher (chá) de sal
-2 1/2 xícaras (chá) de farinha de trigo
-1/2 xícara (chá) de água gelada

-1 ovo batido para pincelar sobre a massa
-açúcar para polvilhar

Recheio
-8 maçãs medias/grandes, descascadas e cortadas em gomos finos ( use 2 qualidades diferentes de maçãs , eu usei a Granny Smith e a Gala )
-3/4 xícara (chá) de açúcar
-suco e raspas de 2 limões pequenos
-1 1/2 colher (chá) de canela em pó
-1/2 colher (chá) de noz moscada
-1/2 colher (chá) cravo moído
-2 colheres (sopa) de farinha de trigo

Prepare a massa, misturando os ingredientes secos com a manteiga picada num multiprocessador, pulsando por uns 10 segundos, formando uma farofa grossa. Adicione a água gelada bem aos poucos, entre uma pulsada e outra. Não ultrapasse 30 segundos  de pulsos no total. A massa não pode ficar grudenta. Para quem é craque em tortas, nem precisa misturar no multiprocessador, pode amassar com as mãos. 
Vire a massa sobre uma superficie, trabalhe rapidamente para deixá-la um pouco homogênea ou menos esfarelenta, mas não mexa muito. Divida a massa em duas partes e enrole cada uma em  filme plástico. Leve à geladeira por pelo menos 30 minutos.


 
Descasque e corte as maçãs e coloque numa tigela. Adicione açúcar, canela em pó, noz moscada e cravo moído. Misture bem. Junte, então, o suco e as raspas de limão, misture, e por último, adicione as duas colheres de farinha de trigo, misturando bem, envolvendo todos os pedaços das maçãs. Reserve.


Pré aqueça o forno a 190 graus ( 375 F) ou médio alto. Abra cada parte da massa entre dois pedaços de filme plástico ou saco plástico aberto, estique o suficiente para forrar uma forma de torta ou refratário de 23cm ou 9 inches. Com o auxilio do filme plástico,vire uma parte da massa na forma, forre, arrumando com os dedos. Coloque as maçãs reservadas em colhereadas (vai formar um monte alto de fatias) e cubra com a outra parte da massa aberta, usando a mesma tecnica. Ajeite as bordas, apertando uma contra a outra e fechando a torta. Pressione um garfo em toda a volta da torta. Faça cortes sobre o topo, pincele com o ovo batido e polvilhe com o açúcar.


Leve ao forno entre 45 minutos ou 1 hora, depende do forno, ou até que a massa esteja dourada e o recheio esteja borbulhando. Deixe amornar ou esfriar antes de servir. Pode ser servida pura ou acompanhada de chantilí ou sorvete de creme. Se esperar o dia seguinte para servir, a torta fica ainda mais saborosa. Nesse caso,  manter na geladeira e aquecer em forno medio, coberta com papel aluminio antes de servir.


segunda-feira, 27 de junho de 2011

Festas Juninas ou Festas Joaninas

Na Noite Antiga...

“Aqui
Na noite antiga de garoa e frio fino,
Subiam balões de luz
Em honra do primo de Jesus,
São João Menino.

E, em nosso coração,
Cada balão,
Subindo rápido e em linha reta,
Era o próprio João Menino
Se transformando em João Profeta.

Era o profeta
Que parecia o clarão da madrugada,
Antecedendo a chegada
Do grande sol nascente, da maior luz:
O Cristo Jesus.”

( Ruth Salles)

Q



Das tradições mais bonitas  e expressivas da cultura brasileira as Festas Juninas são, sem dúvida, as mais aguardadas e comemoradas pela população. Podem ser festejadas nas ruas ou em escolas e clubes, sempre reunindo a comunidade  para saborear as comidas típicas e tomar quentão, dançar quadrilhas, pular fogueria e soltar rojões e fogos de artifícios. Antigamente soltava-se balões coloridos que pareciam subir até o céu, mas que infelizmente, ao caír, muitas vezes provocavam incendios e, por essa razão, acabaram por ser proibidos.

As Festas Juninas têm sua origem nos festejos pagãos que celebravam, desde os primordios da humanidade, o Solstício de Verão, que ocorre no Hemisfério Norte por volta do dia 21 de junho.
Na antiguidade, o Solstício de Verão - o dia mais longo do ano- era comemorado como o dia da energia máxima do Sol, e portanto, o auge da fertilidade da Natureza, e nos festejos ofereciam-se comidas, bebidas e animais aos deuses e pedia-se aos céus uma boa colheita.  Fazia-se enormes fogueiras, que simbolizavam a Luz e as pessoas dançavam em volta, para comemorar a alegria que essa Luz trazia ao mundo e para espantar os maus espíritos.
Na Roma antiga, havia também nessa época os festejos em homenagem à deusa Juno, protetora dos casamentos e dos nascimentos, e por isso eram chamadas de festas Junônias. Juno é a deusa correspondente à deusa grega Hera.
Com a  cristianização da Europa, a festa pagã foi adaptada para homenagear São João Batista, cujo nascimento seria no dia 24 de junho (próximo ao dia do Solstício de Verão), razão pela qual as festas eram  chamadas de Joaninas. São João era o profeta que anunciava a chegada da Luz, o Cristo encarnado, e naturalmente foi associado com a fogueira, tradição mantida até nos dias de hoje, quando se faz a fogueira de São João durante as festas.
Em Portugal, os festejos eram estendidos aos santos de mês de junho, principlamente Santo Antonio no dia 13 e São Pedro no dia 29, além da festa de São João do dia 24. E foi justamente essa tradição de homenagear aos santos do mês de junho, trazida na época da colonização pelos jesuitas portugueses e a junção de costumes e cultura da terra, é que deu origem as Festas Juninas brasileiras.

Embora no Brasil essa época marque o início do inverno ( em torno do dia 21 de junho, ocorre o Solstício de Inverno no Hemisfério Sul ) ela coincide com o tempo da colheita e da preparação da terra para novos plantios. Houve então, a junção de tradições da colheita e da vida na roça aos festejos dos santos juninos. Mas também existem elementos emprestados de outras culturas, como a quadrilha, de origem francesa, e os fogos de artifício, dos chineses.


Sendo o Brasil um país muito grande, rico em tradições resultantes da mistura de raças e resultante da mescla de culturas de imigrantes, que  variam conforme a região do país, as Festas Juninas acabaram por ganhar características particulares a cada região. Mas em todas encontramos a quadrilha precedida por um casamento caipira, participantes das festas vestidos de matuto, os homens com camisa quadriculada, calça remendada com panos coloridos, e chapéu de palha, e as mulheres com vestido colorido de chita e chapéu de palha. E, claro, o local da festa sempre decorado com bandeirinhas coloridas, lanternas e balões.


A quadrilha é uma "metamorfose" de uma dança francesa  de salão chamada "quadrille", que chegou no Brasil no século XIX, inicialmente popular na elite, mas que caiu no gosto popular, principalmente na comunidade rural e sofreu várias modificações, tornando-se uma dança típica dos festejos juninos.

Muitos termos usados pelo marcador de quadrilha, que anuncia os passos, são palavras vindas do francês, tais como:
Anavantú (en avant tous)- todos os casais vão para a frente
Anarriê (en arrière) - casais vão para trás
Changê (changer/changez) - trocar/troquem o par
Cumprimento 'vis-à-vis' - cumprimento frente a frente
Otrefoá (autre fois) - repete o passo anterior
Balancê (balancer)-balançar o corpo no rítmo da música, marcando o passo, sem sair do lugar
Returnê ( returner)- voltar a seus lugares
  
Quem já não dançou quadrilha alguma vez na vida? Se a resposta for não, aconselho que vá, que ainda dá tempo, pois não sabe o que está perdendo.... Decidi adicionar esse video abaixo para dar água na boca.




Hoje ao invés de receitas de quitutes, que existem aos milhares e maravilhosas, contribuo com um passo a passo para a confecção de lanternas coloridas, que são lindas alternativas para os proibitivos balões. Então voilá:

Lanternas para Festa Junina
Material

-Copos de geleia ou de molho de tomate, ou ainda vidros de palmito ou outra conserva
-Papeis Color Set
-Folhas de Papel de Seda
-Tesoura
-Fita adesiva transparente ( tipo durex)
-Regua
-Lápis
-Velas pequenas de 3 a 4 cm de diâmetro e com no máximo 5 cm de altura

Modo de fazer











Corte tiras de papel de seda no comprimento suficiente para cobrir a lateral do vidro usado. Comece prendendo o papel com um pedaço de durex, passe-o em toda a volta do vidro e arremate  com outro pedaço de durex.


Corte retângulos de Color Set no tamanho 30cm x 22 cm ou 30cm x 15cm, dependendo da altura do vidro.
Dobre o papel ao meio e com um lápis e uma regua, marque intervalos de 2 cm por todo o comprimento do retãngulo. Corte tiras seguindo a marcação dos intervalos, começando pelo lado dobrado, mas não corte até o fim, deixando um espaço de 2 cm na borda. Desdobre o papel, una as extremidades, formando um cilindro vazado e prenda com durex.



Vista os cilindros vazados  nos vidros já encapados com papel de seda. Ascenda as velas e coloque cuidadosamente dentro do vidros.


E pronto para enfeitar a noite da festa. Pode tanto servir como centro de mesa quanto decoração ao ar livre.

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