Quando olhamos para uma tela de Monet, vemos nas pinceladas os reflexos e efeitos que a luz do sol produz nas cores da natureza. Um mesmo motivo era retratado diversas vezes no mesmo local, porém com as variações causadas pelas mudanças na lumiosidade do dia e nas variações decorrentes das estações do ano. Essa é a característica do Impressionismo na pintura. Com as cores complementares fazendo o jogo de luz e sombra, Monet transportava para suas telas o Belo, nas suas diversas manifestações.
Monet gostava muito de reunir sua familia e seus amigos para alegres piqueniques no vasto jardim, em meio ao colorido das flores, exatamente como suas pinturas retratavam. Ou organizava grandes almoços, com cardápio e louças compondo uma gama de cores, semelhante à de suas telas. Eram elementos sempre inpirados no belo, na poesia e na música.Todos os dias eram especiais para esse homem, e ele celebrava a vida em cada detalhe, junto a todos que o cercavam.
Sua casa e o maravilhoso jardim são abertos para visitação durante vários meses do ano, lá em Giverny, na França, e estando lá, pode-se testemunhar como esse mestre do Impressionismo valorizava a arte do bem viver e seu culto ao Belo.
Pois é, na contramão está muita gente que não se importa com esses detalhes, e o dia a dia é permeado por toalhas de mesa rasgadas, pratos lascados, frutas escondidas na gaveta da geladeira, porque afinal, acreditam não serem merecedoras da beleza presente em detalhes. Reservam a toalha nova, a louça bonita e, até mesmo aquela receita especial, para alguma visita ilustre, seja lá quem quer que seja o merecedor de tanto cuidado. Esquecem que o belo deveria estar presente todos os dias, em tudo que nossos sentidos podem perceber.
O belo não precisa de louça cara, nem de talheres de prata, tampouco de cristais ou decoração de revistas, pois ele está por toda a parte..
Nas ocasiões especiais,quando as celebrações evocam preparativos mais complexos, sim, é realmente o tempo certo para tudo o que não é usual, mas de novo, trazendo para nossas vidas o belo e não, necessariamente, o que é oneroso e o que fica distante da nossa realidade.
Nessa época de Ação de Graças ( Thanksgiving ), o meu modo de agradecimento é preparar uma mesa bonita, que acolha as pessoas que fazem parte de minha vida, para uma comunhão de todos os sentidos. Essa mesa é sempre feita com as cores do Outono, com elementos da Natureza como folhas e flores do jardim, com o cheiro e o sabor dos alimentos da época. Não deixo de fora o sentido da audição, que é bem presente nas orações simples, criadas na hora pelo coração, e claro, na música que ecoa pelo ambiente.
Nos dias quentes, com muito sol, quem ganha ares de festa é o quintal de casa, com mesa posta para um café ou para um churrasco, não fazendo a menor diferença se é para receber os amigos ou se é para o pessoal de casa.
Não é preciso esperar um dia especial para caprichar na arrumação da mesa ou no cardápio, pois todos os dias são especiais. Celebrar a vida não tem hora certa, e nem motivo, basta aproveitar os bons momentos que nos chegam. E para mim, essa foi a arte maior de Monet.