sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Afrodite e o Bolo


                                          (A receita desse bolo encontra-se na postagem O Cardamomo)

Dia desses, passando por uma livraria, caiu-me nas mãos um livro de Isabel Allende, Aphrodite- A Memoir of the Senses ( Aphrodite- A Memória dos Sentidos). Não preciso contar que imediatamente comecei a folhear suas páginas, tomando um energizante café. E ao me dar conta de que é um verdadeiro tratado sobre alimentos afrodisíacos, incluindo receitas e dicas, a minha atenção foi capturada por horas. Mas, na minha opinião, o grande trunfo da autora foi carregar todo o conteúdo com humor, sem realmente se levar a sério quando discorre sobre o tema.

Saí da livraria com o livro comprado e aguardando chegar em casa para dar mais umas boas risadas... e aprender mais sobre o assunto, claro!

Há quem garanta que os poderes afrodisíacos de determinados alimentos realmente existem. Seja pela forma, seja pelo sabor ou até mesmo pelas propriedades nutritivas da iguaria eleita como tal.

É indiscutivel que a humanidade sempre relacionou os prazeres da mesa com os prazeres da cama. E mais, quando nascemos, nossa primeira fonte de prazer e satisfação - o mundo chegando até nós- é o alimento, sempre associado ao cheiro e calor da mãe, mesmo vindo da mamadeira. Sim, nossa primeira referencia de amor é alguem que nos nutre e nos dá calor via toque.

E pela vida afora, a boa comida sempre está presente em ocasiões especiais, celebrações, sendo associada a momentos felizes e/ou emocionais.

Alguns pratos na culinária são símbolos de celebrações e rituais, como por exemplo o Bolo. As origens do bolo se mesclam com as origens do pão, e no decorrer dos séculos, foram acrescidos de ingredientes mais sofisticados. Na Antiguidade eram confeccionadas misturas de ovos , farinha e mel e levadas aos templos como oferendas, pois a esses ingredientes eram atribuidos significados mágicos. Já o romanos introduziram a técnica da fermentação a essas misturas.
Hoje , mesmo sendo muito comum termos um bolo divino na nossa mesa ( feito de ingredientes ascessiveis a qualquer mortal), não deixa de ser mágico o momento de degusta-lo. E para tentar finalizar, que atire a primeira pedra quem - no franco exercicio da culinária e da conquista -nunca preparou uma receita de bolo para agradar à pessoa amada. Eis aqui Afrodite-deusa do amor-mais uma vez marcando presença na cozinha, território este reservado a Hestia. Mas isso já é um outro assunto...

Gosto muito de um poema que Jussara Machado inclui no seu livro Cozinhando com os Deuses ( mais um desses livros que caem nas minhas mãos como frutas maduras num pomar....)



O Bolo

"Uma lua inchada,
Redonda e escancarada
Pairava no negro céu
E a tudo assistia o poeta
Àquelas estrelas em festa
E a celeste bolacha de mel
Amada, fazei-me um agrado:
Gostaria de um doce onde fosse estampado
Toda a beleza do céu
Fiz-te então este bolo
Abri a massa com rolo
Como se fosse um pastel
Cobri com manteiga e coco
E como se fosse pouco
Espalhei estrelas de anis
A lua fiz de marzipã,
Para que bem de manhã
Já proves do bolo que fiz."

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